O Super Bock Super Rock regressa este ano ao belo do Meco, numa edição que terá lugar nos dias 13, 14 e 15 de Julho. Após uma série de grandes confirmações, é tempo de se juntarem ao cartaz os veteranos Offspring e o repetente The Legendary Tigerman, que traz consigo nova rodela. Fechada está também a programação do Palco Somersby, que promove o comeback dos LX-90 – banda da década de 80 e 90 da qual fizeram parte Rui Pregal da Cunha, Paulo Pedro Gonçalves (ambos dos Heróis do Mar) ou Tó Pereira (aka DJ Vibe) – e reserva ainda lugar para boa gente como Roisín Murphy, DJ Premier ou 2manydjs. Ficam as devidas apresentações.
Os Offspring são uma das bandas mais carismáticas do rock das últimas décadas. Reconhece-se o seu som nos primeiros segundos, logo aos primeiros acordes: as linhas de baixo estrondosas, a bateria trovejante, os riffs de guitarras vertiginosos e, claro, a voz dotada de uma energia brutal – estes são os ingredientes para uma música cuja raiz é sempre o punk, mesmo quando tem um apelo pop. A banda hoje é também um exemplo de longevidade. O primeiro disco, homónimo, saiu em 1989, e desde aí não pararam de conquistar os fãs com um registo punk ao qual é difícil ficar indiferente. Quatro anos depois editaram o seu segundo disco, “Ignation”, mas foi com “Smash”, editado em 1994, que a banda explodiu em popularidade, rasgando de vez os limtes do underground. Singles como “Come Out and Play” ou “Self Esteem” chegaram aos tops e à MTV. Discos como “Ixnay on the Hombre” (1997), “Americana” (1998), “Conspiracy of One” (2000), “Splinter” (2003), “Rise and Fall, Rage and Grace” (2008) consolidatam o sucesso da banda na década seguinte, mostrando sempre a sua independência face à indústria e a sua vontade de privilegiar a liberdade artística. “Pretty Fly (For a White Guy)” e “Why Don’t You Get a Job?” são dois dos temas que conquistaram o mundo. Em 2021, os Offspring ressurgiram com “Bad Times Roll”, o seu primeiro disco desde 2012. A banda mantém a atitude punk e a relevância no cenário rock, sem fugir à intervenção e à sua consciência social. Singles como “Coming for You” ou o homónimo “Let the Bad Times Roll” provam a sua boa forma. Dia 13 de Julho.
Paulo Furtado é um artista e um multi-instrumentista, ligado a projetos como The Legendary Tigerman, Wraygunn ou Tédio Boys, e é também realizador, actor, argumentista, fotógrafo e compositor de bandas sonoras com vários trabalhos publicados, num já extenso e riquíssimo currículo multidisciplinar. Pauta-se por uma entrega feroz e dedicada às artes em todas as suas dimensões, tendo recebido já inúmeros prémios. Paulo Furtado nasceu em Moçambique, mudou-se para Portugal bastante jovem e, desde então, tem feito do mundo o seu palco. Sem fronteiras e a pulso, é apontado com uma das grandes referências do rock feito em Portugal, graças a discos como “Fuck Christmas, I Got the Blues”, “In Cold Blood”, “Masquerade”, “Femina” ou o mais recente “Misfit”.
Em 2023 há novo disco. Entre Paris e Lisboa, entre o requinte da música para cinema e o suor de um clube de Rock, nasceu um novo Tigerman. Algures entre a música de dança e o punk, entre os sintetizadores modulares e as guitarras, entre o cru e o carnal, entre o etéreo e as grandes orquestrações. Seguimos as pistas deixadas pelas palavras do próprio Paulo Furtado, que chega ao SBSR a 13 de Julho:
«Em 2019 passei quase seis meses em Paris, à procura de um novo som, à procura uma nova maneira de criar Rock’n’Roll, escrevendo canções com sintetizadores modulares e não guitarras, pela primeira vez.
Vi o Inverno a transformar-se em Primavera e a Primavera em Verão, tristemente vi a Notre Dame a arder, vagueei pelos corredores vazios do Le 104, sozinho à noite, enquanto observava as pessoas a dançar em frente às janelas do meu atelier, e realmente VIVI Paris.
Senti a cidade, perdi-me na cidade, vi o seu lado negro e a sua loucura, mas também a sua luz. Escrevi sobre tudo isso e esses pedaços de Paris foram a maior influência para a minha transformação, para criar uma nova voz.
Depois chegou o caos de 2020.
O que era micro passou a macro, letras em torno da intimidade tornaram-se em questões globais e, no meio do caos, encontrei Anthony Belguise, produtor francês extraordinaire.
O meu disco terminou em Lisboa e, antes de voar pelo Mundo, estará no Super Bock Super Rock, orgulhosamente ao vivo, partilhado pela primeira vez diante de uma grande plateia. Mas não estarei sozinho. Katari, Cabrita e Pisco, os cúmplices do costume na banda. Anna Prior, Sarah Rebecca, Best Youth, Delila Paz, Ray e Sean Riley (e quem sabe se haverá mais alguma surpresa…) serão os meus convidados nesta viagem linda que começa no Super Bock Super Rock, outra vez.»
Novas confrmações para o Palco Somersby do Festival
13 Julho
Desde 1995 que David e Stephen Dewaele têm desafiado os limites da música, encontrando um território novo e inovador, um espaço que é só seu por mérito artístico. Deste esforço criativo já nasceu uma banda – Soulwax -, trabalho enquanto DJs – 2manydjs -, uma editora – DEEWEE -, um sistema de som – Despacio – e até uma rádio digital – Radio Soulwax. São conhecidos em todo o mundo como um dos grupos mais inovadores dedicados à nobre arte do remix e da produção e, ao longo desses anos, já reinventaram a partir da música de nomes como Fontaines DC, Chet Faker, Róisin Murphy, LA Priest, Robyn, Arcade Fire, The Rolling Stones, Tame Impala, Metronomy, Daft Punk, The Gossip, Hot Chip, MGMT, Warpaint, entre muitos outros. São mais de vinte anos de carreira em que esta dupla belga sempre fez por manter a chama criativa bem acessa. Depois de uma série de singles, discos e atuações um pouco por toda a parte, em maio de 2020, enquanto Soulwax, editaram “EMS Synthi 100 – DEEWEE Sessions Vol.1”.
Os LX-90 foram uma mítica banda da década de 80 e 90. Depois do fim dos Heróis do Mar, Rui Pregal da Cunha e Paulo Pedro Gonçalves deram início a este projecto. Da formação original também faziam parte Tó Pereira (aka DJ Vibe), Nuno Roque e António Garcia. “Uma revolução por minuto”, o disco editado em 1991, deixou uma marca de originalidade da música portuguesa – “Dah Wah”, um dos singles mais marcantes do grupo, fazia parte deste registo de estreia. E, depois de uma digressão de 33 anos à volta do sol, os LX-90 aparecem com novo single: “Viver na Lua Não é Fácil”. Do infinito nasce a música que nunca foi…
Ao longo dos anos, Róisín Murphy sempre fez por surpreender, apresentando uma pop omnívora, chamando para si influências tão distantes como a música disco e o hot jazz, fazendo destes e de outros ritmos matéria para a sua própria expressão artística. Começou por dar nas vistas na dupla Moloko, com Mark Brydon. Depois do fim do projecto, a irlandesa lançou o seu primeiro registo a solo. “Ruby Blue”, editado em 2005, revelava toda a energia e originalidade de Róisín e logo se tornou num objecto de culto para milhares de melómanos. Em 2007 editou “Overpowered”, um disco mais próximo de uma pop mainstream, sem nunca perder a sua assinatura muito pessoal e o seu estilo idiossincrático, capaz de desconcertar os ouvintes mais conservadores. Ao longo da última década nunca parou de querer fazer diferente, editando uma série de EPs e singles vitais para o corpo total do seu trabalho. Em 2015 editou “Hairless Toys”, um disco nomeado para um Mercury Music Prize e mais uma prova do seu ecletismo. Em 2020 volta aos discos com a edição de “Róisín Machine”.
14 Julho
DJ Premier é um dos nomes decisivos na história do hip-hop, desbravando novos territórios ainda no final da década de 80. Na década seguinte transforma-se num dos produtores mais relevantes, imprimindo o seu estilo único a cada uma das suas produções. Agressivo, cru, pesado, nunca procurou escolher o caminho mais fácil para encontrar reconhecimento. Além de comandar os sete discos de Gang Starr, um duo do qual fez parte, incluindo a histórica sequência de “Step in the Arena” (1991), “Daily Operation” (1992) e “Hard to Earn” (1994), Premier também emprestou o seu génio da produção a muitos outros discos icónicos da década de 90: como “Nas’ Illmatic” de Nas, “Ready to Die” de Notorious B.I.G., “Reasonable Doubt” de Jay-Z , “Black on Both Sides” de Mos Def, entre vários outros. Nas décadas seguintes também mostrou o seu valor na produção de alguns sucessos pop (“Ain’t No Other Man” de Christina Aguilera é um exemplo), sem nunca deixar de ter um pé na cena rap mais underground. Profícuo ao longo de toda a carreira, Premier ainda produz ao mais alto nível e também edita a solo. “Hip Hop 50: Vol. 1” (2022) é o mais recente exemplo.
Nuno Lopes é um dos mais reconhecidos rostos portugueses, um actor celebrado e justamente premiado com uma assinalável carreira internacional. Mas há uma pele que Nuno Lopes veste com um agrado especial, uma pele que lhe assenta com uma luva e para a qual não é necessária preparação ou sequer algum método especial de concentração, uma pele que não implica leitura de guiões, transformações físicas ou emocionais. E essa pele, que desde 2006 Nuno Lopes tem amiúde vestido, é a de DJ. Integrou a dupla Lovely Bastards com mad.mac até 2013, e desde então tem-se apresentado de forma solitária em notáveis cabines nacionais, mas também em festivais. Seja onde for, a sua preocupação é sempre a agitação na pista de dança, a movimentação dos corpos e a energia que se desprende do sistema de som. E para isso conta sempre com a sua cuidada e eclética selecção de batidas electrónicas de diversas cadências, do house mais deep ao techno mais clássico e daí até onde quer que a inspiração o possa levar, já que, como aliás acontece nos ecrãs grandes e pequenos, o improviso é também fundamental nesta arte que dispensa guiões. Diz que não gosta de preparar sets com antecedência porque nunca sabe o que vai encontrar, e que a energia de uma sala ou de uma plateia é fundamental para o seu trabalho como DJ.
BIIA mergulhou de cabeça na música electrónica quando visitou a loja de DJ e produção do seu primo aos 14 anos, movida por uma curiosidade emocional que hoje se encontra espelhada no processo criativo com que conduz os seus DJ sets e produz as suas primeiras músicas. É a forma que descobriu de passar sentimentos, de construir relações, de guiar uma pista por entre momentos efusivos e nostálgicos, envolvendo-nos numa espiral de afectos de onde não nos queremos libertar. Os seus sets são influenciados por um som que se situa algures entre o som de Londres, Berlim e Detroit. São histórias contadas a partir do techno e das suas vertentes, ora marcadamente energéticas, ora ríspidas e mentais com composições abstratas, como se de uma montanha-russa se tratasse: subidas e quedas vertiginosas, inversões e loops inesperados.
15 Julho
BLOND:ISH é DJ, produtora, activista ambiental, empreendedora e mais uma série de outras facetas onde mostra o seu talento e criatividade. O seu ecletismo e múltiplos talentos fazem de BLOND:ISH uma artista rara, alguém capaz de encarnar várias peles sem nunca perder a sua autenticidade. Como DJ, quer esteja a explorar afro house, disco dos anos 80, música psicadélica ou techno, as suas apresentações são sempre marcadas por uma alegria contagiante e ritmos irresistíveis. Enquanto investidora mostra que o seu espírito arrojado vai além da música e tem investimentos na web3, ficando assim na vanguarda das potencialidade do mundo online. O seu trabalho de filantropia debruça-se sobre questões ambientais, como a consciencialização para o desperdício de plásticos, também em festivais e noutros locais dedicados à música. A sua forma de estar na música tem tudo a ver com energia e partilha de valores.
É difícil falar de música electrónica em Portugal sem referir o nome de Moullinex, o alter-ego do viseense Luis Clara Gomes. Assume-se cada vez mais como umas das mentes mais irrequietas e criativas do panorama musical português, convidando vários géneros musicais para a sua música: soul, funk, garage rock e até MPB, tudo serve para enriquecer a eletrónica de Moullinex, celebrada nos palcos nacionais e internacionais. No Super Bock Super Rock, Moullinex não vai estar sozinho, actuando com GPU Panic. O que começou com “Luz”, uma música que abriu a porta e o caminho para Moullinex e GPU Panic continuarem a crescer, tanto individualmente como em conjunto, transformou-se desde então numa parceria que este ano atingirá novos novos picos criativos. O que une os dois nomes é uma referência à estrutura com que se apresentam, frente a frente, ao vivo. GPU Panic já é uma presença central em grande parte da recente produção de Moullinex, nomeadamente como vocalista principal no mais recente e aclamado álbum de estúdio: “Requiem for Empathy”. As contribuições de GPU Panic manifestam-se sempre em canções que nos fazem dançar, sonhar acordado, remetendo-nos em simultâneo para o nosso interior. “Break me in Pieces”, o primeiro lançamento em 2023 de Moullinex e GPU Panic, dá o mote para uma tour num novo formato.
Chico da Tina (ou Francisco da Concertina, Viana do Castelo, 1996) é um afamado artista e trovador português, que começou a ganhar nome e notoriedade nas ruas, quando surgia em festas e convívios sempre acompanhado pela sua concertina. Em 2019, lançou o single “Põe-te Fino” no Youtube, um trap (com concertina e castanholas) incluído no EP “Trapalhadas”, que rapidamente se tornou viral ultrapassando os dois milhões de visualizações. Ainda no mesmo ano, Chico da Tina lança o álbum “Minho Trapstar”, um registo com músicas repletas de letras críticas e caricaturais que, aliadas à sua imagem, resultam numa combinação inédita entre o trap, a concertina e as gírias regionais, equilibrando tradição e modernidade como poucos. “Minho Trapstar”, “Romarias” ou “Freicken” são alguns dos temas incluídos neste trabalho. O mais representativo e original trapstar português editou em 2021 o álbum “E Agora Como É que é” pela Sony Music, um projecto que ultrapassou já a marca de 23 milhões de reproduções no Spotify, valendo-lhe assim a distinção de disco de ouro.
Promotora: Música no Coração
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