Depois de, à boleia do perigo de incêndios florestais, ter sido obrigada a mudar a geografia de um festival inteiro em mais ou menos um par de dias, a Música do Coração mantém firme a aposta do regresso do Super Bock Super Rock ao Meco para 2023, prometendo diversas melhorias. De acordo com a organização, o espaço dos concertos, a zona reservada ao campismo e o estacionamento foram aperfeiçoados.
O regresso dos The 1975 com o novo álbum editado este ano, o charme parisiense da electrónica de L’Impératrice e a estreia em Portugal dos Black Country, New Road (na foto), uma das bandas mais inventivas do actual cenário da música alternativa, são as primeiras confirmações do cartaz da 27ª edição, que se irá realizar nos dias 13, 14 e 15 de Julho do próximo ano.
Há poucos sítios no mundo tão bons para fazer nascer uma banda do que os subúrbios de Manchester. Foi precisamente aí, numa cidade com a melhor tradição rock, que Matthew Healy, Adam Hann, Ross MacDonald e George Daniel se juntaram para tocar punk e arriscar as primeiras canções originais. A banda não demorou até começar a dar nas vistas, graças a singles como “The City” e às suas atuações enérgicas, capazes de cativar multidões, mesmo nos primeiros tempos. O primeiro disco, o homónimo editado em 2013, confirmou as melhores expectativas em torno da banda, com destaque para canções como “Chocolate”, “Sex”, “Settle Down” e “Girls”. Os 1975 regressaram aos discos em 2016 com a edição de “I Like It When You Sleep, for You Are So Beautiful Yet So Unaware of It”, um registo que trouxe um apelo pop mais apurado e uma boa nostalgia da década de 80. O terceiro disco da banda, “A Brief Inquiry Into Online Relationships”, chegou em 2018 e mostrava uma banda eclética, capaz de convocar vários elementos pop para a sua própria música. Em 2020 editou “Notes on a Conditional Form”, que incluía singles como “People,” “If You’re Too Shy (Let Me Know)” ou “The Birthday Party” (com Phoebe Bridgers). Em 2022 deram ao mundo mais uma colecção de canções: “Being Funny in a Foreign Language” tem tudo aquilo que faz dos 1975 uma das bandas mais interessantes dos últimos anos: canções de amor, sempre lúcidas mas despretensiosas, entre o risco e o conhecido. (14 Julho | Palco Super Bock)
L’Impératrice é sinónimo de uma electrónica que vai muito além de fórmulas prontas e prevísiveis. Charles de Boisseguin formou o grupo que passou a ter seis elementos: além de Boisseguin, também Hagni Gwon, David Gaugué, Achille Trocellier, Tom Daveau e Flore Benguigui emprestam o seu talento a este projecto. Tudo começou em Paris, no ano de 2012. No mesmo ano ediataram o primeiro EP, homónimo, ao qual se seguiu “Sonate Pacifique”, editado em 2014, e “Odyssée”, em 2015. Nestes primeiros registos ficava evidente o gosto por fazer dançar, sem cair em clichés, envolvendo os ouvintes numa atmosfera animada por um baixo virtuoso e sintetizadores sintonizados, com a memória e melodias luminosas e contagiantes. O primeiro registo de longa duração, “Matahari”, foi editado em 2018 e confirmava todos os predicados que fizeram com que o grupo corresse alguns dos principais festivais um pouco por todo o mundo, dominando as pistas de dança. E é isso que se prevê que continue a acontecer com o último disco, editado em 2021: “Tako Tsubo”. Nesta nova colecção de canções da banda, o coração é a matéria-prima para os sons, mais especificamente um coração partido que parece mais vivo do que nunca. Da euforia à tristeza, a intensidade nunca se perde. (15 Julho | Palco 2)
Os Black Country, New Road são uma das bandas mais interessantes do actual cenário da música alternativa. Formada por Lewis Evans, May Kershaw, Charlie Wayne, Luke Mark, Isaac Wood, Tyler Hyde e Georgia Ellery, a banda sempre encheu os palcos por onde passou, também literalmente… E, neste caso, o número de elementos também quer dizer uma diversidade de influências que concorrem para o som dos Black Country, New Road: aqui há ecos de jazz, rock, klezmer, spoken-word, pós-punk e uma série de outros estilos, sem que, em nenhum momento, a proposta da banda deixe de soar natural. Quando começaram a atuar no Windmill, em Brixton, Londres, logo chamaram a atenção pela força avassaladora das suas actuações. E só precisaram de dois singles para que o nome Black Country, New Road chegasse definitivamente aos ouvidos dos melómanos um pouco por todo o mundo. “Sunglasses” e “Athen’s, France” geraram uma onda de entusiasmo em todos aqueles que acreditam no futuro do rock. E “For The First Time”, o disco de estreia, confirmou as melhores expectativas em torno da banda. Entretanto, em 2022, chegou mais um disco, o segundo da banda. “Ants From Up There” faz das angústias de um jovem adulto a matéria-prima de canções memoráveis. Além de ser um dos melhores discos do ano de 2022, “Ants From Up There” parece ser um clássico instantâneo, com potencial para ser celebrado daqui a dez anos por milhares de novos ouvintes. Apesar da saída de Isaac Wood, temas como “Chaos Space Marine”, “Bread Song” ou “Concorde” merecem ser celebrados. (13 Julho | Palco 2)
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