Os Cassete Pirata são Pir, Margarida Campelo, Joana Espadinha, António Quintino e João Pinheiro. Partilham um passado de virtuosismo jazz, mas foi nas planícies do rock alternativo que se encontraram, para se tornarem provedores de pop que se canta a plenos pulmões. Tinham a vontade de descobrir novas canções em português — mais do que meios, havia vontades e ideias, as composições de Pir, e um tronco comum de referências e paisagens. Depois do primeiro LP em 2019, acabam de lançar A Semente, que segue uma fórmula mágica: cada verso é uma raiz, cada refrão é uma árvore cheia de luz.
13 Agosto
Palco Lopes Graça
Aquela banda ou artista que te fez comprar uma revista só porque trazia um poster que ficava a matar numa das paredes do teu quarto.
The Doors – mais especificamente o Jim Morrison, claro.
A banda ou artista que te fez comprar e usar uma T-shirt.
Nirvana.
Chegaste a forrar um caderno da escola com autocolantes ou recortes de alguém?
Sim, mas no básico era mais com recortes de surf e skate. Era moda. Depois no secundário na fase em que já estudava jazz tinha cadernos com recordes dos grandes históricos do jazz – John Coltrane, o Thelonious, entre outros.
O primeiro disco em que usaste o dinheiro que tanto trabalho deu a enfiar no porquinho de barro.
Não me lembro do primeiro, porque os primeiros eram com dinheiro dos pais. Mas lembro-me de um especial (e caro) que foi comprado com dinheiro que ganhei a tocar ao vivo. O “Music for large and small ensemble”, do Kenny Wheeler. Ainda hoje adoro esse disco.
Os discos que os teus pais, irmãos e/ou primos mais te fizeram ouvir.
Lá em casa ouvia-se de tudo, mas destaco Queen, Supertramp, Eric Clapton, B.B.King. Também alguns guilty pleasures como Abba, Roberto Carlos ou Julio Iglesias.
Se pudesses viajar no tempo para ver um artista ou banda já desaparecidos, até onde te levaria a viagem?
É muito difícil escolher. Adoraria ter visto o quarteto do Coltrane ao vivo. Os Doors também. Mas em modo pacote completo podia ser o Hendrix no Woodstock.
O melhor disco para curar um desgosto amoroso.
“Só” – Jorge Palma.
E para ajudar a ultrapassar uma ressaca danada?
Coltrane – “Ballads”.
Três discos que voltam recorrentemente a entrar na tua playlist.
“Breakfast in America” – Supertramp / “21st Century Schizoid Man” – King Crimson / “OK Computer” – RadioHead.
A canção alheia que gostarias de ter escrito.
Ui… são tantas. Podia ser o “What a Wonderful World”.
A melhor canção ou disco de 2022 (até agora).
Tenho de escolher um do ano passado (2021) que só descobri agora. Mas tem sido o disco que mais tenho ouvido. O “Dawn” da Yebba.
O filme de que gostaste tanto que já o reviste inúmeras vezes (e até já conseguiste decorar umas falas).
Jesus Christ Superstar.
O filme que te fez chorar tanto que tiveste de esperar uns minutos para sair da sala de cinema (para que ninguém te visse de olhos espremidos).
Não aconteceu muitas vezes. Mas aconteceu com o “Bohemian Rapsody” ter-me emocionado. Não pelo filme em si, mas talvez pelo misticismo à volta do Freddy Mercury. Emocionei-me.
Aquele livro de que gostaste tanto que, se te tivesse sido emprestado, pensarias pelo menos duas vezes antes de devolvê-lo.
Não sou um leitor muito regular, então é-me muito difícil responder a essa pergunta. Talvez tenha essa relação com discos, filmes, séries, ou jogos de computador. Mas com livros não tanto… Lembro-me de que no passado recente, gostei muito do “Caim” do Saramago.
Se pudesses visitar um livro durante um dia, qual escolherias?
Acho que escolhia a “Odisseia”, de Homero. Grécia Antiga deve ser uma bela viagem.
A cena mais romântica que já fizeste por alguém.
Não consigo fazer essa avaliação. Acho que o romantismo existe nos pequenos gestos do dia a dia.
Aquela comida de que gostas tão pouco que, se te for servida num jantar de amigos, tens de inventar uma dor de barriga?
Ostras.
O prato que comerias sempre se não pudesses morder outra coisa.
Uma dourada fresca grelhada com fio de azeite.
Se tivesses Cem Soldos – o que, na moeda corrente, equivaleria a uma valente pipa de massa – para gastar numa extravagância, o que seria?
Terra, com árvores de fruto e um tanque para encher com amigos.
A actuação no Bons Sons vai ser…
Histórica.
(Questões respondidas por Pir – João Firmino)
Foto: Martim Torres
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