No início dos anos 90, no momento em que a cena rave atingia o seu pico mais alto e vertiginoso, Jamie Smith – conhecido no mundo artístico por Jamie XX – andava ainda de fraldas e muito provavelmente de chucha, longe de saber que, um dia, se iria tornar numa das referências maiores da música electrónica.
Em “In Colour” (Young Turks, 2015), a sua segunda aventura em nome próprio fora do magnético universo dos The XX, entramos num Delorean rumo a esse passado distante, numa homenagem sentida mas sem ponta de nostalgia a um tempo feito de música ouvida em armazéns, corpos suados, drogas tomadas em catadupa e raides policiais que acabavam, quase sempre, com a ficha a ser desligada à força da tomada – e gente a ser levada para as esquadras mais próximas.
Esta é, porém, uma rave mais contida, já sem perigo de detenção policial, sobretudo nos temas onde participam Romy e Oliver Sim – os seus parceiros de crime nos The XX -, ou no brilhante “I Know There`s Gonna Be (Good Times)”, tema R`n`biano que parece conter todas as cores do verão e que é uma das mais incríveis canções de 2015.
Compêndio do trabalho que tem desenvolvido na última meia dúzia de anos, “In Colour” mostra como Jamie XX foi aprendendo com os seus vários mestres, observando de fora a cultura de dança britânica até se tornar, ele próprio, num dos seus protagonistas e inventores. Um disco enorme que nos serve uma rave fora de horas, além de uma viagem de duas décadas pelos clubes dançantes de terras de Sua Majestade. Vem mesmo a tempo.
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