O cantor e trompetista Gary Olson não é nenhum principiante. Anda a engendrar pérolas pop há 25 anos, à frente dos veteranos The Ladybug Transistor. A banda condensa o folk swingante dos The Byrds com os arranjos sumptuosos e as vocalizações cuidadas dos britânicos Belle and Sebastian. Por ali pairam também as sombras dos Beach Boys e dos Magnetic Fields de Stephen Merritt.
Fazendo jus à máxima de que mais vale tarde que nunca, o cantor resolveu editar em 2020 o primeiro álbum em nome próprio, “Gary Olson” (Tapete Records, 2020). Gravado entre Brooklyn e a Noruega, o disco é um esforço conjunto com dois companheiros de longa data, os irmãos noruegueses Ole Johannes Åleskjær e Jørn Åleskjær.
Os The Ladybug Transistors funcionam como um esforço colaborativo, com uma série de músicos a gravitar em torno de Olson. Neste disco a solo a sonoridade habita o mesmo universo particular, mas estas canções são mais pessoais. São 11 temas elegantes, uma pop límpida com arranjos assentes na guitarra que fazem lembrar Lloyd Cole, com pormenores orquestrais que os The Divine Comedy não desdenhariam.
Destaque para a charmosa “Giovanna Please”, embrulhada numa melodia melancólica q.b., mas com um horizonte solarengo mesmo ao virar da esquina. Também a melodia solar de “Some Advice” salta ao ouvido – pop perfeita para o Verão que aí vem. “All Points North” faz lembrar os velhinhos Prefab Sprout, e “Diego It’s Time” podia ter saído da cartilha de Neil Hannon.
Ao longo do disco a voz harmoniosa de Olson surge sempre em primeiro plano, e as canções são discretas mas cativantes, com estruturas muito leves e uma produção tão refrescante como uma cerveja gelada num dia abrasador.
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