Todos os dias, mesmo nos momentos mais simples, fazemos escolhas. Não há como evitar. Escolhas como “floresta ou deserto”, “laranja ou limão”,” bota ou sapato”, “cinema ou teatro”, “salsa ou coentro”, “fora ou dentro”, “sorte ou azar”, “tudo ou nada” vão preenchendo os nossos dias. Quando escolhemos somos obrigados a valorar, a deliberar e a crescer. A escolha induz à acção que, por sua vez, nos obriga a decidir. E nem sempre é fácil, pois há escolhas difíceis, inevitáveis, gratificantes, encantadoras ou dolorosas.
“Assim ou Assado” (Planeta Tangerina, 2019) é um delicioso poema de alternativas. Um magnífico pretexto para ler a pares ou sozinho, para ler ou ver, para começar pelo princípio ou pelo fim, para conversar ou ficar, simplesmente, a pensar. As palavras de Ana Pessoa, ilustradas por Yara Kono, levam-nos ao mundo da filosofia, reflectindo sobre conceitos, discutindo as questões deterministas e do livre-arbítrio. Serão as nossas escolhas completamente livres? Ou não passarão estas de meras ilusões?
Texto e ilustração articulam na perfeição. As imagens simples, inspiradas em peças do nosso dia-a-dia, apelam a um imaginário geométrico, recordando as peças de um jogo. Ao abrir o livro, nas suas guardas, somos confrontados com um ovo, invocando a criação, o nascimento. Nascem ideias, colocam-se dilemas, escolhas e decisões terão de ser tomadas. Tal como na vida. Nas guardas finais destaca-se a diversidade, com a alternativa de cores e tamanhos. Fechamos o livro, deleitados. Pensamos nas escolhas, nas decisões que tomámos – é este o poder da leitura.
Ana Pessoa nasceu em Lisboa e vive em Bruxelas, onde trabalha como tradutora. Nos tempos livres escreve e come chocolate belga. Ganhou o Prémio Branquinho da Fonseca 2011. Integra a selecção Aarhus39, composta por 39 escritores europeus de literatura infanto-juvenil com menos de 40 anos, considerados mais promissores e relevantes.
Yara Kono nasceu em São Paulo, Brasil, em 1972.Vive em Portugal e, desde 2004, faz parte da equipa do Planeta Tangerina. Venceu o Prémio Nacional de Ilustração em 2010 e o Prémio Bissaya Barreto em 2016. Entre as menções e selecções, destacam-se os Prémios Compostela, Nami Concours (Coreia do Sul) e Bologna Illustrators Exhibition.
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