O festival cultural de Macau This is My City – Global Creative Network (TIMC) vai levar a banda da China Continental Wu Tiao Ren numa digressão do norte ao sul de Portugal, que começa hoje e termina a 8 de Setembro. A digressão começou hoje no Porto, com um concerto na redacção do Jornal de Notícias, e amanhã os Wu Tiao Ren estarão na Casa da Música.
A digressão continua por Leiria, onde a banda fará uma residência artística em parceria com a editora discográfica Omnichord Records, passando depois por Coimbra, no dia 5 de Setembro, para uma actuação no Salão Brazil. Na capital, os Wu Tiao Ren atuam no Musicbox, a 6 de Setembro, partindo no dia seguinte para Leiria, onde darão um concerto no Atlas Hostel Leiria. A digressão termina a 8 de Setembro, em Montemor-o-Novo, nas Oficinas do Convento.
A banda chinesa Wu Tiao Ren é considerada uma das mais interessantes da actualidade na China continental, e conta com uma legião de fiéis seguidores. Para a digressão em Portugal, prometem trazer alguns temas inéditos, nunca revelados ao público. No início deste ano, numa tour pela China, a banda realizou mais de 40 espectáculos em dois meses e, no fim do ano, haverá uma nova digressão no país asiático com 18 datas já confirmadas. Ficam, à boleia do press release, mais informações sobre a banda e o festival This is My City.
Quem são os Wu Tiao Ren
Em 2008, três habitantes de Haifeng, um bairro da cidade de Shantou, na província de Guangdong, juntaram-se e formaram a banda Wu Tiao Ren. A estes viria a juntar-se um baterista e, desde então, este quarteto não parou de tocar. Amao e Renke lideram a banda e cantam no dialecto de Haifeng e em mandarim. As suas composições versam sobre as vidas de marginais na China: um voyeur solteirão que passa horas a ver operarias a entrar e sair de fabricas, um ciclista que passeia um porco, um vendedor de divisas no mercado negro, um jovem revolucionário de Haifeng assassinado por Chiang Kai-shek em 1929.
Marcado pela influência da ópera local e canções de pescadores, a sonoridade desta banda chinesa incorpora ainda gravações das ruas da cidade, buzinas de autocarros, ruídos de motorizadas e encenações de discussões entre vizinhos.
“As canções devem muito ao folk rock dos compatriotas das grandes metrópoles do Norte, dominantes na cena underground chinesa. Contudo, o acordeão de Renke invoca a verve preguiçosa do sul subtropical, enquanto cada refrão é cantado com uma convicção que os afasta da melancolia dos cantautores de Pequim. Os roqueiros do Norte gravitam para Pequim a partir das paisagens do deserto de Gobi ou das pradarias da Mongólia Interior, terras duras e com clima rigoroso. Os hinos cantados pelos Wu Tiao Ren são solarengos e os temas mitológicos do litoral conjuram um mundo de deuses do mar e pescadoras quixotescas, escrevia a revista The Wire, a propósito da banda chinesa.
É a segunda vez que a banda chinesa atua fora da Ásia, após uma primeira experiência em São Paulo, Brasil, no final de 2018, também promovida pelo TIMC.
Sobre o festival This is My City
O festival This is My City nasceu em Macau, em 2006, e procura integrar o Delta do Rio das Pérolas numa rede criativa, promovendo a cultura lusófona na região. Em 2018, o TIMC teve lugar em Zhuhai, Shenzhen, Macau, e terminou em São Paulo, Brasil. Este ano, o TIMC estende-se a Portugal.
O co-fundador do TIMC, Manuel Correia da Silva, afirma que a ideia de expansão a Portugal surgiu na sequência de um convite da Casa da Musica, no Porto. “Achamos que seria um óptimo pretexto para, pela segunda vez, voltar a Portugal, de uma maneira mais graúda e sólida, com a banda Wu Tiao Ren, e com um programa mais alargado de datas onde poderíamos estar presentes, destaca, acrescentando: “As expectativas são bastante altas, porque acreditamos que o formato que vamos apresentar e os sítios podem garantir um maior alcance em termos de audiência, mas também uma melhor experiência para os artistas convidados que vão estar envolvidos nesta tour.”
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