Para o lançamento da edição deste ano do Super Bock Super Rock, cinco nomes da nova música portuguesa vão actuar de norte a sul do país, num aquecimento que se irá estender durante cinco fins-de-semana. Conan Osiris, Conjunto Corona, Galgo, Glockenwise e Sallim são os nomes que vão promover a 25ª edição do SBSR pela estrada fora, estando também garantida a sua actuação no Meco, lugar que volta a receber este festival depois de alguns anos a Oriente.
A esta itinerância juntam-se também algumas confirmações: Christine and The Queens, pop e r&b fabricado em Paris à moda dos anos 80 e com um toque de funk, Shame, que fazem do pós-punk o seu recreio, Roosevelt, um projecto definido como “techno-meets-indie-rock”, Ezra Collective, que se divertem a cozinhar o jazz com outras linguagens, e Gorgon City, house com um forte apelo pop. Ficam, à boleia dos press releases que chegaram a redacção, as devidas apresentações, bem como o calendário do Road to SBSR – ou, em bom português e à moda de Kerouac, pela estrada fora.
Conan Osiris é o alter-ego de Tiago Miranda, um artista que está empenhado em mostrar que há um passo de dança em cada nota musical do seu disco de estreia “Adoro Bolos”, editado em 2017. As suas influências são variadas e bebe de géneros tão diferentes como fado, hip hop, canto cigano ou magrebino e até metal. O nome Conan Osiris atingiu uma popularidade a nível nacional graças à sua participação no Festival da Canção com o tema “Telemóveis” (mais de dois milhões de pessoas já se ligaram ao tema através do YouTube). E há uma coisa que ficou imediatamente clara para todos: é impossível ficar indiferente a Conan, seja qual for a opinião em relação ao músico. Romântico e humorista ao mesmo tempo, Conan Osiris é um dos projectos mais refrescantes da música portuguesa feita hoje.
(18 Julho, Palco Somersby)
Conjunto Corona são dB e Logos, duas distintas personagens do hip hop nacional que uniram ideias em comum. dB é o produtor e, muito provavelmente, o maior cleptomaníaco de samples em Portugal – tudo tem potencial para ser reutilizado nos seus beats –, e Logos é o rapper de serviço e, muito provavelmente, aquele com mais facetas em Portugal, sendo quase camaleónica a forma como aborda cada música. Depois de dois álbuns editados em 2014 e 2015 (” Lo-Fi Hipster Sheat ” e ” Lo-Fi Hipster Trip”), o Conjunto Corona lançou “Cimo de Vila Velvet Cantina” no ano de 2016. Seguindo este bom ritmo de edições, em 2018 chegou mais um capítulo desta história: “Santa Rita Lifestyle”, inspirado pela rotunda de Santa Rita, “enclave místico na junção dos terrenos sagrados de Águas Santas, Ermesinde, Valongo e Baguim do Monte”. O Conjunto procura a maturidade ao mesmo tempo que mantém a mesma infantilidade de sempre, uma intenção que se faz notar em canções fortemente urbanas, até um pouco marginais, e quase sempre psicadélicas. O objectivo é o mesmo de sempre: “não quer fazer rap quadrado”.
(19 Julho, Palco EDP)
São uma das bandas mais interessantes no que ao rock português diz respeito. Os Galgo são quatro: Miguel Figueiredo (guitarrista), Alexandre Moniz (guitarrista), João Figueiras (baixista) e Joana Baptista (baterista). Num primeiro momento, influenciados por nomes como os Arctic Monkeys ou The Strokes, estrearam-se em 2015 com o lançamento do EP5. Em 2016 editaram o disco de estreia, “Pensar Faz Emagrecer”. Notavam-se as influências do pós-rock, um toque de afrobeat e as influências de bandas como os portugueses PAUS ou os norte-americanos Battles. Mas também se notava uma linguagem própria, uma linguagem Galgo. E isso fica ainda mais evidente em “Quebra Nuvens”, o disco editado em 2018. E o título parece uma descrição daquilo que podemos ouvir no disco: duro, às vezes tribal, mas também um tanto atmosférico em outros momentos, sempre na medida certa. Temas como “Banho Quente” e “Tira-Teimas” são marcas de talento
(19 Julho, Palco LG by Rádio SBSR)
Quando Nuno Rodrigues, Rafael Ferreira e Rui Fiúsa decidiram avançar com os Glockenwise tinham apenas 16 anos de idade. E hoje podemos dizer com toda a certeza que essa ideia adolescente foi mesmo uma boa ideia. Os Glockenwise são um dos projectos mais interessantes da música portuguesa. O primeiro disco, “Building Waves”, editado em 2011, já mostrava as boas ideias da banda, que viriam a tornar-se cada vez mais densas nos álbuns seguintes: “Leeches” e “Heat”, editados em 2011 e 2015, respectivamente. O novo disco viu a luz do dia em 2018 e traz uns Glockenwise diferentes. A maturidade chegou, a urgência punk abrandou um pouco e a banda dá-nos aquele que é o seu melhor disco até este momento e um dos melhores discos da música portuguesa nos últimos anos. Depois de três discos cantados em inglês, a nossa língua assume o protagonismo neste quarto disco da banda. Dos gestos mais prosaicos do quotidiano até aos temas mais profundos, inclusive a tal maturidade, tudo pode ser assunto destas belas canções – e, curiosamente, em “Plástico”, tudo soa verdadeiramente genuíno.
(18 Julho, Palco EDP)
Chama-se Francisca Salema e começou a assinar Sallim graças ao tumblr que criou em 2013. Andou em Belas Artes, depois mudou-se para Letras, e talvez haja um pouco desses dois universos na música que faz: a construção de uma atmosfera muito própria, muito visual, acompanha o gosto por cantar em português, com um enorme à vontade com a nossa língua. Em 2016 editou “Isula”, o seu primeiro disco. Folk à portuguesa, dream pop ou qualquer outro rótulo parece chocar com a verdadeira motivação de Sallim: fazer canções e fazê-las bem. E é isso que continua a fazer, de ano para ano. E, no início de 2019, editou o seu segundo disco, “A Ver o que Acontece”. Gravado no Golden Pony entre Maio e Junho de 2018, este segundo registo foi produzido por Eduardo Vinhas e pela própria Sallim. As letras são de uma simplicidade desarmante e revelam algumas dores de crescimento da parte de alguém que às vezes “só quer ficar na cama”. As canções, essas, continuam um encanto, como se percebe quando ouvimos “Primavera Nova” ou “Não Vale a Pena Pensar”. Mas vale a pena ver e ouvir. (18 Julho, Palco LG by Rádio SBSR)
SBSR Pela Estrada Fora
Nasceu com o nome de Heloise Letissier, mas decidiu adotar o nome Christine and The Queens para o mundo da música. Aquele que é um dos nomes mais fortes do “novo pop francês” estudou teatro em Lyon e mudou-se para Paris em 2010. Pelo meio, e numa viagem a Londres, apaixonou-se pelo trabalho das drag queens, uma influência para a sua arte – e a razão do The Queens no nome. As influências são muitas e diversificadas, na verdade. Há nomes mais evidentes, como David Bowie, Michael Jackson ou Laurie Anderson, mas Christine and The Queens acaba por beber nos mares mais inusitados do universo pop e até do burlesco. Mais do que uma cantora e compositora, Christine é uma artista, capaz de juntar música, teatro, dança e uma série de outras expressões num só espectáculo, fazendo uso das potencialidades da multimédia e envolvendo o público numa experiência singular, que não se esquece facilmente. Lançou o primeiro EP, “Miséricorde”, em 2011, ao qual se seguiu um outro, “Mac Abbe”, editado logo no ano seguinte. A partir de 2013 e com o lançamento do terceiro EP, “Nuit 17 à 52”, o nome Christine and The Queens começa a ser cada vez mais falado, conquistando o público, a crítica e várias nomeações para prémios em França. E o capítulo seguinte desse sucesso chegou com o lançamento do primeiro disco, “Chaleur Humaine”, em 2014. Este registo conta história da sua adolescência e deu-nos temas como “Saint Claude”. Quatro anos depois, anos de estrada de amadurecimento para Heloise, chegou a hora de um novo disco, já editado em 2018. “Chris” tem aquilo que há de melhor no álbum de estreia, mas vai mais além, com pop e r&b à moda dos anos 80, e até um toque de funk. A identidade, a sua própria identidade, continua a ser o grande tema de um disco que nos brinda com canções como “Girlfriend” ou “Doesn’t Matter”.
(19 Julho, Palco Super Bock)
Uma das bandas britânicas mais estimulantes da actualidade começou quando o vocalista Charlie Steen, os guitarristas Sean Coyle-Smith e Eddie Green, o baixista Josh Finerty e o baterista Charlie Forbes se conheceram na escola. Os Shame nasceriam em 2014, ainda nos anos de adolescência destes rapazes. Quando muitos podem até duvidar da vitalidade do rock originário de terras de Sua Majestade, os Shame são um dos melhores exemplos de como o rock inglês continua bem vivo e a marcar gerações. Começaram a tocar no Queen’s Head, um bar de Brixton onde também actuava uma outra banda, os Fat White Family. Inspirados por músicos e escritores como The Fall e Irvine Welsh, os Shame foram em busca da sua própria linguagem, próxima do pós-punk, mas sem fechar a porta a outras influências. O primeiro single, “The Lick/Gold Hole”, foi a primeira pista para o sucesso que aí vinha. Em 2017 assinaram pela Dead Oceans e lançaram as canções “Tasteless”, “Concretude” e “Visa Vulture”, um tema com uma mensagem política mais forte. Nesse mesmo ano foram para o estúdio e gravaram o seu disco de estreia, “Songs of Praise”, que viria a sair no início de 2018. Desde o já falado universo pós-punk, passando pelo punk mais cru de algumas canções, até temas mais ambiciosos como “Angie”, a verdade é que os Shame nunca deixam de ser rock neste seu disco de estreia, um rock cheio de energia juvenil e também com sentido de humor, melancolia e muita inteligência. O disco foi muito bem recebido tanto pelo público, como pela crítica (a NME deu-lhe mesmo a nota máxima, 10/10). Ao vivo, estes cinco rapazes são responsáveis por alguns dos melhores concertos que o público britânico tem visto nos últimos anos: são momentos viscerais e verdadeiramente estimulantes, onde todos são convidados a participar na energia única dos Shame.
(19 Julho, Palco Super Bock)
A música faz parte da vida de Marius Lauber desde muito cedo, quando ainda era só um adolescente a viver em Viersen, na Alemanha. No início eram as bandas de garagem, depois a cena techno de Colónia. E a música electrónica tornou-se mesmo uma paixão para o jovem Lauber, conseguindo afirmar-se como um DJ respeitado no mundo da música de dança na Alemanha. Em 2012 chegou o momento de arriscar e ousar ir mais longe artisticamente. Foi aí que nasceu Roosevelt, definido como “techno-meets-indie-rock”. O primeiro grande sinal de vida deste projecto deu-se com “Sea”, o single editado pela Greco-Roman (a editora de Joe Goddard dos Hot Chip). O primeiro EP, “Elliot”, saiu logo em 2013. O tema que deu nome a esta primeira colecção de quatro canções mostrava um craque da música de dança enamorado pelo rock (ou vice-versa), a seguir bem de perto. Enquanto o nome Roosevelt passava a ser mais e mais falado, tanto pelo público como pela crítica especializada, as ideias musicais não paravam de crescer dentro de Lauber – e eis que chegou o momento de editar o seu disco de estreia. “Roosevelt” viu a luz do dia em 2016 e, graças a canções como “Fever” ou “Hold On”, contribuiu para o sucesso crescente do músico, garantindo concertos esgotados em toda a parte e presenças nos melhores festivais do mundo. Pelo meio, ainda arranjou tempo para se dedicar ao remix de artistas como CHVRCHES, Rhye ou Glass Animals. Em 2018 decidiu fazer música nova, com o melhor do primeiro disco, mas sem deixar de arriscar, sem perder a ousadia de pisar novos territórios. “Young Romance” coloca Roosevelt no caminho dessa alquimia pop que já desafiou tantos outros nomes na história da música popular. Roosevelt quer mesmo encontrar a excelência possível em cada canção. De Pet Shop Boys a Hot Chip, as influências são muitas e há grandes momentos para guardar na memória: “Under The Sun”, “Getaway” ou “Forgive” (com Washed Out). Canções para guardar na memória, mas também para celebrar ao vivo.
(18 Julho, Palco Somersby)
Londres é cada vez mais um epicentro de uma onda de boa música, e de uma onda de jazz, cheios de qualidade. Os Ezra Collective são um belo exemplo disso mesmo. Estes cinco rapazes juntaram-se, unidos pela mesma paixão: o jazz e o potencial que este género tem para se juntar a outras músicas, sem nunca perder a sua magia original. Femi Koleoso, T.J. Koleoso, Joe Armon Jones, Dylan Jones e James Mollison são os responsáveis por este projecto musical, bem eclético, capaz de evocar grandes nomes do jazz, mas também empenhado em encontrar um caminho próprio, a sua própria linguagem. Por isso, e além dos detalhes técnicos mais jazzísticos, há também afrobeat e hip-hop no som produzido pelos Ezra Collective. As suas actuações são inesquecíveis, cheias de emoção e sensibilidade, dominando o palco como poucos. Depois de editarem o EP “Chapter 7”, a banda editou um outro em 2018, “Juan Pablo: The Philosopher”. E este registo foi mesmo um enorme sucesso: a edição em vinil esgotou e esse acolhimento fez com que os Ezra Collective embarcassem numa tour pelo Reino Unido e pela Europa. “Juan Pablo: The Philosopher” ganhou ainda o prémio para Melhor Disco de Jazz no Worldwide Awards 2018 de Gilles Peterson. O primeiro longa duração da banda, “You Can’t Steal My Joy”, vê a luz do dia neste ano de 2019, com temas como “Pure Shade”, “Reason in Disguise” e o mais recente single, “Quest for Coin”.
(19 Julho, Palco Somersby)
O projeto Gorgon City nasceu de um encontro entre dois produtores de North London: Foamo, mais conhecido como Kye Gibbon, e Rack N Ruin, também conhecido como Matt Robson-Scott. Esta colaboração começou no início do ano de 2012 e resultou imediatamente no EP “Crypt”, editado pela Black Butter. Em 2013 chegou um outro EP: “Real”. A faixa com o mesmo nome conta com a participação de Yasmin Shahmin e foi o primeiro grande hit da banda. Pouco depois já estavam a fazer a primeira tour pelos Estados Unidos. Temas como “Ready for your love” (com MNEK) e “Here For You” (com Laura Welsh) consolidaram esse sucesso nos meses seguintes. Até que editaram o primeiro disco, “Sirens”, que saiu em Outubro de 2014. O álbum conquistou o público e a crítica, agitando a cena de música de dança britânica. Quando a poeira finalmente baixou, começaram a preparar o sucessor de “Sirens”. E entretanto ainda produziram o tema “Blood On My Hands” ,de Chris Brown. Em 2017 editaram mais um sucesso: “Real Life” mostrava ao mundo a boa forma do grupo e fazia crescer a expectativa para esse já muito aguardado segundo disco, que acabaria mesmo por chegar em 2018. Os Gorgon City continuam a destacar-se pela sua house com um forte apelo pop, abrilhantada por vocais cativantes e uma produção irrepreensível. Dois dos destaques deste novo disco são as colaborações com a estrela grime D Double E, em “Hear That”, e com a estrela pop Kamille, em “Go Deep”.
(20 Julho, Palco EDP)
Promotora: Música no Coração
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