“É um concerto? Um filme? Uma festa temática?” Estas seriam, provavelmente, as perguntas que um espectador pouco dado ao universo fantástico teria feito se entrasse meio desprevenido na Altice Arena há alguns dias. Porém, ao contrário de uma resposta clássica ao estilo de um “É o Super-Homem”, teríamos antes de atirar com algo mais certeiro como: “Não, é o terceiro filme da série Harry Potter a ser musicado ao vivo e de forma integral pela Orquestra Filarmonia das Beiras”.
A preparar a entrada em cena da Orquestra, bem como o projectar de “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkabam” – o terceiro e, a par da segunda metade do sétimo, o grande filme da adaptação cinéfila dos clássicos de J. K. Rowling -, era exibido um documentário sobre John Williams, o fazedor de todas as bandas sonoras da série Harry Potter e, também, de um sem número de clássicos da sétima arte, que vão de “Jaws” a “Star Wars”, ou de “Superman” a “Raiders of the Lost Ark”.
Vêem-se na Altice Arena muitos cachecóis, capas, gravatas e malas de todas as casas – há mesmo quem use um chapéu selector para quem queira escolher a sua cor – e vestidas por idades variadas, ainda que Gryffindor ganhe vantagem e ninguém queira, pelo menos às claras, revelar a sua adoração pelos Slytherin.
Cinema e música clássica são, aparentemente, dois universos que pedem silêncio, mas isso é estado proibido durante esta celebração Potteriana. Proibido e, diga-se, desincentivado, desde o hashtag estampado no ecrã – #HarryPotterInConcert – até às palavras do jovem maestro Timothy Henty que, num português lido com distinção, pede que entre outras excitações o público aplauda as suas personagens favoritas – e, vai-se a ver, os momentos em que ao maus da fita como o pequeno Malfoy são postos na linha, normalmente pela também pequena mas destemida Hermione Granger.
É um filme onde não faltam momentos épicos, seja vermos Hagrid a dar aulas sem qualquer freio, um sem-forma a servir de espelho ao medo, dementors a gelarem o sangue de Potter, uma partida de Quidditch jogada à chuva, o aparecimento do incrível mapa do salteador ou, ainda, a entrada em cena de Sirius Black, o primeiro em toda a história da feitiçaria a conseguir escapar da terrível prisão de Azkaban.
Como experiência cinéfila, este 2 em 1 deixa um pouco a desejar, seja pela luminosidade excessiva do ecrã como pela qualidade do som, abafado de forma a dar espaço à orquestra e ao coro que, em troca, também surgem menos explosivos do que num concerto ao vivo, talvez para não se sobreporem à animação que vai tendo lugar na tela gigante pendurada no topo.
Qualquer coisa como um filme-concerto que, mais do que a soma de duas partes distintas, deve ser vivido como uma festa para Pottheaders e seus semelhantes que, pelo preço desta brincadeira, bem que podiam pensar numa visita aos estúdios londrinos onde foram rodadas muitas das cenas da série – e que, a partir de Abril, terá uma extensão de 15000m2 que inclui o banco de Gringotts e uma série de novos artefactos.
Promotora: Música no Coração
Sem Comentários