Há bandas com nomes bem escolhidos: no caso dos portugueses Grand Sun, o nome tem tudo a ver com a sua música: as canções são solares, luminosas, a pedir dias de praia e esplanadas solarengas. A jovem banda de Oeiras editou em Setembro deste ano o EP “The Plastic People of the Universe” (Aunt Sally Records, 2018), no qual há cinco canções a tentar fincar o pé no panorama indie-rock português.
“Go Home” – single de apresentação do disco – arranca com as teclas em destaque sobre uma batida gingante. Há uma vibrante leveza pop que faz lembrar os americanos The Shins de James Mercer, inclusive no timbre da voz de João Simões. “I just wanna go home”, canta, acompanhado pelo baixo irrequieto de João Ribeiro.
Os sintetizadores dão novamente o pontapé de saída em “Little Mouse”, pop clássico à la Beach Boys, os coros bem casados com as teclas espaciais de António Reis. A sonoridade é calorosa, produzida com atenção ao pormenor.
O ritmo suaviza-se em “Flowers”, tema que viaja por paisagens mais psicadélicas (e psicotrópicas). Há pássaros à solta nesta balada subaquática em que tudo flutua levemente. A dada altura canta-se “…a flower in my hair”, como quem vai para São Francisco sem pressa na viagem.
“The Clown” poderia figurar num musical da Broadway – há piano de recorte clássico, há uma baforada de jazz fumarento na percussão de Miguel Gomes, e há também uma pitada de negrume, uma pequena sombra no lado solar.
O EP chega ao fim com “Round and Round”, tranquilo passeio no espaço com fato de astronauta em direcção a uma galáxia serena. É um tema espaçoso, elegante, a fechar um disco cuidado, com boas ideias, um trabalho que revela uma banda com muito caminho para crescer. Uma boa surpresa.
Sem Comentários