Samuel Úria, escriba e trovador maior deste burgo chamado Portugal, está de regresso com um mini-álbum, quatro novos temas carregados de espírito retro onde, com muito estilo, faz uma espécie de Director`s Cut ao Zemeckisiano Regresso ao Futuro. E com uma capa a fazer lembrar “O Homem de Ferro”, esse clássico das letras de Ted Hughes, imortalizado no grande ecrã por Brad Bird – que o rebaptizou como “O Gigante de Ferro”.
“Marcha Atroz” (Valentim de Carvalho, 2018) está já disponível para escuta no novo mundo digital, e apenas será oferecido em formato CD a quem se chegar à frente na compra de um dos 3 vinis do Mestre Úria – “Nem Lhe Tocava”, “O Grande Medo do Pequeno Mundo” e “Carga de Ombro” -, que chegam hoje às lojas com alguns temas extra e novidades: “Chamar a música”, a canção que Rosa Lobato de Faria e João Carlos Oliveira compuseram para Sara Tavares; “Vital e sua moto”, uma versão de um dos primeiros temas do grupo brasileiro Paralamas do Sucesso que Samuel criou para o álbum “Caleidoscópio – Um Tributo Ibero-Americano aos Paralamas do Sucesso”; Márcia, numa versão ao vivo de “Eu Seguro”; e a de Manuela Azevedo em “Carga de Ombro”, uma versão do tema homónimo do álbum de 2016 que chega agora ao formato físico.
E, já que isto dos discos não se mede pelo número de faixas, Samuel Úria convidou Joana Linda para realizar um videoclipe para cada um dos temas de “Marcha Atroz”, que partilhamos de seguida.
Quanto a Úria, escreveu isto a propósito deste breve e lindíssimo conjunto de canções que são, há-que dizê-lo, do caraças.
«”Marcha Atroz” é um conjunto breve de canções. Canções sobre o que não é breve.
Este mini-álbum vem como brinde (no sentido de oferta, mas também no sentido de tchin tchin) das reedições em vinil dos meus 3 últimos álbuns. Tem, portanto, qualquer coisa paradoxal: ser um conjunto de canções inéditas mas que servem de retrospectiva. Está aí a locomoção atroz, uma viagem no tempo em passo de marcha.
São músicas sobre a oxidação dos bens e a oxigenação do Bem. São cantigas para que tudo se largue e nada se olvide. São palmadas na inacção, combustões espontâneas e canonizações instantâneas.
Malhas de revolta e de Travolta. Na Marcha Atrozvergo-me ao protesto, vendo-me para peças, visto a pele do crooner salomónico, vou esconjurando o esquecimento. É um mini-álbum de retrospectiva, mas tem capa amarelada como um post-it para o futuro.
A soprar fôlego neste conjunto de criações está o furacão, produtor e parceiro Miguel Ferreira (a única força da Natureza que, em vez de destruir, põe as coisas num sítio melhor e mais ordeiro). Fizemos isto entre a minha casa, a casa do Miguel e o estúdio “O Nosso Gravador” – casa da Manuela Azevedo e do Hélder Gonçalves, casal a quem desde já dedico este mini-álbum.»
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