Agora que o frio está no ponto, é tempo de ir buscar aquelas grades ao congelador e, servindo-nos dos press releases para levantar as caricas, revelar mais uma série de nomes confirmados para o Super Bock em Stock, despedindo-nos do Verão como gente grande. O bilhete único válido para os dois dias do Festival que se realiza nos dias 23 e 24 de Novembro na Avenida da Liberdade e arredores encontra-se à venda nos locais habituais, pelo preço de 45€, passando a 50€ nos dias do Festival.
Yeal Soshana Cohen nem sequer conhecia o seu futuro colega de banda, Gil Landau, quando apareceu na sua festa de aniversário, em Tel Aviv. Do canto da sala, Yael viu Gil a pegar na guitarra e sentiu que devia acrescentar a sua voz àquele momento. A ligação foi imediata e mantém-se muito forte, até aos dias de hoje. Assim nasceu a dupla Lola Marsh. No início de 2016, surgiu o EP de estreia, “You’re Mine”. O seu indie pop irresistível, fez com que crescessem em pouco tempo, primeiro online e depois ao vivo, com concertos na América do Norte e na Europa. O álbum de estreia, “Remember Roses”, foi editado no verão de 2017 e veio confirmar o talento da banda para fazer belas canções pop, com uma toada melancólica, e ao mesmo tempo optimistas e preocupadas em encontrar beleza até nos momentos mais comuns da vida quotidiana.
Em Janeiro de 2018, na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, Primeira Dama e Lena d’Água revisitaram o cancioneiro um do outro, acompanhados por músicos recrutados ao coletivo Xita Records. O fresco repertório de “Histórias por Contar” e “Primeira Dama”, discos editados por Primeira Dama nos anos de 2016 e 2017, juntaram-se aos clássicos de sempre de Lena d’Água, num concerto que arrebatou o público presente na sala. Ícone da pop-rock portuguesa, Lena d’Água começou a cantar na década de 70, ficando para a história como a primeira mulher a integrar uma banda rock como vocalista, neste caso os progressivos Beatnicks. Foi uma das figuras do boom da música portuguesa na década de 80, primeiro com os Salada de Frutas e depois a solo, também com enorme sucesso e sempre apoiada pela sua Banda Atlântida. Para este concerto no Super Bock em Stock, Lena d’Água apresenta-se acompanhada com a Banda Xita, formada por Inês Matos (guitarra), António Queiroz (baixo), João Raposo (teclas, voz e electrónica) e Martim Brito (bateria) e capitaneada por Manuel Lourenço, mais conhecido como Primeira Dama (nas teclas e voz), uma das figuras emergentes na música portuguesa.
“Ian – Seguir em frente” – este é o mote da segunda investida do projeto Ian, espelhado nos três temas que ilustram o EP mais recente. O fio condutor é “Spring or Desire” (com o rapper Twezzy) que, tal como a estação do ano, anuncia um redescobrir de sentimentos, de vontades e também do prazer de arriscar. “Stop Stop Never” vinca ainda com mais fervor a estética electrónica dominante deste projecto, e é um anunciar de intenções, um grito pessoal que não pede desculpa pelo atrevimento de afirmar que desistir nunca é opção. E em “No Name” fala sobre os outros, sobre nós, sobre caminhos que, embora se cruzem, nem sempre convergem. O violino é aqui, tal como na vida de IAN, o seu maior cúmplice. É ele, de resto, que a acompanha profissionalmente, todos os dias, na Orquestra da Casa da Música do Porto. Depois da edição do primeiro EP, e de ter aberto nos Coliseus de Lisboa e Porto os concertos dos The Gift, Ian atuou recentemente no Clube Sixteen Tons, em Moscovo, e no Museu Erarta de São Petersburgo. Como se percebe, no percurso de Ianina Khmelik (Ian) nada foi estático, e é precisamente essa a sua constante: achar que “o resto está sempre por fazer” e acreditar que o caminho é sempre em frente.
A descrição é simples: “somos uma banda de Lisboa”. E essa simplicidade na descrição também fica patente na música. Os Capitão Fausto fazem canções que nos desarmam de tão autênticas e genuínas. A história de Tomás, Salvador, Francisco, Manuel e Domingos tem o seu primeiro capítulo em 2011 com o álbum “Gazela” – aí podemos encontrar a urgência das canções juvenis, os irresistíveis hinos pop que se cantam e que sabem sempre a pouco. Em 2014 chega o segundo disco, “Pesar o Sol”, que confirma as melhores expectativas e serve de mote para vários concertos memoráveis nos grandes e pequenos festivais, nos clubes, nos teatros, um pouco por todo o país…
O terceiro álbum surge em 2016, chama-se “Capitão Fausto Têm os Dias Contados” e é, sem dúvida, um dos melhores discos portugueses dos últimos largos anos. São pouco mais de 30 minutos de música e palavras em modo pop, recheados de primor e requinte, e que contam as estórias de vida de cada um dos membros da banda. Os elogios chegam de todo o lado, a crítica fica rendida e eleva-os a voz de uma geração – “Amanhã Tou Melhor” foi seguramente um dos refrões mais cantados no nosso país desde então.
Entretanto, em Dezembro de 2017, os Capitão Fausto estiveram em São Paulo, no Brasil, a preparar o seu quarto álbum de originais. Apaixonados por Cartola, samba e choro, foram ao Brasil apostados em reinventar-se. “Sempre Bem” é o primeiro avanço para “A Invenção do Dia Claro”, o novo disco dos Capitão Fausto com sabor paulista.
Nos últimos anos, Elisa Rodrigues acumulou muitas experiências de palco, integrando equipas de outros artistas portugueses ou assumindo o desafio em nome próprio. O seu disco de estreia, “Heart Mouth Dialogues”, editado em 2011, revela todo o seu talento. Sem nunca perder a identidade marcada pelo jazz, Elisa conseguiu trabalhar com influências muito distintas. Depois desse disco, Elisa foi recrutada para gravar com a banda britânica These New Puritans, assumindo essa responsabilidade no disco “Field Of Reeds”, editado em 2013, e acabando por manter esse posto de destaque na digressão intercontinental do grupo. Neste momento, a própria Elisa Rodrigues aponta o caminho do futuro: “Nos últimos tempos decidi dar-me espaço para experiências novas, colaborar com outras pessoas e renovar energias, mas não quero descurar o percurso a solo…” Ou seja, chegou a hora de um novo disco. “As Blue As Red” é um registo amadurecido, sim, mas que dispensa muitas invenções. Com dez temas originais, conta com a inspirada produção de Luísa Sobral e também com um núcleo de excelentes instrumentistas. “As Blue As Red” surpreende aqueles que já conhecem a artista de “outros carnavais” e seduz os muitos que começam agora a conhecer a voz de Elisa.
Os Cassete Pirata estrearam-se com o lançamento do EP homónimo em 2017. Actualmente estão na fase final de produção do seu disco e até já desvendaram uma das suas novas canções, com o vídeo de “Outro Final Qualquer”. Liderados por João Firmino (mais conhecido como Pir), vocalista e compositor da maior parte dos temas, os Cassete Pirara contam com a bateria de João Pinheiro (Diabo na Cruz, TV Rural), o baixo de António Quintino (Samuel Úria), a dupla única de cantoras e teclistas Margarida Campelo e Joana Espadinha, e contam ainda com o produtor musical Luís Nunes (aka Benjamim). Vindos maioritariamente das escolas de jazz de Lisboa e Amesterdão, os Cassete Pirata trazem as canções rock directamente da juventude, canções que reprimiram durante o estudo das harmonias do jazz. O lirismo das melodias e o som psicadélico dos teclados vêm de quem juntou os Supertramp e os Melody’s Echo Chamber aos discos de Coltrane e Milton Nascimento. Com a sua sonoridade rock, os Cassete Pirata são reconhecidos como uma das mais promissoras bandas do panorama musical português.
Bejaflor é uma pequena criatura que habita a floresta do pop do nosso país, onde pulsam ritmos quebrados, além de vozes e harmonias sintetizadas por José Mendes, um jovem produtor com apenas 19 anos. O álbum de estreia homónimo de Bejaflor é composto por canções – na sua plenitude melódica e lírica – com uma estética pop em andamento electrónico e com influências hip hop, mais modernas e sofisticadas. Na sua música, há ainda ecos de B Fachada, por exemplo, além da enorme vontade de dar a conhecer a sua própria voz, sem perder um apelo pop muito evidente ao longo deste registo de estreia.
April Marmara é o solitário projecto de ghost folk cantado e composto por Bia Diniz. Com uma invulgar serenidade nos dedos e na pose, e com um registo vocal cuidado e arrepiante, April Marmara apresenta-nos as suas negras canções de amor. São canções sem espinhas ou gorduras desnecessárias – ora lembram as noites de vendaval vistas pela janela do quarto, ora lembram os passeios ao sabor da brisa das pálidas manhãs de Outono. São imagens e mais imagens que Bia Diniz canta sem qualquer pudor. Esta é música corajosa e, quem ouve, reconhece essa coragem, além da nostalgia, a solidão e a universalidade de quem escreve canções folk assim, sem qualquer afectação. Tudo isto é folk, e exactamente como folk deve ser, ou seja, solitário e bem cantado. A julgar por estas canções, o futuro de April só poderá ser brilhante.
David Bruno do Santos Besteiro, mais conhecido por dB, é um produtor português de Vila Nova de Gaia. Depois de dar a conhecer o seu talento em projectos como o Conjunto Corona, David Bruno apresenta-se agora com um novo projecto a solo. “O Último Tango em Mafamude” é uma obra multimédia, onde os samples de áudio e de vídeo dão origem a uma espécie de vídeo-álbum marcado pelo arrojo e pela originalidade. Com referências visuais nacionais e referentes às décadas de 80 e 90, este objecto artístico é uma ode a uma época dourada na história recente do nosso País, “onde a abundância, o ‘novo-riquismo’, os bons restaurantes, os cafés, os bares, os autarcas populistas, a construção, o crédito fácil e o bem-estar da classe média floresciam… Tudo florescia, menos o amor que a cidade de Vila Nova de Gaia sentia pelo poeta David Bruno”, segundo o próprio David. Sendo assim, o artista abandona a cidade e, confrontado com esse amor não correspondido, decide contar toda a história num disco absolutamente imperdível.
Os Public Access T.V. (na foto) foram criados por John Eatherly em 2014 e logo ganharam a atenção do público e da crítica, principalmente depois do NME lhes ter conferido o título de “New York’s Hottest New Band”, assim que a banda lançou a primeira canção na plataforma Soundcloud. O apoio de outras bandas também não tardou e chegaram os convites para actuar junto de nomes como The Killers, Weezer, Pixies ou Kings of Leon. O disco de estreia, “Never Enough”, foi editado em 2016. O entusiasmo não parou e este registo integrou mesmo algumas listas de melhores discos desse ano. Em 2018, chegou mais um disco. “Street Safari” conta com a produção de Patrick Wimberly (MGMT, Chairlift, Beyoncé).
Lo-Fang é, certamente, um dos artistas mais originais do momento. Aos cinco anos, foi apresentado ao violino e aprendeu entretanto a tocar vários outros instrumentos, dentro de uma formação musical mais erudita. A fama chegou quando deu música a uma publicidade da Chanel, interpretando “You’re The One That I Want” do filme “Grease”. O disco de estreia foi lançado em 2014. “Blue Film”mostra todo o talento de Lo-Fang, juntando géneros, elementos da música erudita, da música electrónica, r&b e até pop. Com este disco, Lo-Fang procurou fazer uma espécie de síntese entre masculino e feminino, trabalhando essa tensão em cada uma das músicas.”Near Other Worlds” é o nome do próximo álbum.
Bridie Monds-Watson é Soak para o mundo da música. Com apenas 17 anos já era uma estrela em ascensão no país, com o mundo ao virar da esquina. A escola ficou para trás e concentrou as suas forças numa promissora carreira musical. Até agora, essa foi a escolha certa. O jornal The Guardian descreveu a sua música como um retrato vivo do pensamento adolescente. Num registo muito cru, e inspirado por nomes com Cat Power ou Joni Mitchel, SOAK dá voz às suas próprias angústias e inquietações, o que acaba por espelhar o coração de milhares de outros jovens da sua idade. “Before We Forgot How to Dream”, o disco de estreia, viu a luz do dia em 2015. Folk, alternativo, como a própria descreve.
Alta Ave Band é uma banda pop californiana. A banda foi formada pelo vocalista David Bilson em 2017, depois do sucesso alcançado com o seu projeto anterior, os High Octane LA. A voz de David tem força, mas também uma certa vulnerabilidade, características que são adornadas por elementos orgânicos e electrónicos, sintetizadores modernos e guitarras que nunca perdem um apelo pop. No fim de qualquer concerto, o público não consegue tirar estas belíssimas canções da cabeça, enquanto espera por mais alguma novidade dos Alta Ave.
O guitarrista, cantor e compositor brasileiro Zé Vito tem três discos editados até à data. No momento, prepara-se para lançar o quarto registo: “Além Mar”. Mas recuemos alguns anos. “Já Carregou”, o disco de estreia, ganhou notoriedade ao ser premiado como o melhor álbum independente de 2014 pela Editora/Livraria Saraiva Brasil. Os discos seguintes, “Pode Ser” e “Espelho”, consolidaram o seu estilo de composição, com uma fusão de estilos bem diferentes, e uma produção à altura dessa aventura. Zé Vito é também o fundador dos Abayomy Afrobeat Orquestra, a primeira banda de afrobeat do Brasil.
Em Fevereiro de 2017, Manuel Fúria e os Náufragos apresentaram “Viva Fúria”, o segundo álbum da banda. Em ruptura com a ideia de ruptura pela ruptura, Fúria e os Náufragos varreram Portugal, de Faro às Flores, de Évora a Melgaço. Mais de um ano depois, “Viva Fúria” terminou, Manuel já trabalha há muito tempo no seu sucessor e agora é tempo de encerrar o ciclo deste disco, celebrando-o com cúmplices e amigos – Samuel Úria, Miguel Ângelo, o trio instrumental Bispo, Tomás Wallenstein ou Tomás Cruz. A circunstância não poderia ser a mais apropriada – partilhar o Coliseu dos Recreios com os amigos Capitão Fausto e Johnny Marr, o homem com quem Manuel Fúria e Tiago Brito (guitarrista dos Náufragos) “aprenderam tudo o que sabem sobre guitarras e grego antigo…” Em Novembro de 2018, o lema é: “Morra Fúria, morra! Pim!”.
Os media apostam em 2018 como o ano de Beatriz Pessoa e das suas canções de toada jazz e estrutura pop. Depois de um 2017 repleto de apresentações especiais, este é mesmo o momento, como escreveu o jornal Público, da “voz que a pop roubou ao jazz”.
Os Conjunto!Evite são José Deveza, Manuel Belo, Sebastião Santos, Fábio Neves e Vicente Santos. A banda nasceu da capacidade de sonhar que o Prog-Rock tinha pernas para andar e podia sair do armário sem cheirar a naftalina. Adeptos de cantigas longas e de fazer viajar quem os ouve. É música pela música, uma espécie de fusão entre Pink Floyd e Death From Above, ELP e QOTSA, Yes e Mastodon, Camel e Tool, num caldeirão de influências que se insinua, mas nunca transborda e que faz ponto caramelo na palavra cantada de dois irmãos que só sabem harmonizar em português.
Os Fogo-Fogo assumem a mais primordial das missões: fazer dançar sem truques, atirando-se a funanás e a música de festa africana como se a década de 80 tivesse sido ontem.
Com apenas 20 anos de idade, Janeiro apresentou o EP de estreia, “Janeiro”, gravado num estúdio improvisado em casa. O tempo passa rápido e o álbum de estreia já está aí. Mais profissional, “Fragmentos” representa os momentos que se unem na confusão das referências que invadem o quotidiano do músico.
O percurso dos Prana sempre foi fundamentado pela amizade e pela liberdade criativa, com poemas cantados em português e muita energia depositada em cada actuação ao vivo. As influências são muitas e variadas: do clássico ao jazz, de Deftones a Mamonas Assassinas, de Pink Floyd a Carlos Paião. O quarto disco está a caminho.
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Com o compromisso de encher a Avenida de Música, o Super Rock Bus é o autocarro de serviço. Para cima e para baixo, a festa faz-se do centro da Avenida da Liberdade até aos Restauradores, levando a música ainda mais perto do público. Lá dentro não há palco, mas recomendamos que se agarrem bem, ao som de:
Funkamente é aquilo que apetece dizer quando Midnight e Bungahigh se juntam na cabine. Em conjunto acumulam muitas horas na pista e bastantes discos na coleção. O set é completamente back-to-back e esta batalha transforma-se numa colaboração que resulta em muita dança.
Os Hércules dedicam-se ao rock, inspirados por atmosferas mais psicadélicas, mas sem nunca esquecer a importância da palavra cantada. “Tarefas Modernas” é o disco de estreia, editado em 2018, e que nos oferece 8 desabafos em formato de canção. Já se sabe que não é fácil viver na modernidade, mas o rock dá uma ajuda.
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