Está a chegar outra vez aquela altura do ano. Aquela altura em que desempoeiramos os sapatos de bailar, a roupa do rock (não é a que vestimos todo o ano?) e começamos a consultar os horários dos barcos para o Barreiro. Está a chegar aquela altura do ano em que acontece o Barreiro Rocks, em que vamos à antiga cidade operária da Margem Sul do Tejo para reaver amigos, ouvir rock’n’roll e ter um fim-de-semana de arromba (não necessariamente por esta ordem).
Nesta 18ª edição, o festival terá quatro dias: começa dia 31 de Outubro e termina a 3 de Novembro. Aguenta-te fígado! E, como em anos anteriores, a proposta é a mesma: o melhor do rock’n’roll, em todas as suas vertentes, mas dando um poucachinho mais de ênfase à parte do roll, mostrando o que de melhor tem aparecido por aí sem desprezar os históricos. E este é um ano em que estes mesmos históricos estão em vantagem.
É logo na primeira noite do Barreiro Rocks que acontecerá esse revival dos anos 90. Não, não é que se esteja a embarcar naquela nova tendência bem irritante que tem dado origem às ainda mais irritantes festas do Revenge of the 90s. É, antes, uma vénia e um aceno a algumas das melhores bandas de rock nacionais que surgiram nessa década, e que não têm tido propriamente o relevo merecido, como praticamente tudo o que aconteceu no underground nos anos 90) – se bem que só agora, com o devido distanciamento temporal, ter sido possível fazer essa reavaliação.
O Barreiro Rocks deste ano começa assim com um line-up incrível que, para aí em 1994, nos teria feito soltar uma gotinha: os Lulu Blind, a histórica banda de Tó Trips e do clássico “Rita Hot Pussy” (e que vimos este ano, reunidos no Sabotage, a celebrar a reedição de “Dread”); os Gasoleene, a primeira banda do bluesman Fast Eddie Nelson; e Us Forretas Ocultos, banda mítica do Oeste português, responsável pela dinamitação rock da zona Alcobaça-Leiria. Nessa noite, no palco secundário – pertinentemente baptizado de Partyfiesta -, há ainda os Duendes do Umbigo, numa noite que coincide com as celebrações do Halloween. Terá sido coincidência? Se foi, certamente teve a bênção de todos os deuses e anjinhos que gostam de festa.
Mas o Barreiro Rocks gosta de nos lembrar, amiúde que foi o festival responsável por trazer pela primeira vez a Portugal os Black Lips ou, pela primeira vez à Europa, o Ty Segall. Por isso, este ano, a organização aposta tudo nos franceses Howlin’ Jaws, três putos que têm tudo para ser uma daquelas bandas que daqui por uns anos anda toda a gente a dizer que os viu quando eles ainda eram três putos a tocar no Barreiro Rocks 2018. É rock’n’roll com toques de rockabilly e country, com uma maturidade que espanta se tivermos em conta que: a) estamos a falar de três putos; b) nasceram em França e não nos Estados Unidos.
O parágrafo dedicado aos consagrados é inteirinho dedicado a King Khan, este ícone que já fez estragos no Barreiro Rocks por duas vezes. Agora, regressa com a sua banda mais punk (palavras da organização), os Louder Than Death, que antecipa caos do bom e muito noise gratuito. Tudo coisas saudáveis, portanto.
E, já que falámos em regressos, é a oportunidade de introduzir Vaiapraia e as Rainhas do Baile. Desde que tocaram no festival, há dois anos, a banda punk lo-fi tem crescido a olho vistos, tornando-se num dos furacões mais destrutivos deste país desde… a Leslie, se calhar, não? Depois há os Magnetix, que espalharam terror e rock’n’roll numa saudosa edição marcada pela estreia de outros putos, os Black Lips, e que agora regressam para provar que o formato duo ainda tem muito para dar no rock. E há, claro, Fast Eddie Nelson e os Tiger Picnic, mas nem podemos considerá-los um regresso já que fazem parte da casa. Por nós, tocavam no festival todos os anos!
O cartaz conta ainda com os Fugly (vamos ver se é desta que os vemos mesmo, depois dum concerto cancelado há dois anos), os Sun Blossoms, os Humana Toranja, os Kings of the Beach, os Palmers e os Algumacena, o novo projecto que junta o hiperactivo baterista Ricardo Martins (Lobster, voltem por favor) a Alex D’Alva Teixeira. Como de costume, tudo acontece na velhinha e charmosa sede dos Ferroviários e, dica importante, o bar será montado na rua. Por isso tragam agasalho, é capaz de estar fresquinho lá fora.
Bilheteira:
Passe geral: 30€
Bilhetes Diários
31 Outubro – 15€
1 Novembro – entrada gratuita
2 Novembro – 20€
3 Novembro – 20€
Bilhetes à venda em:
https://www.ticketea.com/entradas-festival-barreiro-
Mais info:
https://www.facebook.com/pg/barreirorocks
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