Segundo João Cerqueira, o filme “Jesus de Montreal” serviu de inspiração para a escrita do seu romance, mas ao ler “A segunda vinda de Cristo à terra” (Estação Imaginária, 2015) é com facilidade que recordamos “The Life of Brian”, dos saudosos Monty Phyton, ou que se estabelece uma relação com o livro de John Niven, “The second coming” (a própria capa é extremamente semelhante).
Os prémios entretanto recolhidos pelo autor, em grande ou exclusiva parte nos Estados Unidos, oferecem à partida um atestado de qualidade e originalidade, ainda que os mesmos se reportem a anterior obra, “ A tragédia de Fidel Castro”.
Em “ A segunda vinda de Cristo à terra” somos inicialmente conduzidos por caminhos rurais de Portugal, numa perseguição aos cultivadores de milho transgénico feita por um grupo algo desorganizado de ambientalistas. Numa perspectiva nossa e muito portuguesa, onde não existe uma grande tradição de organização nas lutas ambientais (na verdade em quase nenhumas lutas, tirando por vezes as batalhas futebolísticas).
Jesus, chegado não se sabe muito bem de onde nem porquê, é atraído ao grupo, em especial por «Madalena», que lhe coube novamente em sorte. Daí até final não mais se separam, acabando ambos por assentar num bairro social tipicamente Luso e numa guerra étnica onde se tornam mediadores de paz.
O reconhecimento do Portugal contemporâneo faz-se com facilidade através dum tom irónico, que por todo o livro vai traçando e caracterizando de forma mordaz a nossa sociedade, as suas castas sociais mais pitorescas, repletas de vícios e tipicidades.
Estabelece-se assim uma relação com os testamentos bíblicos divinos, assente no paralelismo das personagens das duas histórias, apesar dos meios e épocas distintos. Jesus age como ele próprio, conciliador e pacífico. Desaparece de cena quase no mesmo registo em que entra, sem se perceber muito bem como nem qual o destino… Mas afinal, não é o povo que diz que “deus escreve direito por linhas tortas”?
3 Commentários
[…] A Segunda Vinda de Cristo à Terra – João Cerqueira – Deus me […]
Esse prêmios são todos comprados, são vanity award. Faça a tua investigação.
O senhor faz acusações graves e devia prová-las.
A segunda vinda de Cristo à Terra venceu a medalha de prata do 2015 International Latino Book Award. O prémio foi criado há 17 anos pelo actor Edward James Olmos e tem o apoio da American Library Association.
Teve a participação de autores de 17 países e contou com 192 júris.
A escritora Isabel Allende foi uma das premiadas – também terá comprado o prémio?
https://app.box.com/s/wbx8o2beavfo1gf1apvqp8hyco4afo8l
Já agora, se se pudesse comprar o prémio, mais valia eu ter comprado o primeiro lugar, não?
E se bastasse pagar para ter os outros prémios, então haveria dezenas ou centenas de vencedores em cada categoria. Mas há apenas um vencedor.
Por fim, concorri a mais três prémios nos EUA, entre os quais o Independent Publisher Awards (IPPYS), e, imagine só: paguei a entrada e nem sequer nomeado fui…