Está fechado o cartaz para a quinta edição do Tremor. Do programa fazem parte mais de 40 concertos, cerca de dez residências artísticas, diversas actividades paralelas e um ciclo de conversas orientadas pela plataforma The Creative Independente, que farão da ilha de São Miguel o epicentro para uma experiência que, partindo da música, desafia visitantes e locais a descobrirem algumas das mais recentes tendências criativas, em relação directa e próxima com a comunidade e o território.
A lista de concertos encerra com as presenças de Sheer Mag, 10000 Russos, Gonçalo, O Gringo Sou Eu e Lava Jazz Quinteto. No trabalho desenvolvido com a comunidade, o fotógrafo Daniel Blaufuks apresenta o filme “Levantados do Chão”, musicado pela Banda Lira Sete Cidades; os músicos Rafael Carvalho e Flip redescobrem novos espaços para a viola da terra; o colectivo Ondamarela une-se à Associação de Surdos da Ilha de São Miguel e a músicos locais para criar Som Sim Zero; a fotógrafa Pauliana Valente Pimentel inaugura a exposição “O Narcisimo das Pequenas Diferenças”; Renato Cruz Santos e Duarte Ferreira, durante o festival, documentam a experiência através de som e imagem para dar vida ao trabalho multimédia “O Lugar da Paisagem”; e O Gringo Sou Eu junta-se, num espectáculo inédito, à Escola de Música de Rabo de Peixe.
Para os mais novos estreia Acalanto, do colectivo Pele, uma performance inter-geracional com grávidas, seniores e crianças; e Impromptu, um jogo que envolve todos os presentes numa orquestra, sem ensaios e com músicos de todos os cantos da sala.
Entre os dias 20 e 24 de Março, serão muitas as razões para percorrer São Miguel e descobrir a singularidade criativa da maior ilha dos Açores. Os bilhetes para o festival açoriano estão disponíveis por 35 euros na Bilheteira Online, FNAC, Worten, CTT, El Corte Inglés, La Bamba, A Tasca, Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas e nos restantes pontos de venda aderentes.
Fica o press release que antecipa o Tremor que se avizinha.
Concertos
Oriundos de Filadélfia, os Sheer Mag canalizam, em “Need To Feel Your Love” (2017), o momento social e político que atravessamos. Cautelosa mas recheada de intenções, a música que fazem é dolorosa e urgente, espiritualmente perdida e detentora de uma dor moderna: a do povo que sente a sua chama a ponto de se extinguir, mas que, ao mesmo tempo, levanta as mangas e toma as ruas. É este o nome que completa o quadro internacional de actuações neste Tremor 2018 que, recordamos, integra ainda o hip hop sem género de Mykki Blanco, a nostalgia psicadélica dos Boogarins, as paisagens citadinas dos Liima, as incursões dos The Mauskovic Dance Band pelo afrobeat e a cumbia, o resumo histórico e actualizado das referências musicais turcas dos Altin Gun, a intemporal voz de Mal Devisa, o detalhe musical de Baby Dee, a alegria tuaregue do rock de Mdou Moctar e a atitude provocatória de Miss Red.
Embaixadores para novas formas de olhar os concertos ao vivo serão, nesta quinta edição, as melodias luminosas e dialectos inventados dos Zulu Zulu; o testemunho performativo dos Snapped Ankles sobre a Londres criativa que foge da normalização; e a viagem desconcertante pela beleza mais escura da mente de Lone Taxidermist.
Muitas são também as visitas nacionais, do regresso aos palcos de Três Tristes Tigres até aos Dead Combo (em vésperas de lançarem novo disco), passando pelo já lendário caos punk dos The Parkinsons. Nova geração de vozes com os universos electrónicos dos Ermo e de Bleid, a música-camaleão de Gonçalo, o noise shamânico dos 10000 Russos e a experimentação desprendida de género de Paisiel, Julius Gabriel ou José Valente. O compromisso com a música açoriana de hoje é assinado com as presenças de Fugitivo, Goldshake, We Sea, Voyagers e Lava Jazz Quinteto.
Encarregues por encerrarem os dias de festival com festa, estão Dj Milhafre, Victor Torpedo Karaoke. D. Wattsriot e La Flama Blanca.
Residências Artísticas
O programa de residências artísticas do Tremor ocupa o pilar da criação artística, princípio pelo qual o festival se dirige desde a primeira edição. Um convite a artistas, músicos, fotógrafos, performers, videastas, artistas plásticos para desenvolverem e ensaiarem novos projectos localmente, em parceria com diversas comunidades da ilha.
“Levantados do Chão”, por Daniel Blaufuks e Banda Lira Sete Cidades
O Hotel Monte Palace é um dos mais icónicos espaços da ilha de São Miguel. Com a Vista do Rei das Sete Cidades como cartão de visita, é um hotel de 5 estrelas que esteve aberto apenas durante um ano. Depois de décadas fechado, em 2012, foi definitivamente abandonado e totalmente saqueado. Respondendo a um desafio lançado pelo festival Tremor, o multi-premiado fotógrafo e videasta Daniel Blaufuks junta-se à Banda Lira das Sete Cidades para criar um vídeo musicado que revisita o espaço. O projecto, que será apresentado na abertura oficial do festival, contou com o apoio do Pico Refúgio – Casas de Campo, Museu Carlos Machado e Level Constellation.
“Som Sim Zero”, por Ondamarela + Asism + Convidados
Orientado pelo colectivo Ondamarela, este projecto artístico de índole musical explora a relação dos participantes com o som e o espaço. O trabalho, desenvolvido com a Associação de Surdos da Ilha de São Miguel e com músicos açorianos, resulta numa performance única e irrepetível, reflexo da construção colaborativa e da relação criada entre os diferentes elos e conhecimentos envolvidos. Através da mobilização de diferentes comunidades em torno de um desafio artístico, pretende criar novas experiências e memórias, assim como novas relações com a actividade musical. Este projecto é activado com o apoio da Galp e da A.C.Cymbrom, SA.
Aisha Devi + Emile Barret
Numa resposta ao desafio lançado pelo Tremor, Aïsha Devi volta a juntar-se a Emile Barret, desta vez num espectáculo original desenvolvido nos Açores, para ser apresentado no âmbito do festival. Uma actuação multidimensional onde música e imagem se encontram, que conta com o apoio do Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas.
O Gringo Sou Eu + Esmúsica.Rp
Desde a sua terceira edição que o Tremor tem vindo a trabalhar com a Escola de Música de Rabo de Peixe, possibilitando a este projecto sociocultural, com 70 alunos de jazz, o encontro com novos artistas, experiências, técnicas e repertórios. Na edição 2018, a Escola de Música de Rabo de Peixe alia-se a O Gringo Sou EU, artista que actua na área sociocultural formando colectivos musicais em comunidades desfavorecidas do Rio de Janeiro ou em bairros sociais portugueses. Utilizando a metodologia do bloco de concreto (percussão com materiais descartáveis), o artista orienta um laboratório que explora as valências musicais de cada aluno através da percussão e que leva à criação de um espectáculo singular.
Rafael Carvalho + Flip
Rafael Carvalho é, aos dias de hoje, um dos principais porta-estandartes da viola da terra, um instrumento cheio de simbolismo e tradição para o povo açoriano; Filipe Caetano (FLiP), uma das mais reconhecidas vozes da música experimental da ilha. Nesta residência artística, promove-se o encontro das práticas da música electrónica com as técnicas tradicionais da viola da terra. Uma oportunidade única para aproximar dois artistas de universos musicais distintos, num exercício de experimentação que aponte novos futuros para o património musical dos Açores.
“O Narcisimo das Pequenas Diferenças”, de Pauliana Valente Pimentel
Numa parceria entre o Tremor, a Galeria Fonseca Macedo e o Walk & Talk, a fotógrafa Pauliana Valente Pimentel realizou, ao longo de 2017, um projecto de criação artística em São Miguel, que pretende retratar a juventude da ilha em bairros localizados na Ribeira Grande, em Ponta Delgada, na Lagoa e em Vila Franca do Campo. Interessou-lhe explorar diferentes questões relacionadas com a personalidade e as envolventes sociais e culturais da juventude da ilha e, com isso, criar um mundo de opostos onde se espelham os múltiplos futuros das novas gerações açorianas.
“O Lugar da Paisagem”, de Renato Cruz Santos e Duarte Ferreira
Através da fotografia e do som, propõe-se uma exploração do lugar através das ideias a ele associadas, olhando-se a paisagem, mas também o significado individual que ela esconde. A natureza, as gentes e os locais. A música, a performance e o palco são o foco de trabalho de Renato Cruz Santos e Duarte Ferreira. Um projecto multimédia que resultará numa instalação/exposição que pretende reflectir a experiência do Tremor.
Tír Na Gnod
Continuando o trabalho essencial na criação de um roteiro cultural pela ilha, o Tremor convida os Tír na Gnod, versão duo dos Gnod com Paddy Shine e Marlene Ribeiro, para serem os autores 2018 da banda sonora do Tremor Todo-o-Terreno: composições musicais desenvolvidas na ilha, para serem ouvidas ao longo de dois percursos pedestres rodeados pela natureza mágica de São Miguel, que se completam ao vivo, no fim de cada trilho.
“Acalanto”, por Pele
Orientada pelo colectivo Pele, esta residência propõe a criação de um espaço de encontro, partilha e registo, entre diferentes gerações de mães e pais, a partir de histórias e canções de embalar, manifestações culturais tão marcadas na nossa identidade. Direccionada ao público familiar e integrada na secção Mini-Tremor, a mesma partirá da recolha de um conjunto de canções embalar para a construção de um espectáculo colaborativo que incluirá séniores, grávidas e habitantes da ilha de São Miguel.
O Tremor Todo-o-Terreno
Anualmente o Tremor convida um artista para criar um trabalho de composição musical que se relacione com um percurso pelo património natural da ilha, propondo uma experiência única e site specific. O desafio é a criação de dois momentos complementares: uma banda sonora que acompanhe a caminhada e uma apresentação ao vivo para o seu fim. O Tremor Todo-o-Terreno deste ano será assumido pelos Tír Na Gnod.
Tremor na Estufa
Imagem de marca do festival, a secção Tremor na Estufa desafia artistas do festival a tocar em vários lugares da ilha. Concertos únicos, secretos e com lotação limitada, onde o público embarca numa viagem surpresa para descobrir nova música e lugares singulares da ilha de São Miguel. Uma proposta que, ao fazer deslocar a ideia de fruição de música, cria novas experiências em espaços inusitados ligados ao património natural, cultural e histórico dos Açores.
Conversas
Em Conversa com The Creative Independent é um ciclo de debates com moderação do jornalista, poeta e professor T. Cole Rachel, editor do website nova-iorquino especializado em entrevistas a artistas. Estas conversas contam com vários artistas do festival, especialistas em cultura, tecnologia e políticas culturais e sociais. Esta iniciativa é integrada no programa Woman Soon, apoiado pela FLAD e a Embaixada dos Estados Unidos da América, e pretende olhar várias questões relacionadas com o papel da mulher na indústria criativa e musical. Das conversas participarão artistas do evento, tais como Pauliana Valente Pimentel, Mal Devisa, Tina Halladay (Sheer Mag), entre outros, bem como está confirmada a as presença de Maria Miguel Ferreira, da Startup Portugal.
Woman Soon
A programação deste Tremor 2018 integra um percurso programático que pretende olhar, debater e pensar o papel da mulher na indústria criativa portuguesa e dos Estados Unidos. A par do ciclo de conversas orientadas por T. Cole Rachel, fazem parte deste circuito os concertos de Mal Devisa, Baby Dee, Sheer Mag, Mykki Blanco, Três Tristes Tigres e BLEID. Este ciclo conta com o apoio da FLAD e Embaixada dos Estados Unidos da América.
Mini-Tremor
Concertos, laboratórios, instalações, cenografias interactivas e animação infantil são algumas das iniciativas através das quais o Mini-Tremor – espaço infanto-juvenil e familiar do festival – pretende estimular a população local e visitante para a criação e fruição musical. Na edição deste ano, duas propostas eixo: a residência Acalanto, orientada pelo colectivo Pele, que propõe a criação de um espectáculo colaborativo com base em canções de embalar; e o projecto Impromptu, proposto pela dupla micaelense André Melo e Mário Moniz.
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