Pode uma cassete salvar o universo de uma aniquilação total? A resposta parece ser óbvia, mas se colocarem esta questão a James Gunn, o guardião dos guardiões e realizador dos (até agora) dois filmes que levaram a brincadeira marveliana ao grande ecrã, a resposta é bem capaz de ser um sentido sim.
Entre a venda de bilhetes e baldes de pipocas e os muitos elogios da crítica, “Os Guardiões da Galáxia”, estreado em 2014, apresentava uma banda sonora de se lhe tirar o chapéu, que incluía clássicos dos anos 70 e 80 e malhas tão incríveis quanto “Hooked on a Feeling” – sim, aquele que o Tarantino desenterrou em “Reservoir Dogs” e que oferece um verso tão inesquecível quanto “ooga chaka ooga ooga” (e por aí fora e em modo loop).
Era assim inevitável a sequela, mas a pergunta que muitos colocavam era esta: estaria Gunn à altura de desenterrar do baú outra dezena e tal de clássicos, uns conhecidos e outros mais obscuros? A resposta foi dada em “ Guardians of the Galaxy Vol. 2 (Awesome Mix Vol. 2)” e, uma vez mais o resultado é surpreendente.
Logo a abrir temos “Mr. Blue Sky”, um tema dos Electric Light Orchestra com uma costeleta Beatlesiana, que serve de bitola para o que vem a seguir. Partimos à caça da raposa com os Sweet, num tema que se poderia dizer gémeo siamês de “Surrender”, dos Cheap Trick. Dois temas de rock enérgico com que se farão filmes mentais com muita facilidade.
Mas nem só de rock enérgico se escreve esta rodela, como é disso exemplo “Bring It Home To Me”, uma canção de Sam Cooke que, se bem cantada em jeito de sedução, levará qualquer homem ou mulher à cama.
Clássicos intemporais também os há, como o são “My Sweet Lord”, o mantra místico de George Harrisson, “The Chain”, um prenúncio de separação desenhado pelos Fleetwood Mac, ou a lição de vida e moral chamada “Father and Son”, de Cat Stevens.
Para dançar o slow entre o agarranço e uns tímidos pezinhos de dança há, por exemplo, “Come a Little Bit Closer”, cantado em estilo de convite pelos Jay and the Americans. E não faltam temas mais virados para o lado obscuro, como “Wham Bang-Shang-A-Lang”, dos Silver, que se entranha sem sequer se chegar a estranhar. Uma enorme banda sonora que serve o filme como uma luva – mas que a ele sobrevive com muita classe e um tremendo bom gosto.
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