“O que é que guardas nesta linha, avó?
E o que é que está nestas pequeninas?”
É esta a pergunta que uma jovem neta faz à avó no dia de aniversário desta. Intrigada com o facto de a avó parecer estar, ao mesmo tempo, feliz, triste, surpreendida e ligeiramente preocupada, a avó diz-lhe que talvez isso se deva às “linhas que marcam o seu rosto”, que são muitas mas não a magoam. O seu rosto é, antes, uma espécie de livro semi-aberto onde as memórias estão escondidas à vista de todos.
Intrigada com estas pequenas linhas, a neta decide testá-la apontando-as à vez. A partir daqui, duas gerações permeadas por outras tantas fazem uma viagem ao passado, recordando a primeira descoberta, o melhor piquenique à beira-mar, um encontro sobre rodas, o primeiro e difícil adeus ou um momento verdadeiramente feliz, que simboliza, de certa forma, a perpetuação da efémera existência através da família.
Após “Quero um abraço” e “O que aconteceu à minha irmã?”, “O Rosto da Avó” (Orfeu Negro, 2016) continua a revelar Simona Ciraola como uma ilustradora e contadora de histórias apontadas às emoções, com algum humor e desenhos que, aqui, chegam a parecer fotografias retocadas que mostram momentos de felicidade e, também, de alguma tristeza. A vida, portanto.
Sem Comentários