Alex Cameron | “Jumping The Shark”
Em 2014, Alex Cameron lançou na Internet, por sua conta e risco, “Jumping The Shark”. Dois anos mais tarde, a editora Secretly Canadian decidiu recuperá-lo e editá-lo, permitindo que chegasse a um público maior. No seu álbum de estreia, o músico brinda-nos com uma electro-pop dançante, mas também introspectiva. Como se Twin Shadow de “Confess” regressasse sem as guitarras, pedindo ainda os sintetizadores aos The Cure e o piano aos Arcade Fire de “Neon Bible”. Prova disso são os temas “Take Care Of Business” ou “Real Bad Lookin”, onde Cameron dança – ver videoclip – a fazer lembrar Samuel T. Herring dos Future Islands no corpo de Nick Cave. “Jumping The Shark” resulta assim num dos álbuns mais aliciantes de 2016, com tudo o que os álbuns pop devem ser: viciantes, orelhudos, provocadores e sentimentais. Dia 21 de Outubro o australiano passa pela ZDB (com primeira parte de Surma) naquela que será uma das poucas oportunidades de o ver numa sala intimista – até porque os segredos são cada vez mais difíceis de guardar.
Woods | “City Sun Eater in the River of Light”
Em 2014, “With Light and with Love” valeu aos Woods presença nas melhores listas do ano e duas presenças em Portugal. Primeiro no Reverence Valada em 2014 e, depois, em 2015 no Vodafone Paredes de Coura. Este ano regressaram com “City Sun Eater In The River Of Light”(Shrimper Records), disco que mantém a sua indie folk psicadélica e sentimental num patamar elevado. A destacar os temas “Sun City Creeps”, “Politics of Free” ou o primeiro single, “Can’t See at All”.
Preoccupations | “Preoccupations”
Primeiro álbum com a designação “Preoccupations”, segundo de originais. Confusos? Nós explicamos. Os Preoccupations são os antigos Viet Cong. Depois de alguma polémica, a banda decidiu mudar o nome e aparecem agora como Preoccupations, precisamente o título que dá nome ao álbum. Mas se a banda mudou de nome, já a sua música continua com a fórmula que lhes valeu rasgados elogios enquanto Viet Cong: post-rock, noise, nervos à flor da pele e muito negrume. Em 2015 estrearam-se em Portugal no Nos Primavera Sound para apresentar o homónimo álbum de estreia – ou será agora “Viet Cong”? Não sabemos. Sabemos é que por cá já desesperamos por outro concerto destes canadianos.
Suuns | “Hold/Still”
Os Canadianos Suuns foram durante algum tempo um segredo que só alguns dos melómanos mais atentos conheciam, mas com “Hold/Still” conseguiram este ano chegar a outras paragens, como aconteceu com a presença no Vodafone Paredes de Coura. E fizeram-no com um registo mais negro e psicadélico que os anteriores trabalhos e onde a eletrónica é predominante, como podemos comprovar em temas como “”Instrument” ou “UN-NO”. “Hold/Still” não é, na nossa opinião, o melhor álbum dos Suuns, mas é bom o suficiente para manter o hype e os fazer entrar nesta lista de álbuns mais incríveis de 2016.
Savages – “Adore Life”
Mais um disco que saiu no início deste ano e que não queremos esquecer. Em Fevereiro escreveu-se isto por aqui sobre o novo das Savages: “O segredo da banda, apesar de ser aparentemente simples, está ao alcance de poucas bandas: a forma genuína com que fazem música. Em comparação com “Silence Yourself”, “Adore Life” é um disco mais humano, como comprova o tema “Adore”, com uma densidade sentimental tão grande que é bem capaz de nos pôr de lágrima no canto do olho: “I understand the urgency of life; In the distance there is truth which cuts like a knife; Maybe I will die maybe tomorrow so I need to say; I adore life”. Numa das suas entrevistas, as Savages afirmaram que “Adore Life” “é sobre metamorfose e evolução (…) mas, acima de tudo, sobre o amor, sobre todos os tipos de amor. O amor é a solução.” E é exactamente o amor que delas recebemos que nos salva, o mesmo amor que as continua a manter no patamar elevado para o qual “Silence Yourself” as catapultou – e onde “Adore Life” as mantém. De punho cerrado e bem erguido afirmamos de viva voz: “We Adore Savages.”
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