Fim de festa no NOS Alive 2016, um festival que parece sofrer de insónias e que, ainda longe de a apanha dos confettis estar concluída, anunciou já as datas para a edição de 2017: 6, 7 e 8 de Julho. Um festival cada vez mais internacional, seja pelo público ou pelo número de jornalistas presentes, e que é hoje uma das grandes referências europeias no que a festivais de música diz respeito.
No último dia, os destaques – por ordem de mérito e de improbabilidade – vão para o serviço de bar aberto em modo margaritas fornecido pelos Calexico, a retocada festa dos Arcade Fire e a discoteca pop a céu aberto trazida pelos M83 que, contrariando todos os apostadores festivaleiros, deram um concerto tremendo. Feitas as contas, poderá dizer-se que a 10ª edição do NOS Alive foi, sem qualquer dúvida, atravessada pela ideia de electrónica.
Praticantes de uma pop mergulhada em tequilla e com burritos a acompanhar, os Calexico foram protagonistas de um sunset à moda mexicana, alternando entre temas mais mornos e outros mais melosos com tudo aquilo a que nos têm habituado ao longo destes anos: a poeira americana, o western spaghetti, os casamentos mariachis, um pouco de jazz e o ADN latino sempre a fazer das suas.
Quanto aos Arcade Fire, a verdade é que os canadianos já nos tinham tratado de avisar, logo no requintado Funeral e através do hino “Wake Up”, que a vida não seria sempre um mar de rosas: “Somethin’ filled up my heart with nothin’. Someone told me not to cry. But now that I’m older, my heart’s colder, and I can see that it’s a lie.” Ainda assim, mesmo que se tenham passado 11 anos desde o mítico concerto de Paredes de Coura, que o IRS nos ande a dar conta dos miolos e que a pequenada consuma um direito de antena ao nível de uma eleição presidencial, com os Arcade Fire um concerto será, sempre, sinónimo de uma festa imensa. Os canadianos têm sabido crescer e, quem os tem acompanhado desde o início, tem também sabido crescer com eles.
É verdade que já não se pula como antigamente, que desapareceram as latas amolgadas e que o rock mais descarnado e visceral deu agora lugar a uma roupagem mais dançante – que, em relação a temas mais antigos resulta umas vezes melhor e outras nem por isso – mas, como se pôde ver ontem, a banda continua de muito boa saúde.
Já os M83 protagonizaram um dos grandes concertos desta edição do NOS Alive, escolhendo a dedo uma setlist apontada à pista de dança onde, pelo meio, surgiram algumas malhas ao estilo de uns Sigur Ros mais urbanos. Um jogo de luzes fantástico, um som muito bem definido e uma banda em sintonia perfeita, fecharam de forma sublime os concertos do palco principal. Até para o ano.
Galeria Fotográfica (9 Julho)
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