Olhando assim de relance para a carreira do brasileiro Rodrigo Amarante, esta parece estar cheia de contradições, sem nada que faça muito sentido. E, no entanto, damos um passo atrás e, ao vermos a imagem toda, tudo se encaixa naturalmente e com a maior coerência possível. Ora vejamos.
Ouvimos falar de Rodrigo Amarante pela primeira vez nos Los Hermanos, a banda que mantinha com Marcelo Camelo. Condenados a estarem para sempre associados a esse otoverme terrível que foi “Ana Júlia”, os Los Hermanos passaram ao lado de muito boa gente incapaz de acreditar que eram uma das melhores bandas pop nascidas em terras de Vera cruz.
Com os Los Hermanos desfeitos, Marcelo Camelo começou a ganhar protagonismo com a sua carreira a solo (e, mais recentemente, com a Banda do Mar), enquanto Amarante foi viver para os Estados Unidos. Em Los Angeles formou os Little Joy, juntamente com o baterista dos Strokes, Fabrizio Moretti. Porém, bastou um disco homónimo – lançado recebido por críticas favoráveis -, ecos de Tropicália misturados com o indie-rock luminoso de Los Angeles e os Little Joy davam a sua curta carreira por terminada.
Até que, em 2013, ouvimos pela primeira vez notícias de Rodrigo Amarante a solo. Notícias que começaram a chegar via youtube e que nos faziam perguntar: “Mas quem é que lança um disco no youtube?”. No entanto, assim que o começámos a ouvir esquecemo-nos logo disso. “Cavalo” – assim se chama o álbum – rapidamente entrou nas listas dos melhores discos do ano em muitas publicações respeitáveis. É um daqueles álbuns especiais, frágeis e quase rarefeitos, que parecem desfazer-se depois de muitas audições, ficando depois a tocar no nosso íntimo para todo o sempre.
Los Hermanos, Little Joy e “Cavalo”: eis a carreira de Rodrigo Amarante resumida em três pequenos (mas ao mesmo tempo muito grandes) passos. Aparentemente, três passos com pouco a ver entre si, mas que têm tanto em comum – e cujas colaborações, levadas a cabo entretanto com gente como Devendra Banhart ou Tom Zé, fazem tanto sentido e ajudam a complementar essa história.
Já o vimos mais do que uma vez e foi sempre especial, tanto em concertos íntimos na ZdB como no palco do Primavera Sound. Agora volta a Portugal para cinco datas acompanhado apenas pelo seu violão, onde deve apresentar músicas novas do muito aguardado sucessor de “Cavalo”. A primeira é já dia 28 de Junho, no Teatro Tivoli, seguindo-se Faro, Leiria, Aveiro e Braga. E, desta vez, deverá haver ainda mais gente para ver aquela que a Rolling Stone considerou uma das mais importantes vozes brasileiras da actualidade. É que “Tuyo”, o tema que Amarante fez para a série da Netflix, “Narcos”, levou o seu nome ainda a mais gente. Rodrigo Amarante já não é um segredo.
Concertos em Portugal:
Teatro Tivoli, Lisboa: 28 Junho
Teatro das Figuras, Faro: 29 Junho
Teatro José Lúcio da Silva, Leiria: 30 Junho
Teatro Aveirense, Aveiro: 1 Julho
Theatro Circo, Braga: 2 Julho
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