DJ Shadow tornou-se um nome de proa da cultura DJ com o magnífico álbum de estreia “Endtroducing”, de 1996. O jovem produtor de São Francisco tinha apenas 24 anos quando inventou a sua abordagem inédita ao hip-hop instrumental. Foi um tiro na mouche: o disco mudou a percepção não só do género hip-hop como, também, da edição de música em geral: trouxe legitimidade artística à prática do sampling.
Espécie de arqueólogo musical, Joshua Davis criou “Endtroducing” a partir de pilhas de discos velhos, encontrados na gigantesca cave da Rare Records, loja de discos em Sacramento, Califórnia. Construído praticamente só com samples, o álbum junta no mesmo saco batidas jungle, clássicos perdidos do funk e do jazz, psicadelismo, música clássica e bandas sonoras manhosas.
A mestria técnica na manipulação de sons é inegável: o trabalho pioneiro funde todos estes estilos, povoando-os com beats experimentais, vozes fantasmáticas, texturas electrónicas e lascas de jazz orgânico. DJ Shadow fez a sua carreira com o peso deste disco sobre os ombros: nunca mais teve o mesmo impacto, por mais inspirados que tenham sido os seus trabalhos posteriores.
Em 1998 juntou-se a James Lavelle, um dos fundadores da editora Mo Wax, para gravar “Psyence Fiction”, disco de estreia do projecto UNKLE. Convocou um invejável naipe de pesos pesados musicais – Thom Yorke, dos Radiohead, Richard Ashcroft, dos The Verve, Mark Hollis, dos Talk Talk e mais alguns figurões marcaram presença num projecto colaborativo que expandia o hip-hop para terrenos mais roqueiros.
DJ Shadow editou ao longo da sua carreira quatro álbuns em nome próprio, para além das incontáveis colaborações, projectos e remisturas. O último LP de originais, “The Less You Know The Better”, data de 2011. Entretanto tem andado ocupado: em 2012 fez o balanço da actividade com a colectânea “Reconstructed: The Best of DJ Shadow”; lançou a editora Liquid Amber, em 2014, e editou em 2015 um single sob a designação de Nite School Klik, com o seu amigo G Jones.; e ainda arranjou tempo para fazer uma digressão com Cut Chemist, sob a designação de Renegades of Rythm, a girar velhos discos de hip-hop da colecção do DJ Africa Bambaata.
2016 será outro ano em grande para DJ Shadow: o mago das mesas de mistura lança em breve o seu quinto LP – a 24 de Junho -, “The Mountain Will Fall”, e um dos avanços já é conhecido. Uma grande malha chamada «Nobody Speak», que conta com as frases secas e virulentas do duo americano Run The Jewels.
O espectáculo do lendário produtor no SBSR – Palco Carlsberg, 14 de Julho – será um exercício de nostalgia pelo seu legado mas, também, uma oportunidade para ver um génio da música, ao vivo, a fazer aquilo que faz melhor: misturar sons para deleite do público.
Super Bock Super Rock 2016
14 a 16 Julho
Parque das Nações, Lisboa
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