As agulhas cerzem com muita convicção, entre o saber de gerações e a vontade de criar coisas novas. Estamos em Cem Soldos, a aldeia que passou a figurar no mapa e na cabeça dos portugueses graças ao Bons Sons, um festival – palavra que os organizadores querem a todo o custo evitar para evitar uma colagem à concorrência desigual – que, desde 2006, se tem dedicado a mostrar o que de bom vai acontecendo na música portuguesa.
Para quem apenas tenha estado na aldeia durante a festa, a ideia que fica numa visita a alguns meses do evento é a de que, por uma qualquer partida do destino, Cem Soldos encolheu. Estar no largo principal da aldeia, com todas as portas fechadas e os carros estacionados como querem, dificulta o exercício de visualizar um palco imenso, uma torre que serve de casa e inspiração a DJs, uma imensa esplanada que também serve de plateia à distância e aquele imenso tapete verde onde se vai descansando entre batalhas musicais. Quanto ao Palco Eira, o exercício é ainda mais complicado, uma vez que o mato aproveitou que todos lhe virassem costas para recuperar o seu domínio. Mas a verdade, essa, é apenas uma: quando Agosto chegar, a aldeia estará vestida a preceito para receber a festa, abrindo portas, cedendo quintais, partilhando casas, vivendo uma aldeia que é a sua mas que, durante quatro dias, se transforma numa aldeia global, pela qual passarão cerca de 35000 pessoas ao longo de quatro dias.
No lançamento da edição de 2016 do Bons Sons – 12 a 15 Agosto -, que contou com a presença de João Rufino – dos Lodo -, Flak e Diego Armés – que discutiram o estado da música actual e revisitaram outros tempos -, Luís Ferreira voltou a reafirmar o Bons Sons como um “projecto cultural” que procura centralizar e elevar a cultura como a essência da condição humana. O director do Bons Sons fez uma exposição sobre a forma como a aldeia vive em áreas como a Educação, o Turismo, o Desporto, a Cultura, o Urbanismo e o Envelhecimento, revelando muito que está a ser feito e daquilo que está para vir. Se os jovens da aldeia pegaram no que tinham à mão para realizar o documentário “Este Povo”, foi também revelado um novo festival – o Caldelas Fest -, que terá lugar nos dias 4 e 5 de Novembro e que fará de Cem Soldos uma aldeia com o espírito do Bons Sons onde, à portugalidade, se irão juntar sons dos Estados Unidos da América, Catalunha, Nova Zelândia, Escócia, Espanha e Reino Unido.
Aos 39 nomes já conhecidos foram acrescentadas os últimos onze, o que significa que por Cem Soldos irão passar 50 concertos em 4 dias. Deixamos a apresentação dos últimos nomes confirmados e, também, o alinhamento do Bons Sons para cada um dos dias. Até lá, trataremos de apresentar o lado menos conhecido dos artista e bandas que irão passar por Cem Soldos. O espírito, esse, mantém-se: vem viver a aldeia!
As últimas 11 confirmações
(Do press release)
“Nome incontornável da música portuguesa, Jorge Palma, compositor, poeta, intérprete e exímio pianista, estará presente com banda completa.
Vera Mantero apresenta “Os Serrenhos do Caldeirão, exercícios em antropologia ficcional”, peça em que a coreógrafa vai além da dança para, numa experiência também sonora, falar da sabedoria perdida dos povos.
Também toca nos projectos Roncos do Diabo e Ai!, mas é a solo que Tiago Pereira se apresenta, aos comandos dos instrumentos de percussão tradicional portuguesa.
Galardoado com o prémio para Melhor Banda Sonora de 2015 no Los Angeles Independent Film Festival, André Barros apresenta-se no seu íntimo nostálgico, com um piano emoldurado num quarteto de cordas.
Os ícones das “Noites Príncipe” da Musicbox, em Lisboa, assentam arraiais até de madrugada, a debitar os sons num apurado ritmo e balanço. São eles DJ Lilocox, Niagara e Puto Márcio.
Os clássicos revisitados pela guitarra e piano de Os Tunos prometem novas versões de temas icónicos, do fado à lambada.
Depois de muito escavar nas feiras, durante meses, por bandas duvidosas, virtuosos improváveis, versões em mandarim, artistas de variedades e discos promocionais, DJ Rubi Tocha traz tudo à baila numa só noite.
A partir de gravações de campo, Luís Antero formou um corpo constituído por 100 sons que respondem à questão: a que soa Cem Soldos? “Cem Soldos, 100 Sons” convida a mergulhar na paisagem acústica da Aldeia, projectando sensações, valorizando uma identidade e arquivando uma memória.
Quem és tu, Laura Santos? é simultaneamente uma pergunta intrigante e o nome da actuação que irá receber os primeiros visitantes do BONS SONS. A festa começa com êxitos seleccionados que se estendem da radiofonia dos anos 60 aos (in)sucessos contemporâneos.”
Alinhamento por dias e palcos
12 Agosto
Palco Lopes-Graça
Danças Ocultas & Orquestra Filarmonia das Beiras
Kumpania Algazarra
Palco Eira
Best Youth
Sensible Soccers
Palco Giacometti
Pega Monstro
Birds Are Indie
Palco Aguardela
Cláudia Duarte
Palco Tarde ao Sol
Indignu
Palco MPAGDP
Alentejo Cantado
João e a Sombra
Auditório
Luís Antero
13 Agosto
Palco Lopes-Graça
Cristina Branco
Deolinda
Palco Eira
LODO
Da Chick
Palco Giacometti
Grutera
Lavoisier
Palco Aguardela
DJ Lilocox + Niagara + Puto Márcio
Palco Tarde ao Sol
Few Fingers
Palco MPAGDP
Adufeiras do Paúl
Madalena Palmeirim
Auditório
Vera Mantero
14 Agosto
Palco Lopes-Graça
Carminho
Fandango
Palco Eira
Keep Razors Sharp
White Haus
Palco Giacometti
Dear Telephone
Isaura
Palco Aguardela
Branko + Dotorado Pro + Rastronaut
Palco Tarde ao Sol
Tim Tim por Tum Tum
Palco MPAGDP
Os Tunos
Tiago Pereira
Bonecos e Campaniça
Auditório
André Barros
15 Agosto
Palco Lopes-Graça
Jorge Palma
Sopa de Pedra
Palco Eira
Les Crazy Coconuts
D`Alva
Palco Giacometti
Golden Slumbers
Lula Pena
Palco Aguardela
TochaPestana + DJ Rubi Tocha
Palco Tarde ao Sol
Desbundixie
Palco MPAGDP
Flak
Diego Armés
Auditório
Joana Sá
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