Já lá vai bem mais de uma década desde que o canadiano Tim Hecker começou a brindar os amantes da electrónica ambiental com rodelas que se ouvem, preferencialmente, na intimidade dos headphones, e que têm o sabor ácido de uma trip embebida em mescalina.
Nos dias 9 – gnration, Braga – e 10 de Maio – Teatro Maria Matos, Lisboa – Portugal recebe este músico canadiano que, por esta altura, vive num tranquilo estado de graça, tendo assinado pela histórica 4AD na qual irá lançar, a 8 de Abril, um novo disco intitulado “Love Streams”. O concerto irá ainda contar com a colaboração visual do colectivo berlinense MFO, pelo que a experiência estará perto da epifania.
Ainda que tenha iniciado o seu percurso musical como Jetone – onde a praia era feita de areias techno -, a estreia de Hecker em nome próprio deu-se em 2001 pela Substractif – um dos braços da editora Alien8 -, onde lançou o disco “Haunt Me Haunt Me, Do It Again”, que recolheu desde logo boas impressões. Hecker parecia sacar a inspiração – e sobretudo a experimentação – à cultura pop e ao lema do it yourself, colando sons e fragmentos da realidade aos quais juntava um ruído elaborado com dedicação extrema no computador.
2013 foi ano de Radio Amor”, editado pela Mille Plateaux, uma sub-editora da Force Inc., versada no experimentalismo ligado à música ambiente. Reza a história que o disco foi inspirado numa viagem que Hecker fez em 1996 à América Central, onde realizou uma viagem de barco memorável com as Honduras por perto.
Seguiu-se “Mirages”, em 2014 e, no ano seguinte, a sua contribuição para uma série intitulada Staalplaat’s Mort aux Vaches, uma sessão de 41 minutos gravada em directo para a rádio. No ano seguinte foi lançado “Harmony in Ultraviolet” e, dois anos depois, saiu “Fantasma Parastasie”, uma colaboração com o também canadiano Aidan Baker. Em 2011 Hecker lançou um dos seus discos mais triunfais, intitulado “Ravedeath, 1972” e, nesse mesmo ano, “Dropped Pianos”, o irmão ainda mais sombrio de “Ravedeath, 1972”.
2012 foi o ano da colaboração com Daniel Lopatinon , dos Oneohtrix Point Never, com a edição de “Instrumental Tourist”, feito de improvisações de tons mais jazzísticos saídos da imaginação de ambos os produtores. Em 2013 Hecker anunciou a saída pela editora Kranky de mais um disco a solo, intitulado “Virgins”. Gravado em lugares como Montreal, Reykjavik ou Seattle, muito na base da improvisação, contou com diversos músicos que tocaram instrumentos de sopro, piano ou sintetizadores. Veremos agora para que universo Tim Hecker nos irá transportar em 2016.
Foto: Tracy Van Oosten
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