Bèf sa ke, se Bondye ki pouse mouch po li
(Deus afasta as moscas do boi sem cauda)
Nome: Isabeau Murrait.
Origem: Órfã de mãe, viveu com um pai e um irmão muito ausentes, o que contribuiu para uma infância sem grande influência e educação familiar. Numa das vezes em que o seu pai regressou a casa, uma Isa traquinas decidiu pregar-lhe uma partida com a ajuda de Agnés, a sua melhor amiga. Como o seu pai já não a via há alguns anos, Isa acreditava que se ela e Agnés trocassem de roupa, este nunca distinguiria a diferença. Infelizmente, para ela, estava correcta. O seu pai acreditou ter em Agnés a filha legítima e partiu com ela, abandonando Isa para sempre. Como Agnés nunca contou a verdade, Isa ficou para trás, vendo a sua vida abastada trocada por uma de pobreza e dificuldades.
Ocupação: No início destas aventuras – que decorrem no séc. XVIII -, Isa torna-se a aia de Agnés, após a ter reencontrado anos mais tarde. Será uma ocupação muito temporária pois, logo na primeira história, o espírito livre e independente de Isa lançam-na à aventura.
Características: Isa seria hoje uma mulher moderna, estando a sua mentalidade muito à frente do seu tempo. É um feminista que luta pela igualdade no ser humano, abominando a escravatura. É forte, destemida e sabe manipular os homens usando a sua sensualidade feminina. A par com Adéle Blanc-Sec, é uma das grandes personagens femininas fortes da BD francófona.
Criação: A série “Passageiros do Vento” foi criada, escrita e desenhada sempre por François Bourgeon.
Companheiros: O marinheiro francês Hoel, salvo por Isa da prisão inglesa. O major Michel de Saint-Quentin que, por obra e graça do destino, acaba envolvido com esta pandilha. E Mary, uma jovem – toda ela fogo dos pés à cabeça – que se torna grande amiga e companheira de Isa. Juntos por acidente, acabam por percorrer a rota dos navios negreiros, partilhando várias aventuras.
Principais vilões: O colonialismo e o machismo.
Interesses Amorosos: o primeiro foi Hoel, mas houve outros amores na vida de Isa – Congo e Jean foram dois deles.
Curiosidades: É um trabalho reconhecido pelo seu rigor histórico, nomeadamente no retrato dos mais variados navios, aos quais Bourgeon deu vida ao mais ínfimo pormenor.
Onde começar a ler: A série “Os Passageiros do Vento” é composta por sete volumes ao todo, que são os seguintes:
– A Rapariga no Tombadilho (1979);
– O Pontão (1980);
– A Feitoria de Judá (1981);
-A Hora da Serpente( 1982);
-Ébano (1984);
– A menina de Bois-Caïman: Livro 1 (2009);
– A menina de Bois-Caïman: Livro 2 (2010).
Após ter terminado “Ébano” em 1984, Bourgeon faria um hiato de 25 anos até regressar a este universo com a história “A menina de Bois-Caïman”. Para surpresa de muitos, esta última história também daria um salto no tempo, transportando-nos desta vez para o séc. XIX, mais especificamente até1863, onde Zabo, uma jovem sulista, se vê forçada a fugir de Nova Orleães, no meio de uma guerra civil. Mas não se preocupem que o passado de Isa não foi esquecido e será recordado a partir daquilo que Zabo irá encontrar. “A menina de Bois-Caïman” apresenta a nível narrativo uma maior maturidade por parte do seu autor; contudo, uma vez que existe uma continuidade ao longo destas histórias, o mais aconselhado é começar a ler o primeiro: “A Rapariga no Tombadilho”.
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