Já são conhecidos os nomeados para os Prémios Nacionais de Banda Desenhada 2015, do Festival Internacional AmadoraBD. O júri, constituído por Nelson Dona – director do AmadoraBD -, Pedro Massano – autor de BD -, Bruno Caetano – coleccionador de BD -, Luís Salvado e Sara Figueiredo Costa – jornalistas e comissários da exposição do Ano Editorial Português, destacou a quantidade e qualidade artística e editorial dos álbuns a concurso, o que acabou por resultar num maior número de nomeados do que o habitual. Como reflexo desta heterogeneidade a organização do festival decidiu acrescentar um novo prémio em relação aos livros infantis, dividindo a categoria de “Melhor Ilustração de Livro Infantil” em duas, para assim englobar a melhor ilustração de um autor português e, também, a de um autor estrangeiro.
Entre os nomeados existem vários nomes a destacar, começando pelo regresso do desaparecido Nunsky, autor esporádico de BD, que com o seu mais recente trabalho – o sangrento “Erzsébet” – conquista nomeações nas principais categorias. Juntam-se a ele Diniz Conefrey e Marco Mendes, igualmente nomeados para melhor livro, argumento e desenho para álbum português com “O Livro dos Dias” e “Zombie”, respectivamente. Dois trabalhos que reforçam a marca autoral de ambos os autores.
Ao reconhecido David Soares junta-se o nome de André Oliveira como um dos argumentistas de BD mais prolíficos da actualidade, bem como promissores. Ambos os autores têm marcado presença assídua nestas nomeações e 2015 não foi excepção, sendo os argumentistas que recolhem mais nomeações. André Coelho e André Caetano, os respectivos parceiros de Soares em “Sepultura dos Pais” e Oliveira em a “Volta”, recebem também a justa nomeação para melhor desenho para álbum português.
O trabalho internacional dos autores portugueses não foi esquecido, seja na categoria de melhor álbum de autor português em língua estrangeira, seja na de melhor álbum estrangeiro de autor português. Na primeira, além do já mencionado André Oliveira, vale a pena sublinhar a nomeação de Francisco Sousa Lobo com “I like your Art Much”. A forma como Sousa Lobo tem vindo a explorar a linguagem da BD destacam-no como um dos autores nacionais mais distintos. Em relação aos álbuns feitos para editoras estrangeiras, Filipe Andrade e Jorge Coelho recebem uma merecida nomeação, algo que está longe de surgir como uma surpresa.
No que toca aos melhores álbuns estrangeiros, apesar da diversidade e qualidade dos nomeados, estranha-se a não inclusão de “O Espelho de Mogli”, de Arsène Schrauwen, um dos mais importantes lançamentos de BD que continua a correr o risco de passar ao lado do público português.
Nas categorias infantis, a competição vai ser renhida tal não é a qualidade dos livros a concurso. Se na categoria de Melhor Ilustração de Livro Infantil (Autor Português) há nomes (e títulos) como os de António Jorge Gonçalves – “Barriga da Baleia” (Pato Lógico), Bernardo P. Carvalho – “Daqui Ninguém Passa!” (Planeta Tangerina) e “Verdade?!” (Pato Lógico) -, João Fazenda – “Dança” (Pato Lógico) -, Marta Monteiro –“Amores de Família” (Caminho) -, Yara Kono – “Com 3 Novelos (O Mundo Dá Muitas Voltas)” (Planeta Tangerina) e Susana Matos – “Onde Dormem os Reis? Uma Visita ao Panteão” (Verbo) -, o que dizer da categoria de Melhor Ilustração de Livro Infantil (Autor Estrangeiro)? Aqui competem “Amigos do Peito”, de Violeta Lópiz (Bruaá), “As Aventuras de Pinóquio”, de Roberto Innocenti (Kalandraka), “O Mundo ao Contrário”, de Atak (Planeta Tangerina), “O que está Lá Fora”, de Maurice Sendak (Kalandraka) e “O Tempo do Gigante”, de Manuel Marsol (Orfeu Negro).
É ainda de destacar a categoria dos fanzines de BD, livros que por norma escapam mais facilmente ao grande público e que podem ter, no festival, a oportunidade de uma maior projecção. Antes de mais, é interessante ver os nomes de Marco Mendes e André Pereira entre os nomeados, dois autores recorrentes nas nomeações principais, com Pereira a já ter vencido o prémio de melhor álbum de autor português em língua estrangeira. O contínuo investimento no campo dos fanzines por estes autores, continua a ser de salutar, porque, talvez, o mais importante seja sempre fazer BD. Os colectivos Clube do Inferno (do qual Pereira faz parte), Zona e os autores Sofia Neto, Afonso Ferreira, Amanda Baeza e Rudolfo, entre outros, são alguns dos nomes que se espera ver em destaque durante os próximos anos.
Os vencedores serão conhecidos no dia 31 de Outubro, durante o Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, que se realiza entre 23 de Outubro e 8 de Novembro.
Veja aqui as capas dos livros nomeados.
Lista completa dos nomeados:
Prémio Nacional de Banda Desenhada – Melhor Álbum Português
Erzsébet, de Nunsky (Chili com Carne)
Deixa-me entrar, de Joana Afonso (Polvo)
Sepulturas dos Pais, André Coelho (des.) e David Soares (arg.) (Kingpin Books)
O Livro dos Dias, Diniz Conefrey (Pianola/Quarto de Jade)
Volta – O Segredo do Vale das Sombras, de André Oliveira (arg.) e André Caetano (des.) (Polvo)
Zombie, de Marco Mendes (Turbina/Mundo Fantasma)
Prémio Nacional de Banda Desenhada – Melhor Argumento para Álbum Português
Álvaro, Balcão Trauma Vol. 2 (Insónia)
André Oliveira, Volta – O Segredo do Vale das Sombras (Polvo)
David Soares, Sepultura dos Pais (Kingpin Books)
Diniz Conefrey, O Livro dos Dias (Pianola/Quarto de Jade)
Marco Mendes, Zombie (Turbina/Mundo de Fantasma)
Nunsky, Erzsébet (Chili com Carne)
Prémio Nacional de Banda Desenhada – Melhor Desenho para Álbum Português
André Caetano, Volta – O Segredo do Vale das Sombras (Polvo)
André Coelho, Sepultura dos Pais (Kingpin Books)
Diniz Conefrey, O Livro dos Dias (Pianola/Quarto de Jade)
Marco Mendes, Zombie (Turbina/Mundo de Fantasma)
Nunsky, Erzsébet (Chili com Carne)
Ricardo Cabral, Pontas Soltas – Lisboa (Asa)
Prémio Nacional de Banda Desenhada – Melhor Álbum de Autor Português em Língua Estrangeira
Crumbs, de Afonso Ferreira, Ana Matias, André Caetano, André Oliveira, André Pereira, Bernardo Majer, David Soares,
Fernando Dordio, Francisco Sousa Lobo, Inês Galo, Joana Afonso, Mário Freitas, Nuno Duarte, Osvaldo Medina, Pedro
Cruz, Pedro Serpa, Ricardo Venâncio, Sérgio Marques, Zé Burnay (Kingpin Books)
Gentleman, de André Oliveira (arg.) e Ricardo Reis (des.) (Ave Rara)
I like your Art Much, de Francisco Sousa Lobo (Edição de Autor)
Living Will 3, de André Oliveira (arg.) e Joana Afonso (des.) (Ave Rara)
Space, de Afonso Ferreira (El Pep)
Prémio Nacional de Banda Desenhada – Melhor Álbum Estrangeiro de Autor Português
Figment, de Filipe Andrade (Marvel/Disney)
Loki – Agent of Asgard, de Jorge Coelho (Marvel)
Prémio Nacional de Banda Desenhada – Melhor Álbum de Autor Estrangeiro
A Arte de Voar, de Altarriba (arg.) e Kim (des.) (Levoir/Público)
Cachalote, de Daniel Galera (arg.) e Rafael Coutinho (des.) (Polvo)
Finalmente o Verão, de Jillian Tamaki (des.) e Mariko Tamaki (arg.) (Planeta Tangerina)
Habibi, Craig Thompson (Devir)
Papá em África, de Anton Kannemeyer (MMMNNNRRRG)
O Árabe do Futuro, Riad Sattouf (Teorema)
Prémio Nacional de Banda Desenhada – Melhor Álbum de Tiras Humorísticas
As Crianças são Muito Infantis, de Fernando Caeiro (arg.) e Filipa da Roda Marques (des.) (Bertrand Editora)
Baby Blues 31 – Cama Supra, de Rick Kirkman (des.) e Jerry Scott (arg.) (Bizâncio)
Toda a Mafalda, de Quino (Verbo)
Psicopatos, de Miguel Montenegro (Arcádia)
Prémio Nacional de Banda Desenhada – Melhor Ilustração de Livro Infantil (Autor Português)
António Jorge Gonçalves, Barriga da Baleia (Pato Lógico)
Bernardo P. Carvalho, Daqui Ninguém Passa! (Planeta Tangerina)
Bernardo P. Carvalho, Verdade?! (Pato Lógico)
João Fazenda, Dança (Pato Lógico)
Marta Monteiro, Amores de Família (Caminho)
Yara Kono, Com 3 Novelos (O Mundo Dá Muitas Voltas), (Planeta Tangerina)
Susana Matos, Onde Dormem os Reis? Uma Visita ao Panteão (Verbo)
Prémio Nacional de Banda Desenhada – Melhor Ilustração de Livro Infantil (Autor Estrangeiro)
Amigos do Peito, de Violeta Lópiz (Bruaá)
As Aventuras de Pinóquio, de Roberto Innocenti (Kalandraka)
O Mundo ao Contrário, de Atak (Planeta Tangerina)
O que está Lá Fora, de Maurice Sendak (Kalandraka)
O Tempo do Gigante, de Manuel Marsol (Orfeu Negro)