Quase uma década depois, The Streets estão de volta com novo álbum. Mike Skinner, mestre da rima spoken-word e figura incontornável do hip-hop britânico, entretanto já é quarentão e lida com uma crise criativa.
Skinner está um homem mudado. Já não é de grandes saídas mas ainda não se conformou com a nova realidade: “Again, I tell you I don’t party, hardly/ But when I do, yes, I party hard”. A meia idade tornou o MC dos Streets num amante dos prazeres moderados e actividades corriqueiras, focadas na internet e no seu smartphone – oiça-se a faixa Phone Is Always In My Hand e o verso de abertura do álbum: “Call and call my phone, thinking I’m doing nothing better/ I’m just waiting for it to stop so I can use it again”.
Por entre picos enérgicos e planaltos de monotonia, é evidente que Skinner se entregou às práticas epicuristas da prudência e busca da tranquilidade. Epicuro, por sinal, defendia que a amizade tem como base a sua utilidade, o que talvez explique a presença de pelo menos um artista convidado em cada faixa do álbum – entre eles nomes tão célebres como IDLES, Donae’o e Kevin Parker (Tame Impala). A inclusão de rappers mais novos como Ms Banks e Dapz on the Map tem, porém, o efeito contrário ao pretendido, acabando por acentuar as diferenças de agilidade lírica entre os convidados e o MC da casa.
Em “None of Us Are Getting Out of This Life Alive“, Skinner preserva a sagacidade das suas letras, mas deixa de parte a capacidade narrativa e humorística que o caracterizam. A produção dos The Streets continua tão rica como difusa, oscilando entre beats de grime, garage e incursões pelo dubstep, house e drum ‘n’ bass. Pelo meio, perdeu-se o brilho pop experimental dos álbuns anteriores.
Em suma, “None of Us Are Getting Out of This Life Alive” expõe debilidades e anuncia a crise que aflige Mike Skinner. Esperemos que o Google tenha a solução para os seus problemas.
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