Depois de termos celebrado como catraios a vinda dos The Saxophones ao Super Bock em Stock, cuja edição de 2018 se realiza nos dias 23 e 24 de Novembro na Avenida da Liberdade e arredores, é tempo agora de apanhar as canas e apresentar, à boleia dos press releases que nos chegaram à redacção, todos os nomes que desde então foram confirmados. O bilhete único válido para os dois dias do Festival encontra-se à venda nos locais habituais, pelo preço de 45€, passando a 50€ nos dias do Festival.
Omar Banos, que viria a tornar-se Cuco para o mundo da música, é um jovem que cresceu na Califórnia, a ouvir rappers como MC Magic e Baby Bash (referências que perduram), e hoje é uma das grandes promessas da música alternativa a nível mundial – se houvesse uma casa de apostas nesta coisa da música, é certo que muitos apostariam as suas fichas no nome de Cuco. A mixtape de estreia, editada em 2016, garantiu-lhe uma base de fãs que o segue fielmente desde então. Este encantamento explica-se por um som despretensioso, familiarizado com uma tradição lo-fi e com letras em inglês e em espanhol. São canções de amor para os nossos tempos, confortáveis com o romantismo, sem nunca perder o bom gosto, clássicas e modernas, ao mesmo tempo. A mixtape “Songs4u”, editada em 2017, tem todas essas características, o que lhe valeu mais elogios da crítica e milhões de pessoas concentradas na canção “Lo que Siento”, aquele que é, até agora, o melhor cartão-de-visita deste jovem músico.
Durante vários anos, foi o vocalista ideal de uma geração de bandas portuguesas de música hip hop e r&b. Em 2010 acompanhou o seu pai numa viagem de volta às suas raízes familiares na ilha de Santiago em Cabo Verde, experiência que viria a mudar a sua trajetória musical. “Eva”, editado em 2013, foi aclamado pela crítica e mostrou essa relação com a música cabo-verdiana, a música que os pais lhe deram para ouvir quando ainda era criança. Hoje Dino D’Santiago dedica o seu talento a unir as tradicionais morna, batuku e funaná ao r&b contemporâneo e à música eletrónica progressiva. “Nôs Funaná” e “Nova Lisboa” são os temas que servem de apresentação e antecipam o novo álbum de originais de Dino D’Santiago, registo ainda sem título, mas com edição agendada para o outono de 2018. Com este novo lançamento, Dino D’Santiago apresenta uma viagem rítmica que parte de Cabo Verde e convida a segui-lo num percurso musical maior. “Nôs Funaná” é o ponto de partida para a celebração de uma carreira plural, marcada pelos ritmos que unem a Cidade da Praia, Lisboa, Rio de Janeiro e Luanda. Se o título nos aponta para o energético estilo musical até agora definido pelo repicar do ferrinho e gaita a velocidades vertiginosas, Dino D’Santiago introduz o vagar da kizomba com brilhos eletrónicos na equação, simultaneamente celebrando e subvertendo referências musicais que fazem cada vez mais sentido juntas.
Tudo começou em 2014, quando o vocalista Jack Frogatt se juntou ao guitarrista Lachlan Bostock e ao baterista Alex Nicholls, ambos produtores talentosos e com vontade de arriscar. A ideia era experimentar, sem grandes pretensões, mas a química foi tão grande que depressa perceberam que estava ali a nascer algo maior – os Mansionair, precisamente. E logo começaram a aparecer as primeiras canções, autênticas pérolas pop adornadas por sintetizadores e com um irresistível toque de R&B, traços que ainda hoje identificam esta banda australiana de Sydney. O grande sucesso chegou com “Hold Me Down”, que alcançou milhões de visualizações em pouco tempo, deixando o público rendido a um falsete que é difícil de tirar da cabeça. O EP “Hold Me Down” foi lançado pela Goodbye Records, a editora da banda CHVRCHES, que logo convidou os Mansionair para as suas digressões. E o reconhecimento da crítica veio logo a seguir, merecendo o destaque de meios de referência como o NME, o jornal The Guardian ou a BBC Radio 1. O EP “Pick Me Up”, lançado pela Glassnote Records, reforçou as melhores impressões que a banda já havia deixado – algo que continua a acontecer com “, ” e “Easier” os singles mais recentes destes australianos.
É caso para dizer que a música brasileira está bem e recomenda-se. Pelo menos é isso que se sente sempre que se ouve a música de Tim Bernardes. O jovem músico é compositor, produtor musical e também multi-instrumentista. Até aqui, o talento de Tim tem estado ao serviço banda “O Terno”, o que resultou em três discos e um EP muito recomendáveis. A banda não acabou, continua a fazer parte do futuro, mas Tim decidiu aventurar-se também a solo e editou o seu primeiro disco, “Recomeçar”, no ano de 2017. O resultado é um disco inspirado por um desamor e, ao mesmo tempo, por essa vontade de… recomeçar, precisamente. Influenciado por nomes como Beatles, Fleet Foxes ou Caetano Veloso, Tim Bernardes procurou contar uma história, com um apelo quase cinematográfico. Aqui a melancolia (e há muita melancolia) é indissociável da beleza (há ainda mais), o que resulta em canções como “Recomeçar”, “Tanto Faz” ou “Quis Mudar”.
Holly Miranda cresceu entre Detroit e Nasville, duas cidades com uma enorme tradição musical, um ambiente que acabou por influenciar a sua própria aventura artística. Começou a tocar piano com apenas seis anos de idade; aos 14, aprendeu a tocar guitarra; e aos 16 mudou-se para Nova Iorque, à procura do sonho de viver da música e das suas próprias canções. Vinte anos depois, o objetivo está cumprido: Holly Miranda tem um público fiel e uma crítica cada vez mais rendida ao seu trabalho. Além dos discos a solo e com a banda The Jealous Girlfriends, Holly já colaborou com Scarlett Johansson e tocou com artistas tão reputados como Florence And The Machine, Karen O, Lou Reed, The xx ou Lesley Gore… O quinto disco, “Mutual Horse”, chegou em 2018 e, segundo a própria artista, trata-se do registo mais alegre e divertido da sua carreira. O álbum conta com as participações de Josh Werner (Dr. John, Lee Scratch Perry), Jared Samuel (Yoko Ono), Jim Kirby Fairchild (Grandaddy, Modest Mouse), Kyp Malone (TV On The Radio), entre outras.
Cresceu em Dallas, estudou em Yale e, mais tarde, assentou em Nashville. Independentemente do lugar por onde andou, a música sempre fez parte da vida de Conner Youngblood. No que diz respeito às suas aptidões musicais, começou pelo clarinete, mas, mais importante do que isso, as primeiras canções chegaram no dormitório da faculdade. E desde aí nunca mais parou. Influenciado por artistas como Elliott Smith, Gorillaz ou Sufjan Stevens, a música de Conner é marcada pela simplicidade na estrutura (menos é mais, como se sabe), a beleza dos arranjos e as letras introspetivas. Com uma linguagem muito própria, onde a música folk se mistura com a eletrónica, Conner assume-se com uma das mais interessantes revelações indie dos últimos tempos. Uma prova disso mesmo é o EP “The Generation Of Lift”, editado em 2016, que elevou (e muito) a fasquia para o disco de estreia, “Cheyenne”, editado em 2018.
Rejjie Snow nasceu na Irlanda, no ano de 1993, com o nome Alex Anyaegbunam. A música sempre fez parte da sua vida, assim como o desporto e o teatro, uma ferramenta que foi fundamental para o seu crescimento artístico na adolescência. Wu-Tang Clan e Nas foram os primeiros nomes que lhe chamaram a atenção no rap, mas hoje o seu lote de influências é largo ao ponto de incluir o cantor George Michael e o escritor Charles Bukowski, algo que se nota na música que faz. Depois de passar por uma faculdade norte-americana, regressou a Dublin em 2012 com a intenção de seguir uma carreira musical. E as coisas têm corrido bem para Rejjie. O primeiro EP, “Rejovich”, foi editado em 2013 e saltou para o top do iTunes, ultrapassando nomes como Kanye West e J. Cole. “1992” atingiu números astronómicos no Youtube e fez com que o mundo do hip-hop se concentrasse neste talento irlandês. Desde aí, Rejjie Snow não parou de editar singles e vídeos de sucesso, um percurso que culmina agora no disco de estreia: “Dear Annie”. Dividido em três partes, conta uma história de amor e perda, uma autêntica viagem pela alma de Rejjie, uma espécie de rito de passagem que é também uma montanha-russa de emoções para quem ouve.
Não é possível falar da nova (e boa) música que vai surgindo na África do Sul sem mencionar o nome de Nakhane – ele é mesmo apontado como o messias do indie rock sul-africano… Influenciado por nomes como Anohni (Antony and The Johnsons), Radiohead, Marvin Gaye ou Ali Farka Touré (a quem foi buscar Touré para apelido artísitico), Nakhane tem conseguido desenvolver uma linguagem só sua, até porque as suas influências não se ficam pela música pop. Nakhane também é influenciado por autores como James Baldwin ou Henry Miller, influências decisivas para quem se considera um escritor, além de músico e cantor. O disco de estreia, “Brave Confusion”, editado em 2013, foi aclamado pelo público e pela crítica, que se rendeu às capacidades líricas e vocais de Nakhane. Temas como “Christopher” e “Fog” são provas de que essas avaliações são mais do que justas. “You Will Not Die”, o disco de 2018, dá continuidade às boas indicações deixadas na estreia. Produzido por Ben Christopher (Bat For Lashes), trata-se de um disco cheio de charme e dramaticidade, marcado por um caráter pop irresistível, e cujo epicentro é a própria voz de Nakhane, como não poderia deixar de ser.
Tudo começou em 2008, em Londres, com o feliz encontro da voz de Tessa Murray com as ideias musicais do produtor e multi-instrumentista Greg Hugher. A formação viria a ficar completa com a guitarra de Leon Dufficy, o baixo de Luke Jarvis e a bateria de Jack Gooderham. Assim nasciam os Still Corners. E o sucesso aparece logo depois, com os singles “Don’t Fall In Love” e “Wish”, temas que causaram impacto suficiente para que o disco de estreia viesse logo a seguir, com a etiqueta da Sub Pop. “Creatures of an Hour” mostrava uma banda sem complexos de assumir as suas tendências mais pop, mas também com a coragem necessária para experimentar e arriscar em vários temas. O segundo disco, “Strange Pleasures”, confirma um som étereo, bem identificativo da banda, familiarizado com a tradição dream pop e synth-pop, sem vergonha de apostar no poder dos sintetizadores, deixando-se influenciar por alguma da melhor música da década de 80. “Slow Air”, editado este ano, mantém a identidade da banda, apesar de as guitarras ganharem protagonismo num registo mais orgânico, minimal e inspirado pelas paisagens de Austin, que tem em “Black Lagoon” um dos pontos altos.
Com sangue jamaicano e nome sul-africano (quer dizer bênção), a arte de Masego é, de facto, uma bomba de cultura e de criatividade. A sua música é uma espécie de “TrapHouseJazz”, assim mesmo, tudo junto, como o próprio a define, e conta com a influência de nomes como Pharell, Michael Jackson, Jamie Foxx, John P. Kee, Andre 3000 ou Cab Calloway. Apesar de se sentir muito à vontade quando busca inspiração noutras décadas, algo que marca a sua música, Masego é um artista do seu tempo, e, como tal, começou por dar nas vistas no YouTube e no Souncloud, combinando os melhores beats com o som do seu saxofone, e uma voz cheia de alma. E o resultado destas primeiras experiências nas plataformas digitais foi o EP “The Pink Polo”, que contou com a preciosa colaboração do produtor texano Medasin e que acabaria por resultar numa digressão que levou Masego a países como o Japão, França, Inglaterra, Alemanha, entre outros. O álbum de estreia, editado em 2018, chama-se “Lady Lady”, concentra-se na figura da mulher e de todos os seus encantos, e confirma as melhores expectativas em relação a Masego, revelando um artista sofisticado, eclético e capaz de conduzir o público português por uma viagem musical inesquecível, cheia de jazz e de charme.
As britânicas Dream Wife (na foto acima) querem ser mais do que uma banda: elas querem dar o testemunho de uma maneira de estar na vida. E isso fica evidente pelos laços que unem Rakel Mjöll (voz), Alice Go (guitarra) e Bella Podpadec (baixo). Mais do que virtuosismos técnicos, o que interessa às Dream Wife é criar um mundo que seja só delas e, ao mesmo tempo, fazer o convite para que todos possam entrar e conhecer melhor esse universo pop. Conheceram-se quando as três estavam a estudar artes visuais – um facto que explica a importância dada aos detalhes visuais, tanto nos vídeos como nos concertos, onde nada é deixado ao acaso, o que resulta em espetáculos inesquecíveis. Rapidamente perceberam que havia muita química entre as três, ao ponto de se lançarem à estrada com apenas quatro canções na bagagem. Desde aí, tem sido sempre a somar, tanto em aplausos do público, como elogios da crítica. Assumem-se como uma banda pop, inspiradas por nomes como David Bowie ou Madonna. O álbum de estreia, homónimo, foi editado este ano e é feito de uma energia contagiante.
Paraguaii é o projeto formado por Giliano Boucinha (guitarra e voz) e Zé Pedro Correia (synths e baixo) – ao vivo a banda apresenta-se também com um baterista convidado. Tal como as origens do país em que se inspiraram, também o som dos Paraguaii pode ser um mistério para muitos. É pós-punk? É space rock? É uma banda rock que sabe dançar? A verdade é que não chegaremos a nenhuma conclusão definitiva, até porque os Paraguaii são tudo isso e até mais. Conhecemos-lhes as origens: encontraram-se em cima de um palco, algo fez faísca e gerou uma ideia. Em 2014, o projeto toma forma a partir dessa mesma ideia. O mês de Dezembro marcou o lançamento de “She”/”Tucano Baby’s”, single que haveria de dar lugar a um EP, que haveria depois de dar lugar a um álbum, “Scope”, editado em 2016. “Dream About the Things You Never Do” é o nome do segundo álbum, difícil de catalogar no que diz respeito ao género musical, mas, certamente, um dos discos do ano de 2017. O melhor mesmo é ouvir temas como “Ancient Gurl” e seguir o conselho da própria banda a propósito da audição do disco: “em vez de o pensarmos, poderemos simplesmente dançá-lo.”
Anabela Aya é uma das mais promissoras da música angolana da atualidade, uma autêntica pérola capaz de reunir na sua voz ecos de afro-jazz, blues, gospel e, claro, das melhores tradições musicais angolanas. Depois de uma carreira longa enquanto atriz, Anabela aventura-se agora na música. O primeiro disco tem o título de “Kuameleli” e foi editado em 2018. Este registo confirma as melhores expectativas em relação ao talento de Anabela, e conta com composições de Filipe Mokenga, Jomo Fortunato, Freddy Mwankié, entre outros nomes fortes da música angolana. Temas como “Oração”, “Tia” ou “Teu Nome” provam que o adjetivo “diva” nunca estará datado enquanto existirem vozes e presenças como a de Anabela Aya, uma das maiores promessas da música de expressão portuguesa. “Cantar é a arte de transmitir amor pelo som de uma voz” – diz a própria Anabela.
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