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SBSR: Dia 1 (13-7-2017)

Por Pedro Miguel Silva · Em 14/07/2017

Os passes para os três dias e o bilhete diário estavam há muito esgotados, mas a verdade é que, no dia de arranque do festival, era possível passear tranquilamente pelo SBSR, pelo terceiro ano a fio instalado num cenário urbano com vista privilegiada para o Tejo. Longe vão os dias em que os lisboetas tinham de cruzar a ponte e enfrentar a poeira do Meco e, se é certo que o festival ganhou em termos de acessibilidades, limpeza ou a possibilidade de se usar um outfit mais a preceito sem recurso a máscara improvisada, terá também perdido em coisas que não são de descartar como a qualidade sonora – a Meo Arena continua a ser dada a flops. Neste primeiro dia todas as atenções estiveram viradas para o regresso dos Red Hot Chili Peppers a Portugal, mas a ementa servida teve muito mais do que malaguetas.

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A Feist portuguesa continua a ser um segredo bem guardado, apesar de estar há uns bons anos à vista de toda a gente. Foi em modo sunset que Minta & The Brook Trout abriram o palco LG, com muita timidez, uma interacção mínima mas sempre afinados, com a sua folk pop de primeira água e temas como “Large Amounts”, “Future Me” ou “So This Has To Do” a servirem de refresco e de banda sonora para muita conversa de circunstância.

Mais tarde e no mesmo Palco, estiveram Manuel Fúria e os Náufragos, autores de um dos grandes discos deste ano com selo nacional. Música para corações com fome, com travo a baile e a festa e Portugal a palpitar na corrente sanguínea. “Não estamos aqui para ouvir palavras ditas mas palavras cantadas“, disse a certa altura Fúria, mas a festa na aldeia custou a pegar na cidade do Oriente.

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No Palco EDP, Kevin Morby e companhia assinaram um grande concerto, apesar da empatia e emotividade geradas terem estado longe do que aconteceu na edição de 2016 do Vodafone Mexefest. Musicalmente, porém, a viagem foi entusiasmante, ajudada por uma nova rodela intitulada “City Music” que está entre os grandes lançamentos discográficos de 2017.

A soul de “City Music” abriu a noite, preparando o primeiro surto rocker com “Crybaby”. Mas até Kevin Morby percebia que o ar estava impregnado com o cheiro de malaguetas picantes, cantarolando um “I don’t ever wanna feel like I did that day” para manter as hostes despertas. Mais à frente assiste-se a uma muito inspirada versão de “Harlem River”, com muito de Doors, um toque de mescalina e guitarras a la Prince. Ao piano, Morby interpreta “Destroyer”, numa versão rasgada que a certa altura faz acreditar que os Tame Impala se viraram para a folk. Sobe-se depois à montanha com “I have been to the mountain”, isto antes de Morby dedilhar os primeiros acordes de “All of my life”, fazendo crer a alguns que sempre se iria escutar uma cover de “Under the bridge”. “Are you excited to see the Red Hot Chili Peppers? So do we. Space may be the final frontier, but it was born on a Hollywood basement“, chutou antes de uma ponta final já com um travo a distorção que, ainda assim, não afectou a grande prestação de Kevin Morby, que até vestiu o fato de macaco para a ocasião. Seria muito bom poder ver esta equipa  tomar conta de um Coliseu ou de uma Aula Magna.

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Pouco antes da meia-noite, a Meo Arena parecia um ovo kinder que, por distracção do controlo de qualidade, tinha sido embrulhado com dois brindes. Cerca de vinte mil pessoas, muitas delas com T-shirts acabadinhas de estrear ou já coçadas pelo tempo – mostrando que esta é uma banda que tem atravessado várias gerações -, aguardavam a entrada em cena dos Red Hot Chili Peppers, 11 anos depois da sua passagem pelo Rock In Rio Lisboa. As perguntas que se colocavam eram várias, entre elas a de se o mito urbano de que a banda ao vivo estava longe do aprumo discográfico corresponderia ou não à verdade.

O arranque, depois de um improviso onde vimos Flea a ajoelhar-se, deu-se ao som de “Can’t stop”, acompanhado por um jogo de luzes e projecções muito bem desenhado, que acabou por ser um bom complemento a um concerto que conheceu várias tremideiras. “Snow (Hey Ho)” mantém o povo em estado de loucura, com Anthony Kiedis a envergar uma T-shirt psicadélica onde duas das cores formavam a bandeira portuguesa. “Dark Necessities” serve para nomear Flea como o mestre-de-cerimónias, dizendo que o ácido começa finalmente a bater. “The Adventures of Rain Dance Maggie” oferece o primeiro duelo entre Flea e o guitarrista Josh Klinghoffer, uma constante durante todo o concerto, não faltaram pores-do-sol como papel de cenário. Depois de uma fase mais mortiça, “Californication” volta a instalar o modo das selfies e videos, com Kiedis despido a preceito para a ocasião. Ainda somos prendados com uma versão de “Foi na cruz”, provavelmente a pior canção que Nick Cave já cantou, e com dois clássicos da melhor fase dos Red Hot – “Suck my kiss” e “Give it away” -, mas longe da irreverência e entusiasmo com que foram servidos há umas décadas atrás. Não houve sequer tempo para ouvir “Under the bridge”, essa balada maior sacada ao melhor e mais inventivo disco da banda.

O som da Meo Arena esteve, uma vez mais, longe do desejável, mas ficou provado que os Red Hot são claramente uma banda que funciona melhor em disco do que ao vivo. Na retina fica a imagem de Chad Smith, a despedir-se de forma sentida do público que entoava o marcial “Seven nation army” a pedir novo encore, o mais belo final para um concerto a que faltou um pouco mais de picante.

Fotos cedidas pela organização.

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Pedro Miguel Silva

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