“The Agent Intellect” (Hardly Art, 2015) é o terceiro disco da banda Post-Punk Protomartyr, sediada em Detroit nos Estados Unidos. Joe Casey é o vocalista dos Protomartyr e, como qualquer vocalista de uma banda de Post-Punk, é um homem deprimido, claustrofóbico, com raiva contra o mundo e o seu sistema de funcionamento, mas com uma sensibilidade sem igual.
Encontramos essa sensibilidade em “Ellen”, um dos momentos mais bonitos do disco. Nela, Casey veste a pele do seu pai falecido a escrever uma carta para a sua mulher Ellen, precisamente a mãe de Casey. A figura dos pais durante o disco é uma constante. O pai morreu e a sua mãe sofre da doença de Alzheimer, algo presente no tema “Why Does It Shake?”: “Welcome the stranger; The stranger always wins; He enters the temple; It falls; It falls, it always falls”. A religião também é uma constante. Não se percebe se Casey é católico, ainda que tenha estado presente aquando da visita do Papa a Detroit em 1987, como nos conta em “Pontiac 87”.
Os Protomartyr podiam ter sido uma das bandas do movimento Post-Punk dos anos 80 – até porque, quando os escutamos, saltam-nos logo à memória nomes com Warsaw, Joy Division, Psychedelic Furs ou The Sound -, mas são mais do que isso. Notamos que em “I Forgive You”, tal como em “Pontiac 87”, existe a chama e a urgência que caracterizam o Rock`n`Roll. Talvez se os Art Brut se vestissem de preto apresentassem assim a sua música; por vezes Casey carrega na voz e soa como o Adrian Borland dos Sound; noutras imaginamo-lo a confrontar quem o ouve olhos nos olhos como Nick Cave: “Why you keep on making that mistake?”.
“The Agent Intellect” é um disco carregado de tristeza e desilusão, com guitarras negras a despejar raiva e uma bateria militar a tentar pôr ordem na desordem que é a vida, mas não há que ficar assustado com este cenário. Pelo contrário. Na música, a dor dos outros costuma ter algo de reconfortante e até curativo. Este é o disco que vai levar os Protomartyr para outros campeonatos luminosos (e tão bem que se está no escuro).
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