Em Janeiro deste ano, numa mensagem breve e sem mergulhar em grandes – ou pequenas – razões existencialistas, os Porridge Radio tiraram o tapete aos seus fãs: “This is the last new music from Porridge Radio and marks the end of the band. The songs on this EP are an important part of “Clouds In The Sky They Will Always Be There For Me”, and mean a lot to us. We are excited for you to hear them. This band has been our life, we’re family now. These tours will be our last. Thanks so much for listening”. O melancólico EP, lançado em Fevereiro deste ano, dava pelo nome de “The Machine Starts To Sing”, mas talvez as pistas para este inesperado fim possam ser encontradas em “Waterslide, Diving Boar, Ladder To The Sky”, do homónimo álbum de 2022: “No, I don’t want the end; But I don’t want the beggining”.

Quem se deslocou ao Lisboa ao Vivo na noite de 21 Março, tudo para um último adeus à banda britânica, não encontrou sinais de luto ou indícios de estarmos perante o último episódio de uma série com 4 elogiosas temporadas: “Rice, Pasta And Other Fillers” (2016), “Every Bad” (2020), “Waterslide, Diving Boar, Ladder To The Sky” (2022) e “Clouds In The Sky They Will Always Be There For Me” (2024). A não ser, talvez, o merchandising disponível, que incluía memorabilia de luxo como um vinyl com a capa pintada à mão, que custava uns módicos 300 euros.

Depois de uma primeira parte não anunciada, onde pudemos escutar uns White Stripes de pantufas – mais concretamente os alaskianos Gus Englehorn (voz e guitarra) e Estée Preda (bateria e coros) -, os Porridge Radio entraram em palco ao som de “Wake Up”, esse tema-hino dos Rage Against The Machine. Dana Margolin atira um “É bom estar de volta”, abrindo o cardápio com “Sick Of The Blues”, num concerto sem lágrimas e pouca conversa no qual a banda revisitou grande parte da sua discografia, com especial foco na mais recente rodela.

O alinhamento apresentou temas como “You Will Come Home” – num momento a rasar o a cappella com Georgie Stott e Dana Margolin -, “Sleeptalker” – com o embalo Pogues que a banda mostrou sempre ter no seu ADN -, “Anybody” – servido no mesmo comprimento de onda de um “I Still Haven’t Found What I’m Looking For”, dos U2 – “In A Dream I’m A Painting” – a pedir descaradamente uma remistura pelos The XX – ou “7 Seconds”, o hitzão que teve direito a palmas sincronizadas – seleçção que nos mostra a louvável amplitude estilística da banda.

A fechar, antes de a banda se despedir atirando set lists sob a forma de aviões de papel, escutámos “The Rip”, tema no qual muitos terão visto reflectido o seu estado de espírito: “And now my heart aches”. Ficam as canções para consolo. Sempre as canções.
Fotos: Luís Sousa/ Música em DX
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Promotora: Pic-Nic Produções
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