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Out.Fest, Rui Pedro Dâmaso, Deus Me Livro, Entrevista
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OUT.FEST 2018: Entrevista a Rui Pedro Dâmaso

Por Joao Castro · Em 04/10/2018

“Nunca tinha vindo ao Barreiro“. Uma frase que se ouvia há uns anos, como nos contou Rui Pedro Dâmaso, um dos programadores do Out.Fest, que este ano conhece a sua 15ª edição. Hoje em dia tal afirmação carece de sentido, quem sabe pela curiosidade que se vai gerando em torno do festival e das actividades cada vez mais regulares da OUT.RA – Associação Cultural, capazes de agregar à comunidade local uma turba de visitantes ávidos em saber o que foi programado e de que forma podem ser surpreendidos. O Out.Fest é um festival que faz uma leitura precisa dos territórios – geográficos, sociais, culturais – em que se insere e, a partir daí, estrutura uma programação coerente, diversificada e, arriscaríamos, intemporal. O Deus Me Livro lançou alguns temas e Rui Pedro Dâmaso tratou de fazer a festa. Ou, neste caso, a FEST. Para ver e ouvir no Barreiro, já nos dias 5 e 6 de Outubro.

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Kaja Draskler – foto de Francesca Patella

DOIS DIAS

Foi muito consciente da nossa parte, por um lado termos estendido os concertos ao longo do dia e, por outro, reduzirmos o número de dias para dois. Sentimos, desde já há alguns anos, que o modelo se estava a tornar demasiado confortável. Era uma característica do Out.Fest ir a espaços diferentes, mas diferentes em cada dia de festival. Era um modelo que funcionava bem, mas interessava-nos trabalhá-lo de outra forma. Além disso tínhamos o desejo de tonar o festival mais presente no quotidiano do Barreiro. É interessante fazer-se em 4 noites e em 4 espaços diferentes, como acontecia até aqui, mas as pessoas dirigiam-se somente ao lugar dos concertos – ou seja, não interagiam com a cidade naquilo que ela tem de mais comum, mais corriqueiro. Este ano há a tentativa de aproximar o Out.Fest a esse lado. Nesta edição os concertos terão lugar no centro, que tem uma dinâmica muito própria. Aproxima-nos do “coração vivo” da cidade e desafia-nos enquanto organizadores. No fundo, temos de ser mais exploratórios nas dinâmicas que se estabelecem entre cidade – Out.Fest – e público. É um teste para nós, em termos organizativos, nas formas de trabalhar. Acabámos por reduzir o número de dias, mas aumentámos a intensidade. O que estamos a fazer no Sábado à tarde é transplantar o que temos feito nos últimos 3 anos na ADAO (Associação Desenvolvimento Artes e Ofícios) e estender o conceito a diferentes espaços da cidade. Além disso, nenhum sítio dista mais de 5 minutos a pé entre eles.

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Telectu – foto de Laís Pereira

O BARREIRO

É muito subjectivo o entendimento destas coisas, sobretudo para quem está envolvido na organização. Se se perguntar às pessoas que acompanham estes acontecimentos, é óbvio que vão responder que reconhecem a importância do mesmo na cidade. É nossa vontade chegar às pessoas que não têm tanta familiaridade com a vida cultural. Esta vontade de interagir com o centro e criar estas dinâmicas parte precisamente da vontade em tocar, em motivar essas pessoas. O público do festival encontra-se distribuído praticamente de uma forma equitativa, ou seja, 50% do Barreiro e 50% de pessoas que vêm de fora. Isto já é assim há uns anos. Trata-se de um desafio para nós, uma vez que é um festival que traz bandas que não dizem nada ao “público em geral”.

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Rafael Toral – foto de Nuno Martins

OS PROJECTOS OUT.FEST

A programação de um festival como o nosso está sempre dependente de muitas circunstâncias. Evidentemente de muito trabalho, mas de circunstâncias diversas. Este ano não se proporcionou fazer um trabalho mais continuado, como fizemos o ano passado com o Jonathan Uliel Saldanha com o grupo coral dos Trabalhadores da Autarquia do Barreiro, que foi muito exigente e durou meses antes de ser apresentado. Este ano decidimos interagir mais com a cidade física e não tanto com grupos de pessoas da cidade. Chegar a elas não através deste trabalho, mas preenchendo as ruas. Não quer dizer que não estejamos a trabalhar em processos parecidos aos que deram origem ao projecto do Jonathan, que correu extremamente bem e que é das coisas que mais orgulho nos dá. Como o preparámos, como foi apresentado, o público bastante heterogéneo que o foi ver. Ainda hoje é um marco.

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Fret, aka Mick Harris – foto @DR

OS MÚSICOS DO BARREIRO

Faz parte de um processo. As balizas que criámos não têm nada a ver com estilos ou com a etiqueta que se pode colocar, têm a ver com o valor e a personalidade que se antevê nos projectos. Provavelmente a programação do Spot da Juventude – Festas do Barreiro é um primeiro passo para nos aproximarmos de algumas comunidades, ou de elas se aproximarem de nós – que, de alguma forma, são um bocado periféricas, não só em termos geográficos mas também sociais. Um sinal dos tempos é que os miúdos que fazem música já não o fazem com bandas. Fazem sozinhos em casa, nos quartos, nos estúdios que têm, o que faz com que o processo de aproximação seja muito menos orgânico, muito menos fluido do que, por exemplo, quando há 15 anos em que nos encontrávamos na rua e cada um sabia o que andava a fazer. É um processo que vai acontecendo. Enquanto OUT.RA, temos uma programação ao longo do ano que permite incluir os projectos que têm origem no Barreiro. Mas, pelo menos nesta edição, temos um projecto exclusivamente barreirense – Opus Pistorum -, o que já não acontecia há alguns anos. Talvez seja um primeiro sinal mas não há quotas, tem de haver a percepção de valor, de percurso, de personalidade.

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HHY The Macumbas – foto de Mariana Vasconcelos

PROGRAMAR

É sempre uma luta todos os anos, a programação é feita por uma equipa de 4 pessoas. O processo é muito colegial. Não tem de haver uma unanimidade, mas há pelo menos uma maioria muito clara para cada nome que vem tocar. Todos os anos há sempre tensão, é inevitável, porque cada um de nós tem músicos que lhe dizem mais em particular e há-que argumentar no sentido de demonstrar a pertinência dos nomes que sugerimos. Se, por um lado, impossibilita que alguns nomes já tenham vindo tocar ao Out.Fest, o que pode tornar o processo algo frustrante, por outro lado é o que lhe dá força e coerência, o que possibilita a criação de um filtro. A forma como chegamos a esses entendimentos é que possibilita a coerência como um todo, assumindo que ela de facto está lá. Por outro lado, a diversidade parte de todos nós, não há propriamente o responsável pelo jazz, pela electrónica. Todos temos gostos muito multifacetados. Não temos intenção de trazer o que acabou de ser editado. Há espaço para tudo, sejam mais ou menos recentes. E falamos de músicos que raramente estão ultrapassados porque são tão desafiadores agora como eram há 30 ou 40 anos. Não faria sentido estar a excluir alguém só porque tem uma carreira mais ou menos longa, são músicas sem idade. Talvez já tenha havido o caso de termos programado não tanto pelo que faz hoje em dia mas mais pelo que já fez e pela importância que isso teve, mas tem sempre muito mais a ver com o desafiante que pode ser a música hoje como o foi na altura em que apareceu.

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Burnt Friedman e Mohammad Reza Mortazavi – @DR

A IDEIA DE LIBERDADE COMO ACTO POLÍTICO

A música tem sempre um cunho de intervenção social, embora acredite mais no papel que a música exerce ao nível da transformação pessoal. É evidente que há projectos em que a música e a mensagem são indissociáveis, e onde a mensagem, ela própria, tem uma força estética brutal. Falo em força estética e não em força social ou política, que são mais consequências dessa marca estética. Não procuramos projectos que tenham de ter per si uma carga vincadamente política. Se se dá o caso dessas dimensões andarem associadas de uma forma mais clara, óptimo, não há razão nenhuma para não programar o concerto. O contrário é que é verdade, ou seja, só deixaremos de trazer alguém ao Out.Fest quando a mensagem política for contrária aquilo que são os nossos ideias em geral. Ideias de liberdade, sobretudo. Mas, no fundo, fazer o Out.Fest é fazer um festival político, uma vez que se dá visibilidade a músicos que, em grande parte, não têm viabilidade comercial ou cuja viabilidade é uma quimera, pelo menos enquanto mais jovens. É música que não passa nas rádios, que não vende discos. Mas mesmo àqueles que sempre trabalharam nas franjas damos a possibilidade de tocarem. Não é isso também uma atitude política? Nós sempre tivemos estes músicos no festival. Não é uma atitude explícita, mas sempre foi uma atitude nossa.

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Linn da Quebrada – foto de Vitoria Porenca

OUT.FEST 2018, ABERTURA

A edição deste ano começa com Unearthing the Music. Foi um projecto que teve início em 2017, originalmente com o objectivo de se fazer um levantamento das músicas experimentais nos países da antiga Europa de Leste. O projecto tinha a duração de um ano que se concluiu com um conjunto de filmes, concertos e conferências apresentado no Goethe Institut de Lisboa. Entretanto, através do financiamento do programa Europa Criativa, houve a oportunidade de se aprofundar esta investigação por mais 2 anos. Nesta nova encarnação, digamos assim, para além de se avançar com a pesquisa de músicas, vídeos, entrevistas, pretende-se organizar concertos de artistas que ainda são relevantes e concertos que apresentam novas interpretações de determinadas peças. Achámos interessante que a nossa “primeira parte” das apresentações estivesse ligada ao Out.Fest para dar mais visibilidade a estes concertos (Anton Nikkilä e Vladimir Tarasov) e, também, ao projecto.

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Group A – foto de Euriver Hijano

O PROGRAMA, UMA LEITURA LIVRE

Sem destacar nenhum artista em particular, chamar a atenção para o facto de ser o primeiro concerto ao vivo da Nídia, que está a preparar um espectáculo com um trio de precursão e duas Mc’s. Vai ser um concerto da Nídia, algo que nunca aconteceu antes. Toda Matéria vai ter a sua terceira apresentação. Este projecto nasceu depois de uma exposição da Joana da Conceição no Porto, em que ela convida alguns músicos e performers a trabalharem o espaço através do som e do movimento. Ela repetiu este conceito, embora em moldes diferentes, há uns meses na ZDB. O que vai fazer na ADAO será muito mais site specific, na sala das colunas para o qual prepararam um aparato cénico especificamente para o momento. Tem uma componente coreográfica e cenográfica muito importante. group A é outro dos concertos que estou com muita curiosidade para ver. Não irão tocar em cima de uma plataforma como aconteceu nos Jardins Efémeros, isso é certo, mas são sempre concertos que nunca se repetem. Pelo menos vai ser intenso. O Ricardo Rocha, o Cândido Lima, Rafael Toral, na Biblioteca Municipal, foram escolhidos individualmente. Depois, a parte da arrumação, digamos assim, obedece muito mais a questões técnicas e pragmáticas do que propriamente em estarmos preocupados em fazer algum tipo de associação com este ou aquele emparelhamento. O cartaz é entendido, por nós, como um todo, e depois é uma questão de fazer acontecer no sitio em que é mais adequado para determinado músico. O Cândido Lima vai interpretar o Oceanos com base nalgumas fitas que ele usou para a composição original e utilizando o piano preparado. O Ricardo Rocha é um espécie de ovni. Ele vem do fado, toca guitarra portuguesa, mas a música dele é tudo menos fácil. É super complexa, intensa, intricada. E não é erro nenhum se dissermos que, depois do Carlos Paredes, é a pessoa que mais fez pela guitarra portuguesa, enquanto instrumento rico e cheio de complexidade, de uma beleza oblíqua. É um músico que, se fosse somente por nós, já teria vindo ao festival há muitos anos. Mas é um músico que tem uma relação muito particular com a música que faz e com a guitarra portuguesa, chegando a afirmar que “é uma cruz na vida dele”. O Rafael está tão ligado ao Out.Fest, tendo tocado pela primeira vez logo na 3ª edição. O Space Program foi sendo apresentado no festival quase de 3 em 3 anos. É brutal assistir a isso. Com formações diferentes, a mostrar facetas novas do trabalho e este ano é mais um momento especial. É o que o Rafael designa como pós Space. É a interpretação de um disco concreto que envolve projecções. Mas o Rafael para nós é como um herói, tal a forma como se encontra envolvido com o festival. Em relação ao Mick Harris, tivemos a oportunidade de ouvir o trabalho que ele lançou o ano passado. Ter no Out.Fest um gajo que foi dos Napalm Death e dos Extreme Noise Terror para nós tem um apelo brutal. Há um “facção” grande no Barreiro que cresceu a ouvir Death Metal e Grindcore. Quem programa o Out.Fest tem gostos multifacetados e é natural que o festival reflicta isso. Ou seja, há espaço para o Mick Harris ou mesmo para uns Napalm Death, se fosse essa a nossa intenção, como há para Linn da Quebrada, nos Penicheiros, um regresso no verdadeiro sentido, uma vez que após a primeira edição nunca mais voltámos a este espaço mítico do Barreiro. O encerramento dá-se no Baía Tejo, na confluência entre o centro e a zona industrial, uma zona que foi recentemente intervencionada em termos urbanísticos e que estica um pouco o centro para essa parte. Há também este simbolismo, esta abertura da cidade para uma nova área. Daí fazer todo o sentido fazer o clubbing do Out.Fest com o Jonh T. Gast e o Dj Lycox nesse espaço.

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DJ Lycox – foto de Marta Pina

Out.Fest
05 e 06 de Outubro | Barreiro
Mais info | www.outfest.pt

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Joao Castro

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