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Meo Kalorama 2024: os nossos destaques

Por Pedro Miguel Silva · Em 08/08/2024

Está quase aí o Meo Kalorama, o último dos festivais de verão que vale a pena espreitar (antes disso teremos Coura). Do extenso cartaz, escolhemos por aqui alguns destaques. Para ver e ouvir, entre 29 e 31 de Agosto, no alfacinha Parque da Bela Vista.

Loyle Carner traz-nos hip hop com pronúncia britânica e um certo toque de auto-ficção – num disco seu, tanto descobrimos a voz da sua mãe como a celebração de um golo da seleção inglesa, que vai adiando o sonho de trazer a taça de volta a casa. Tem sido um percurso feito de sinceridade e letras emotivas, de um miúdo que muitos pais e mães não se importariam de ter como genro. Depois de uma estreia em carner e osso no NOS Alive, o brit está de volta, sem carros desportivos, babes semi-vestidas ou colares com peso extra.

Conhecemo-la primeiro com os The Knife, banda que criou com o irmão Olof e que passeou por aí como um disco voador, incerto sobre se contactar a espécie humana seria coisa boa. Agora, na sua aventura como Fever Ray, convida-nos a visitar o Hotel Overlook, esperando que encontremos a saída antes que Jack Torrance apareça com um machado numa das mãos e baba a escorrer-lhe pelo queixo. Há por aqui música que vai do quarto à pista de dança, e que tanto pode fazer soprar um vento glacial como um romântico siroco. Esperem o inesperado.

Em Fevereiro de 2011, James Murphy anunciava o ponto final – e de exclamação – na carreira dos LCD Soundsystem, numa despedida gritada com antecipação aos quatro ventos e realizada, com muito alarido e estilo, no Nova-Iorquino Madison Square Garden. Quatro anos depois, e mesmo após dizer que depois dos 40 não queria viver a existência através de um LCD, Murphy voltava atrás com a palavra dada, supostamente por ter gravado uma tonelada de canções que pediam não um disco a solo mas a reunião do gangue. As opiniões dividiram-se: de um lado, aqueles que celebraram o dito por não dito antecipando o regresso da festa; do outro, os fãs indignados com este regresso com ar de descaramento, isto depois de uma despedida anunciada com um estardalhaço de todo o tamanho a que se seguiu o luto musical. Em boa hora o fez, e sortudos os que estiveram numa das três noites em que a banda tomou conta do Coliseu dos Recreios em 2018, celebrando o sonho americano debaixo de uma bola de espelhos. Vamos ter rock, pop e muita dança, numa festa servida por um melómano que, mesmo sem saber tocar um instrumento ou ter uma voz capaz de lhe valer um lugar no coro da igreja, decidiu um dia formar uma banda. Sorte a nossa.

Há um denominador comum entre os The Postal Service e os Death Cab for Cutie: Ben Gibbard, cantor, compositor e guitarrista americano. Nascido em Washington, Gibbard destacou-se no início dos anos 2000 com as letras introspectivas e o som emotivo do Death Cab for Cutie. “Transatlanticism”, disco de 2003, é uma obra maior no género indie rock, que teve um impacto cultural significativo. Paralelamente, Gibbard colaborava com o produtor Jimmy Tamborello nos The Postal Service, projecto que envolvia a troca de ideias musicais por correio eletrónico. O seu álbum de 2003, “Give Up”, contou com a participação de Jenny Lewis dos Rilo Kiley, influenciando toda uma geração de artistas indie electrónicos com as suas melodias baseadas em sintetizadores e letras pungentes. A tour de celebração do 20º aniversário da edição destes dois icónicos trabalhos vai passar pelo Kalorama, num concerto que pode ser visto como uma merecida homenagem.

Os britânicos English Teacher têm uma história que está perto do mito urbano. Conhecidos por serem fura-festas no seu tempo de estudantes – ou, pelo menos, de se darem com esta boa gente -, lançaram de forma independente vários singles, acabando por ter uma rápida e algo incomum ascensão, que culminou no recomendadíssimo longa-duração de estreia, “This Could Be Texas” (2024). Indie rock em estado exploratório, onde o punk é esculpido como um bloco de granito e a poesia é debitada com o embalo do baixo e guitarras em curto-circuito. Estamos em pulgas por este.

É uma daquelas bandas que, por detrás da sua formação, contam uma história capaz de servir de argumento a uma curta-metragem: quando ouviu “Electricity”, tema dos Orchestral Manoeuvres In The Dark, a rolar nas colunas do carro de seu pai, Richard Devaney teve uma epifania, concluindo que não fazia sentido ter uma banda se nela não incluísse um teclista que gostasse tanto de synth-pop quanto ele. Atirou com os The Static Jacks, a sua anterior banda de rock, às urtigas e, juntamente com o baixista Michael Sue-Poi, partiram para encontrar alguém que pudesse trazer o brilho indie dos anos 80 para um teclado. Aidan Noell entrou em cena e, desde 2016, os Nation of Language já nos ofereceram dois esmerados longas-duração – e um assim-assim -, recriando uma era que não experienciaram com um olhar contemporâneo. Deram show de bola no Primavera Sound do Porto em 2023, esperemos que voltem a fazer a festa no Kalorama.

Desde que haja um prato e discos por perto, David e Stephen Dewaele serão sempre os reis da festa. Desde 1995 que a dupla tem levado a música de dança para territórios novos e inovadores, seja no formato banda (Soulwax) ou como DJ`s (2manydjs). A juntar a isto, têm uma editora discográfica (DEEWEE), um sistema de som (Despacio) e até criaram uma aplicação e um site (Radio Soulwax). Em 2016, no NOS Alive, os Soulwax deram um concerto tremendo. Três baterias, dois teclados, guitarras eléctricas e uma generosa dose de imaginação – isto para lá do ar de banda filarmónica com uma indumentária combinada e em tons clássicos -, levaram ao rubro o Palco Heineken, que já fazia a festa como se o Euro tivesse terminado e a taça fosse nossa – acabou mesmo por ser. Esperem por uma boa dose de dance music in the making, servida por dois dos seus mais entusiasmantes praticantes. A festa promete, levem uns ténis confortáveis.

Se não tivesse optado por jogar à defesa no seu disco de estreia, muito provavelmente “My 21st Century Blues” estaria entre as melhores rodelas do ano civil de 2023. É certo que “Black Mascara.” e “Escapism.” valem por muitas canções, mas o disco de Raye soa a colagem de produções várias, com canções que partiram de uma má relação para pessoal para nos contar todas as histórias de todos os imbecis e parvalhões deste mundo – isso mesmo, no masculino. Músicas onde o sexo e a cocaína dão cartas, normalmente sem direito a finais felizes. Uma superestrela da música actual, que provavelmente dará o melhor concerto desta edição. Vai uma aposta?

Se os Yard Act tivessem cartões-de-visita, provavelmente diriam qualquer coisa como: “Pós-punk minimalista. Vendemos para fora”. Oriundos de Leeds, são formados por James Smith, Ryan Needham, Sam Shipstone e Jay Russell, e são um dos nomes mais excitantes do panorama indie actual. “Where`s My Utopia”, o mais recente longa-duração editado este ano, é o seu disco mais ambicioso – e o melhor -, que tanto nos serve uma canção com um embalo spaghetti western ou uma outra para entrar a pés juntos na pista de dança. Tudo carregado de conteúdo político-social, à boa moda punk. Promete muito encosto e carga de ombro.

Fabiana Palladino lançou o seu disco de estreia este ano, mas reza a história que já anda nisto há muito tempo, lançando canções próprias ao ritmo de um conta-gotas ou fazendo vocais para nomes tão respeitáveis quanto Jessie Ware ou Lara Groves. O disco homónimo é uma caixa de bombons de dois sabores – pop e r&b – e, depois de provado o primeiro, o mais provável é darmos por nós lambuzados de chocolate e de caixa vazia. Quem disse que os anos 1980 já eram?

Se ficaram de coração caído com o cancelamento do concerto de Tayla no NOS Alive, Moonchild Sanelly pode bem ser a vossa relação de conforto. Uma rapper que funde gqom e amapiano – géneros musicais da África do Sul – com outras influências, criando um estilo muito próprio como pode ser ouvido em “Phases”, sublime rodela de 2022 que passou ao lado de muito boa gente. Moonchild Sanely corre por fora, mas arrisca-se a ser o underdog que, no final, vai levar a taça para casa.

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Pedro Miguel Silva

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