É um grande programa para quem estiver para os lados de Coimbra. Esta noite, a Lugar Comum leva ao Salão Brazil duas das mais entusiasmantes artistas nacionais do momento: Sallim e Marinho. Ficam as muito elogiosas apresentações à boleia do press release.
Mais que uma editora, a lisboeta Cafetra Records é uma matiné juvenil, por vezes confessional, e logo depois eléctrica, na confluência do sarcasmo do Éme com as guitarras das Pega Monstro. Em 2016, por entre as suas fileiras, emergiu o álbum ‘Isula’, de Francisca Salema, que se deu a conhecer como Sallim.
É certo que nem todos deram por ela, mas aqueles que com as suas composições se cruzaram não lhe pouparam elogios, dando conta da sua escrita cuidada e do conforto da sua voz. À inevitável economia de meios, sobrevivia então uma promissora bedroom pop cantada em português.
Cerca de três anos volvidos, Sallim editou o seu segundo álbum. Apropriadamente intitulado ‘A Ver O Que Acontece’, aportou à sua autora uma maior exigência e envolvimento, contando com o precioso auxílio de Lourenço Crespo (Iguanas) e de Leonardo Bindilatti (produtor de ‘Isula’). O resultado é o apuramento melódico, a profusão de teclados e o advento de uma Primavera pop.
Quando passou por Coimbra, no âmbito do Festival InComum, Marinho trouxe consigo algumas das faixas que integrariam o seu primeiro álbum, simplesmente intitulado ‘~’ [Til], e logo ali, nas três actuações que protagonizou, a reacção do público deixou pistas seguras de que não passariam indiferentes aos demais.
Desde Julho que ‘Ghost Notes’, ‘Window Pain’ ou ‘Freckles’ cresceram na rádio e no palco, ao passo que a sua autora vem conquistando um consensual apreço por parte da crítica. Seja pela descomplicada depuração da escrita ou pela elegância da produção, motivos vários subsistem para que ‘~’ se afirme cada vez mais como um sólido primeiro passo no percurso de Marinho.
O apego à indie folk norte-americana, que nos transporta para paragens distantes, surge pleno de autenticidade, na certeza de que cada composição comporta um sincero e forte afecto por autoras como Joni Mitchell ou Martha Wainwright.
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