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Entrevista: The Loafing Heroes

Por Pedro Miguel Silva · Em 03/05/2016

Foram cerca de dois anos a trabalhar para uma dúzia de canções com alma e roupas de saltimbanco, que resultaram num disco intitulado “The Baron In The Trees” – título sacado a um livro do escritor Italo Calvino. O Deus Me Livro colocou algumas questões a Bartholomew Ryan, vocalista e guitarrista dos The Loafing Heroes, quando estamos a poucos dias – 6 de Maio – do lançamento da nova rodela no Musicbox.

Entrevista, Musicbox, The Barin Un The Trees, The Loafing Heroes, Deus Me Livro

Folk, world music, pop, há um pouco de muita coisa dentro deste “The Baron in the Trees”. Como definirias o estilo musical dos Loafing Heroes se tivesse mesmo de ser?

A sonoridade e o estilo musical da banda vão do folk irlandês e americano à música ambiente dos anos 70, do indie contemporâneo às canções dos trovadores.

Vocês parecem uma espécie de jogos sem fronteiras musicais. De que forma funciona o processo criativo à distância?

Algumas vezes tem mais nacionalidades (Portugal, Irlanda, Itália, Estados Unidos, Alemanha, Bulgária) do que membros efectivos! Somos três ou quatro que vivem em Lisboa e ensaiamos regularmente; a Jaime e a Judith, que moram em Berlim, juntam-se para concertos importantes e para gravar. Isto funciona porque elas são músicas virtuosas (violino e clarinete baixo) e conseguem adicionar as suas partes posteriormente. Por um lado, às vezes é difícil encontrarmo-nos todos para ensaiar, mas por outro lado a multi-nacionalidade é o que traz à banda influências e experiências diferentes e multifacetadas. O elemento essencial é o fluir constante de um conjunto de pessoas que, além de uma banda, pode ser considerado um projecto.

As letras estão povoadas de vagabundos, ciganos e saltimbancos, só faltam mesmo os piratas. Fascina-te este lado nómada e algo descomprometido perante a existência?

Sim, acho que é muito importante, especialmente hoje em dia em pleno século XXI: a época da informação,da tecnologia e de uma vida tão rápida. A ironia da nossa geração é que temos mais coisas e mais liberdade do que nunca, mas ao mesmo tempo não temos tempo para nada nem a capacidade de nos concentrarmos com calma sobre as coisas importantes da vida. Com este “The Baron in the Trees” – e cantando sobre vagabundos -, tentamos continuar com a tradição dos cavalheiros errantes, dos flâneurs e dos poetas do modernismo.

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Sendo escritor, o João Tordo não fica chateado por não ser ele a escrever as letras?

Ha ha! Não, porque é uma tarefa diferente. Escrever letras para canções e escrever romances são duas coisas muito diferentes. Não sou capaz de escrever romances, mas estou muito confortável em escrever canções e poesia. E também as letras da banda são quase todas (ainda) em inglês,  a minha língua materna. Acho que o João gosta muito de tocar o contrabaixo – e algumas vezes a guitarra – e criar música na banda em vez de escrever letras – é uma pausa saudável da vida de escritor e, também, uma outra maneira de criar.

De onde nascem as histórias dos Loafing Heroes, e onde é traçada a fronteira entre ficção e realidade?

As histórias e a inspiração vêm das nossas experiências de vida, das viagens em lugares reais e imaginários, e da nossa observação lateral do mundo. Também vêm das conversas criativas com poetas e filósofos do passado. Há muitas canções que se referem mesmo à realidade, como “God’s Spies” e “Nightsongs”, e outras que vêm de um universo de alegorias e símbolos, como “Gypsy Waltz” e “Loyal to Your Killer”. Mas estamos sempre a viver entre a ficção e a realidade: o sujeito e o humano são uma pluralidade.

Neste disco usas também múltiplos registos vocais, como se fosses vestindo a pele de cada personagem conferindo-lhe uma voz diferente. De onde vem esta mutabilidade vocal?

Ah, não sei… Não penso muito sobre isto. E gosto de não pensar muito sobre isto (para não perder a Musa). Canto como me sinto dentro de uma canção, e a maneira de cantar tem uma relação com as letras. No início as canções eram compridas e havia muito espaço para cantar com vozes diferentes e jogar com palavras. Depois, tornámos as canções de 10 minutos em canções de 3 ou 4 minutos, para chegar à essência. E agora há mais variedade também, porque Giulia canta na voz principal em duas canções no novo álbum, e também o resto da banda canta um bocadinho – então é mais divertido gravar discos!

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Como foi trabalhar com o produtor Tadklimp, e de que forma contribui este para aquele que é, muito provavelmente, o vosso melhor disco?

Foi fantástico. Para nós Tadklimp é o produtor perfeito para gravar um disco: é um grande músico e produtor, gosta muito das nossas canções e da nossa visão, tem muita paciência e é uma pessoa muito calma. Ele ajudou-nos nos arranjos das canções e, também, em torná-las mais sintéticas: o resultado é que o novo disco é mais focado. Tadklimp é uma espécie de Brian Eno (do qual gostamos muito), e contribuiu nos sons ambientes de algumas canções, que foram muito importantes para o som final do álbum.

O que nos podes contar sobre o concerto de apresentação do disco, que acontece a 6 de Maio no Musicbox?

Vai ser uma grande noite! Vamos tocar todas as canções do novo disco, que é um álbum orquestral e cheio de cores devido aos vários instrumentos presentes – tais como o piano, o violino, o clarinete baixo, contrabaixo e a concertina. Vamos cantar sobre os temas da morte, da vida errante, do amor perdido e da regeneração. A seguir ao concerto a Giulia vai passar música como DJ CatNoir. Normalmente ela toca (entre outros) no Clube Incógnito. Então, vai ser uma noite com nova música, amigos e danças.

Para terminar: por que raio decidiu o barão subir à árvore?

Ha! ha! Pois… Este romance é uma alegoria tão bonita contada pelo Italo Calvino. Subir ao cimo da árvore e abandonar a sociedade ‘normal’ é uma forma de subversão ou rebelião à nossa época, focada no materialismo e na rapidez das coisas. Adorámos este titulo para a nossa capa, pois representa a ideia e o estilo da banda. O protagonista (o barão) decide subir a uma árvore e nunca mais descer, para não ter de viver uma vida hipócrita com valores que não partilha. O barão mostra a possibilidade de viver uma vida singular e cheia de aventuras surpreendentes.

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Pedro Miguel Silva

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