“A música das Savages foi idealizada para funcionar como uma armadura. Quatro mulheres enfrentando o mundo, enfrentando a indústria, protegidas pelo seu som, indestrutíveis. E funcionou.”
As palavras são da austera vocalista das Savages, Jehnny Beth, (nome verdadeiro Camille Bérthomier), líder do quarteto londrino. E de facto a receita funciona: linhas de baixo assassinas, recicladas do caldeirão pós-punk dos anos 80, ecos de Siouxsie Sioux na voz e de Joy Division na sonoridade, e uma raiva sanguínea – atributos que fizeram de “Silence Yourself”, o primeiro álbum em nome próprio, editado em 2013, um clássico instantâneo.
A banda ganhou visibilidade com as apresentações ao vivo, muito por causa da vocalista: Jehnny Beth é uma frenética frontwoman em palco, uma sósia de Ian Curtis, andrógina e marcial. O baixo de Ayse Hassan, a guitarra de Gemma Thompson e a bateria de Fay Milton completam a máquina de guerra que são as Savages.
Em 2016 editaram o segundo álbum, “Adore Life”, colecção de canções sobre amor e luxúria, recebida com elogios por parte da crítica e do público. O punho erguido na capa não aparece ali por acaso: a atitude continua a ser de confronto, de desafio – “don’t let the fuckers get you down”, canta Jenny Beth em “Fuckers”. A energia destruidora de “The Answer”, plasmada no fabuloso videoclip (gravado em Lisboa) mostra bem de onde vem o culto: é ao vivo que as Savages se sentem em casa.
Em Portugal tocaram pela primeira vez no Porto, no NOS Primavera Sound, corria ainda o ano de 2013. Foi um caso de amor ao primeiro acorde – “Lembro-me da primeira vez que tocámos em Portugal” diz Jehnny Beth. “O público estava tão feliz, que eu pensei: o que hei-de fazer com tanto amor? – Não me sentia preparada.”
As Savages actuaram já por seis vezes em solo nacional, e preparam agora mais um regresso: tocam no NOS Alive a 7 de Julho, ainda à boleia do segundo álbum. Um concerto que se adivinha intenso e inesquecível.
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