Quando, com ainda 16 Primaveras, a neo-zelandesa Lorde lançou “Pure Heroine”, muitos foram os que disseram que a miúda se iria espalhar ao comprido no disco seguinte. Puro engano. Editado em 2017, “Melodrama” foi tão só um dos discos maiores de 2017, uma pop mainstream que ficou a anos-luz daquilo que se vai fazendo hoje em dia, um pouco como o lado negro de gente como Taylor Swift ou Katy Perry.
Nascida na cidade de Takapuna como Ella Yelich-O’Connor, Lorde bem cedo começou a fazer a sua cena musical, entre concursos de talento e uma cassete enviada pelo pai de um então companheiro de banda que acabou por cair nas graças da Universal, com quem acabou por assinar contrato.
“Love Club EP” surgiu no Soundcloud em 2012 e, no ano seguinte e depois dos muitos vivas recebidos, foi lançado em edição física. Um dos grandes motivos para que se tivesse feito a onda foi “Royals”, single que contou com a benção de gente tão insuspeita quanto Jack White ou Bruce Springsteen, e que acabou por ser incluído em “Pure Heroine”, disco lançado mais tarde nesse mesmo ano, que continha outras gemas como “Tennis Court” ou “Team”. Por esta altura o hype era tanto que Lorde acabou por ser convidada a integrar a banda sonora de “The Hunger Games”: Mockingjay, Pt. 1″, com o tema “Yellow Flicker Beat”.
Seguiram-se dois anos dedicados à composição do sempre complicado segundo disco, que começou a ser desvendado com o single “Green Light”. E a verdade é que “Melodrama” conseguiu a difícil proeza de superar “Pure Heroine”. Um pouco como o segundo Padrinho tinha superado o primeiro.
Ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com Marlon Williams ou os Noah and The Whale, que lançaram discos tremendos e de cortar os pulsos a partir de desgostos de amor, Lorde partiu de uma desilusão amorosa para compor um disco sobre o amor falhado e também a chatice da fama, onde com uma fina ironia, um sentido de humor (recém) pós-adolescente e o coração arranhado, fala de si e do mundo com muita transparência e uma familiaridade que reconhecemos, também, como a nossa. Imperdível, portanto, esta sua passagem pelo NOS Primavera Sound. Feel the party to my bones, meus putos.