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As rodelas de 2015: as escolhas de Pedro Miguel Silva

Por Pedro Miguel Silva · Em 22/12/2015

#10
New Order: “Music complete”

E eis que, ao nono longa-duração, os New Order renascem uma vez mais das cinzas. Agora sem Peter Hook a comandar na linha do baixo, a banda regressou à pista de dança aberta com “Republic” (1993) para gravar o seu melhor disco em duas décadas. Tom Rowlands, uma das caras-metade dos Chemical Brothers, foi convidado para produzir dois temas, mas o delírio químico estendeu-se a outras faixas. Passam por aqui Iggy Pop, Brandon Flowers ou Elly Jackson – aka La Roux -, e malhas como “Singularity”, “Tutti Frutti” ou “People on the High Line” são injecções de pura adrenalina. Tudo isto sem perder de vista o legado dos Joy Division. Há regressos que vêm por bem.

#9
Blur: “The Magic Whip”

Uma dúzia de anos após o seu último longa-duração, os Blur regressaram em alta com “The Magic Whip”, onde a essência e o passado da banda se fundiram às ideias que cada um dos membros da banda foi fermentando nas suas aventuras extra-conjugais. Um best of da melhor banda britânica com uns valentes pozinhos da sua passagem – ou estadia forçada – pelo Japão. De deixar os olhos – e sobretudo os ouvidos – em bico.

#8
Destroyer: “Poison Heart”

Depois de “Kaputt” (2011) as expectativas estavam em alta, mas Dan Bejar e companhia não desiludiram neste “Poison Heart”. Bem mais pop que o seu antecessor, este novo disco tem tudo aquilo a que os Destroyer já nos habituaram: letras opacas como uma janela que não é lavada há décadas, um grande abuso sónico e uma voz que conta – e encanta – em vez de cantar. Bem-vindos a Times Square.

#7
Courtney Barnett: “Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit”

Pegando num triunvirato – guitarra, baixo e bateria – que parecia estar condenado a outro tipo de companhias nos dias que correm, Courtney chega-se à frente com um disco de estreia que reinventa, de certa forma, o sonho rock nascido nos anos 90, que andava numa travessia deserta onde só se viam caixas de ritmos, teclados e se escutavam, como alucinações, refrões de estádio. Há laivos de Pavement, salpicos de Elastica, pozinhos de Nirvana mas, sobretudo, muitos truques de mágica de Barnett que, com uma guitarra que dança entre a subtileza e o puxar de cabelos, oferece um disco rock como há muito não se via, provavelmente desde que o grunge foi levado para a campa.

#6
Kurt Vile: “b’lieve i’m goin down”

Não tem grande voz para pedir fiado, mas a verdade é que Kurt Vile possui algo de mágico dentro de si. Neste “b`lieve i`m goin down” prenda-nos canções onde estão presentes muito charme, uma imaginação tremenda e, claro, o intenso perfume de substâncias psicotrópicas. Uma sessão de hipnose muito aconselhável.

#5
Jamie XX: “In Colour”

Em “In Colour” (Young Turks, 2015), a sua segunda aventura em nome próprio fora do magnético universo dos The XX, entramos num Delorean rumo a esse passado distante, numa homenagem sentida mas sem ponta de nostalgia a um tempo feito de música ouvida em armazéns, corpos suados, drogas tomadas em catadupa e raides policiais que acabavam, quase sempre, com a ficha a ser desligada à força da tomada – e gente a ser levada para as esquadras mais próximas. Um disco enorme que nos serve uma rave fora de horas, além de uma viagem de duas décadas pelos clubes dançantes de terras de Sua Majestade.

#4
Kendrick Lamar: “To Pimp a Butterfly”

Maníaco, desconcertante, ambicioso, inquieto, “To pimp a Butterfly” mistura géneros e influências musicais sem medo de cortar o fio errado e rebentar com o edifício onde habita a imaginação de Kendrick Lamar. Há laivos de funk, toneladas de jazz, borrifos de R&B, uma dose muito generosa de soul, um desejo manifesto de experimentação e, sobretudo, um regresso a muitas das boas raízes do Hip Hop. Quem é o rei? Kendrick “Kunta” Lamar, pois claro.

#3
Julia Holter: “Have You In My Wilderness”

Letras emocionais, carregadas de enigmas, numa música feita a escopo e martelo da qual resultaram 10 monumentos raros de pop etérea (aquilo que os Beach House fizeram antes de se perderem, algures, pelo caminho). De ambição desmedida, este é também o disco mais íntimo de Julia Holter, que oferece um requintado banquete aos cinco sentidos. Sublime.

#2
Tobias Jesso Jr.: “Goon”

Se Paul McCartney tivesse levado uma tampa de Linda no auge da sua paixão, provavelmente teria gravado um disco muito parecido a “Goon“, a estreia de Tobias Jesso Jr. no mundo dos longas-duração. Há pianos, guitarras e cordas – sobretudo de violinos -, num disco que, na sua aparente calma, esconde raízes bem enterradas no território folk/rock. Produzido por Chet “JR” White – dos extintos Girls -, Patrick Carney – umas das metades dos Black Keys -, John Collins – dos The New Pornographers – e Ariel Rechtshaid – uma espécie de produtor da moda -, quarteto que teve o mérito de não desvirtuar o classicismo, a simplicidade e a ternura que são palpáveis numa dúzia de canções, “Goon” é um disco que não pertence a qualquer tempo ou lugar e que conta histórias que, de tão pessoais, se transformam em hinos universais de solidão, perda e isolamento. É que, por muito que nos misturemos com o mundo, de certa forma estaremos sempre sozinhos.

#1
Sufjan Stevens: “Carrie & Lowell”

O grande Sufjan Stevens regressa às origens num disco onde caminha, sem qualquer rede para amparar a queda, numa corda suspensa num abismo de dores passadas. “Carrie & Lowell” é terapia musical, um disco que nasce a partir da morte da mãe de Sufjan em 2012, depois de morrer de cancro e de uma vida habitada pela esquizofrenia e pelo alcoolismo. Há muito banjo, uma guitarra acústica, algum piano e a voz encantatória de Sufjan Stevens, num disco que nos devolve a magia impressa em “Seven Swans” (2004). Mágoa, abandono, perdão, amor e, depois de tudo isto, um balde azul carregado de ouro que serve de recompensa a quem foi chorando neste arco-íris até encontrar a luz. Magnífico.

Os melhores de 2015

Pedro Miguel Silva

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1 Commentário

  • Carlos comentou: 22/12/2015 at 22:59

    Não percebi a referência a Beach House e à sua alegada perda algures. No máximo o que se poderia apontar seria uma não evolução – uma não ida além da pop etérea (a que, pessoalmente, não me oponho – Depression Cherry obteve umas quantas audições quase em loop da minha parte – mas reconheço que haja quem se oponha) acima referida.

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