É uma espécie de regresso comentado à infância, servindo-se do zodíaco chinês para nos dar conta da passagem do tempo. Assinado por Ai Weiwei – com Elettra Stamboulis e ilustrado por Gianluca Constantini -, “Zodíaco” (Objectiva, 2024) é composto por memórias gráficas deste artista chinês, que têm início no ano de 1967 na província de Xinjiang, próximo do deserto de Gobi.
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Nesta viagem pessoal, Ai Weiwei fala de livros proibidos (como os de William Blake) e livros únicos (Mao e Enver Hoxha eram obrigatórios); recorda os tempos em que viveu “numa cova escavada no deserto”, devido ao pai ter sido considerado um inimigo do partido; desmonta as armadilhas do poder; pára diante da porta da liberdade de expressão e pensamento – que deverá ser deixada aberta; recorda a saída da prisão e a entrada em prisão domiciliária, onde se viu confrontado com os medos de perder a compaixão pela humanidade e/ou perder a liberdade crítica.
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É um livro político onde Ai Weiwei, por entre lendas e histórias e recorrendo a muitas metáforas, se debruça sobre a escassez do tempo e a importância da memória, mas o balanço fragmentado e as ilustrações de traço sumido não tornam a sua leitura muito apelativa.
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