Na remota ilha de Finnbirn, a cada geração nascem rainhas trigémeas. Separadas desde muito tenra idade, cada uma recebe um dom. Nesta geração, Mirabela é uma elemental, com o poder de dominar os elementos da natureza: fogo, água, terra e ar movem-se ferozmente ao seu comando; Arsinoe é uma forte naturalista, com uma ligação mágica a plantas e animais; Katherine é uma envenenadora astuta, capaz de consumir guisados de toxinas mortais sem sequer uma pontada de dor de barriga.
Pelo menos devia ser assim, uma vez que, nesta geração, Mirabela parece ser a mais poderosa, e as suas duas irmãs têm poderes bastante pífios. Infelizmente, só uma delas poderá subir ao trono – segundo as cruéis regras da ilha, a Rainha vencedora será aquela que, aos 16 anos, consiga assassinar as suas duas irmãs.
“Três Coroas Negras” (Porto Editora, 2018), de Kendare Blake, é o livro inicial de uma série que nos Estados Unidos já vai no terceiro tomo e com assinalável sucesso (parece que há já um quarto volume a caminho). Pertence ao filão que os americanos chamam de Young Adult, género que produziu mega-êxitos como “The Hunger Games” ou “Divergent”. O livro parece apelar especialmente às meninas adolescentes – há amplas cenas de provas de vestidos e muitas passagens de romance e amor torturado. Mas há também ursos a esfacelar, escorpiões de escabeche e cobras como animais de estimação, uma face tenebrosa e violenta escondida por baixo das rendas e brocados.
A acção passa-se inicialmente em três cenários distintos, nomeadamente as cidades-berço dos envenenadores, naturalistas e elementais. A cada Rainha é dado um ponto de vista, com as suas atribulações e personagens secundários, alguns curiosos, outros um pouco genéricos.
No todo é uma história que busca influências nos contos de fadas para nos contar a luta pela emancipação destas três mulheres, com algumas intrigas e maquinações à sua volta.
Não é um livro perfeito, há partes em que parece que a história não progride, e há situações um pouco forçadas para encaixar nos moldes da fantasia. Mas há também cenas viscerais e emocionantes que compensam estes pequenos lapsos, e fazem com que o livro valha a pena.
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