Para quem não se recordava do grau de estranheza da série Tony Chu, o 11º e penúltimo volume, intitulado “Últimas Ceias” (G. Floy, 2019) trata de o relembrar ao leitor mais distraído. O arranque é feito do Além, onde a mana de Tony é agora dona de um céu onde, para começar, não há ressaca e não faltam os menáge à trois com Abraham Lincoln e Gengis Khan.
O espírito subversivo e as tácticas de guerrilha continuam em grande. Na Casa Branca, uma tradição que envolve ovos da Páscoa acaba com a entrada em cena da E.G.G., que defende que “o governo fascista dos EUA tem mentido ao longo de anos acerca da gripe das aves e subsequente proibição de frango“. Um protesto que termina com a chegada de Olive Chu, a mais poderosa dos únicos três cibopatas existentes no planeta, conseguindo desactivar o seu poder quando quer e capaz de absorver as memórias e habilidades do que consome com maior rapidez e eficiência.
Tony Chu está cada vez mais perto de resolver o mistério da gripe das aves que matou milhões de pessoas em todo o mundo, mas para isso terá de acertar agulhas com Mason Savoy, cibopata, ex-colega e mentor e que revela tendências homicidas consideráveis, isto desde que a sua mulher morreu também com a gripe.
Na companhia de Colby, o leitor caminhará muito devagar para não pisar ovos, conhecendo gente como Carlton Cardamom, um tipo capaz de ler qualquer ementa em qualquer idioma, assistindo à proclamação do Papa Tangelo IV, que professa que “o frango é a morte“, ou ouvindo a teoria que defende que a espécie de dinossauros que teria os mamíferos como sustento teria dominado o planeta se não fosse aquele meteorito – mas que algo no presente irá rectificar esse facto.
O final mereceria uma estrela Michelin da gastronomia alternativa, deixando os níveis de conspiração e o espírito Highlander no ponto máximo. Há ainda uma história bónus, uma espécie de noir rural onde os mortos teimam em voltar à vida. O gran finale, esse, está já nas livrarias (falaremos dele muito em breve por aqui).
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