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“Segunda Fundação” | Isaac Asimov

Por Pedro Miguel Silva · Em 06/10/2020

É um daqueles raros casos em que aquilo que se lê na capa não dá cabo das expectativas pré-leitura: o melhor livro de ficção científica de sempre. Escrita por Isaac Asimov, a série Fundação foi originalmente composta por um grupo de oito histórias que, entre Maio de 1942 e Janeiro de 1950, foram publicadas na revista Astounding Magazine. Uma história que, segundo o próprio, partiu da leitura de “Declínio e Queda do Império Romano”, de Edward Gibbon. Em 1951, a editora Gnome juntou as quatro primeiras histórias com uma quinta inédita, formando o primeiro livro: “Fundação”. As outras quatro histórias, reescritas, tornaram-se os livros “Fundação e Império” e “Segunda Fundação”, resultando numa trilogia que levou para casa o prémio HUGO para melhor série de ficção científica e fantasia, corria então o ano de 1966. Uma trilogia que, depois de uma longínqua edição pela saudosa colecção Argonauta Gigante, foi agora publicada com o selo da Saída de Emergência, que com “Segunda Fundação” (Saída de Emergência, 2020) encerra esta fascinante viagem pela Galáxia à boleia de Isaac Asimov, um dos mais influentes e geniais autores na área da ficção científica e da divulgação científica do século xx.

Como comprimido para a memória, “Segunda Fundação” trata de oferecer como entrada um fantástico prólogo, capaz de fazer também com que o leitor mais desprevenido se atire a este livro sem ler os anteriores. Um conselho: não o faça, esta é uma trilogia para ser lida por inteiro e a velocidade moderada, de modo a durar o máximo de anos-luz possíveis.

Criada pelo visionário e guardião Hari Seldon, a Fundação encontra-se agora em ruínas, destruída pelo poder do Mula, que “não era um homem para que se olhasse – para que se olhasse sem troça. Não mais de cinquenta e poucos quilos repartidos ao longo de um metro e setenta. Os membros eram hastes ossudas que sobressaíam da sua magreza esquelética numa angulosidade desprovida de graça. E o seu rosto magro era praticamente ofuscado pela proeminência do seu nariz, um bico carnudo que se estendia por uns bons dez centímetros”. Ainda assim, havia nascido com a capacidade de modelar as emoções dos homens e moldar as suas mentes, tendo conseguido fazer cair a Primeira Fundação, transformar os planos de Seldon em quase ruínas e ficar a centímetros de descobrir o lugar exacto onde estaria instalada a misteriosa Segunda Fundação, que de acordo com a lenda e o mito poderia conter a semente para um novo equilíbrio da Galáxia com a balança a pender para o lado da Fundação.

Segunda Fundação, Deus Ne Livro, Crítica, Deus Me Livro, Isaac AsimovDecidido a descobrir o paradeiro da Segunda Fundação, o Mula junta dois homens aparentemente incompatíveis para uma missão de reconhecimento: Hans Pritcher, “veterano astronauta e agente das Informações”, a quem o Mula soube domesticar a fazer dele o seu general de eleição; e Bill Chanis, um jovem bem relacionado e não-convertido pelo Mula, que achava que este que poderia lucrar com o seu intacto arranjo emocional. O objectivo do Mula, esse, permanece bem claro: vingar-se de uma humanidade da qual não fazia parte e de uma galáxia na qual não encaixava.

Em paralelo acompanhamos a história da jovem Arcadia Darell, de apenas 14 anos, na qual poderá residir a última esperança da Fundação, isto em vésperas de mais uma guerra com o moralizado Império. Com o plano original de Sheldon “vergado até ao ponto de fractura”, talvez a solução passe mesmo por deixar que o Mula encontre o caminho para a Segunda Fundação, correndo esta o risco da total aniquilação. Também aqui Asimov mostra uma capacidade de saltar gerações, criar histórias e inventar personagens marcantes, concluindo uma trilogia habitada pelo dinheiro e a política, o conhecimento e a liberdade, a religião e a guerra, num mundo estranhamente parecido com o nosso.

Durante as década de 60 e 70, Asimov adaptou as datas de todas as suas histórias – incluindo as datas da trilogia da fundação –, formando uma única narrativa cronológica de todo o universo de livros criado por ele. “Limites da Fundação” e “Fundação e Terra” vieram depois da mudança, trazendo já a ideia de uma colonização terráquea da galáxia em duas frentes: uma apenas com humanos, a segunda com robots. Espera-se agora que a Saída de Emergência assuma mais uma missão de serviço público e edite também estes dois volumes.

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Pedro Miguel Silva

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