No que diz respeito a policiais que vêm do frio, Jo Nesbo é, sem dúvida alguma – e mesmo com alguns trambolhões pelo caminho -, um dos autores obrigatórios para os amantes do género. Muito por culpa de Harry Hole, um detective com métodos de investigação pouco ortodoxos, uma sede alcóolica que parece ser insaciável e uma apetência para estragar tudo aquilo em que toca, sobretudo relações humanas. Uma série que, por esta altura, conta já com 11 títulos publicados, todos eles disponíveis em edição portuguesa pela D. Quixote.
Paralelamente a Harry Hole ou à série juvenil que tem o Doctor Proctor como protagonista – esta com edição nacional com o selo da Planeta -, Nesbo tem escrito outros livros soltos, como é o caso de “Sangue na Neve” (D. Quixote, 2018), um livro que se lê como um cruzamento entre o Philip Marlowe de Raymond Chandler – detective a quem Harry Hole arrancou pelo menos uma costela – e o “Sin City” de Frank Miller, pela carga violenta, o índice de ilegalidade e o amor algo tapado de que está revestido.
O protagonista dá pelo nome de Olav, um assassino a soldo que leva uma vida solitária e tranquila, num anonimato quase total. Alguém que vê a sua rotina abalada quando é contratado, pelo seu chefe, para matar Corina Hoffmann, a mulher deste. Decidindo vestir a pele e a armadura de um cavaleiro andante, Olav decide antes proteger a dama em apuros, procurando, junto do Pescador – um concorrente do seu chefe no mercado da heroína -, um apoio para matar o chefe e sair com a dama debaixo do braço.
Ainda que a certa altura o desfecho comece a ganhar forma na cabeça do leitor, este acabará por ser surpreendido por Nesbo, um dos escritores que guarda sempre algumas cartas na manga que só aterram na mesa nas últimas páginas.
Sem Comentários