E eis que, ao nono volume de Saga (G. Floy, 2019), somos prendados com o mais violento e inesperado capítulo, um daqueles que tornaria George R.R. Martin, o tipo que escreveu e depois se marimbou para a versão literária da Guerra dos Tronos, muito orgulhoso.
Tudo começa com Ianthe e o seu escravo Bill à procura de Marko e do seu “bando”, à boleia da pista de dois jornalistas gay que procuram o furo do século. A dinâmica familiar compensa o medo, como nos conta a pequena narradora: “Porque enquanto os nossos inimigos se aproximavam, nós tínhamo-nos tornado mais próximos. Como família, e também dos nossos novos companheiros que se tinham juntado a nós pelo caminho”.
Certos de que poderão levar a água ao seu moinho, os jornalistas prometem a Marko e Alana, em troca de uma entrevista de primeira página e as boas das centrais, identidades novas, com origem num encantamento antigo que lhes permitirá ficar com corpos completamente novos e irreconhecíveis.
Quanto a Robot, parece bem mais propenso a obter uma identidade nova, certo de que tem entre mãos “provas irrefutáveis de conluio militar entre os dois mais formidáveis super-poderes do universo”, o que lhe permitirá ter uma nova vida onde a cabeça seja mais do que um ecrã televisivo.
Num volume que oferece um olhar sobre a imprensa, dita livre ou movida à força de fake news, e aquilo que representa a identidade e a marca de cada um, somos presenteados com uma carnificina de todo o tamanho, bem como com máximas tão cool como estas: “Sem antecipação, a vida pode sr confortável, mas nunca é excitante” ou “A satisfação imediata de desejos é para chatos e idiotas”.
Confirmando tratar-se de uma das melhores séries da actualidade, uma que já levou para casa uma dúzia de Prémios Eisner, este nono volume de Saga é uma verdadeira facada no coração do leitor, que dificilmente conseguirá abandonar o estado de choque até que lhe chegue às mãos o 10º volume.
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