Os economistas são péssimos contadores de histórias, e talvez seja por isso que muitos de nós, comuns mortais, entendemos patavina de ciência económica. Decidido a contar a história da economia através do negócio da música, Alan B. Krueger pegou no bloco de notas e foi falar com artistas e empresários da indústria musical. Isto porque, segundo o autor, “a melhor forma de aprendermos não é com princípios abstractos ou equações, mas sim com histórias”. O resultado foi o livro “Rockonomics” (Temas e Debates, 2020) – ou, como o sub-título indica, o que a indústria da música nos pode ensinar sobre economia e sobre a vida.
A música é uma força poderosa e omnipresente: seja em casa, no metro, supermercado ou em eventos, tem a capacidade de gerar emoções positivas, o que explica a sua ubiquidade. Enquanto produto, a arte musical (gravada ou ao vivo) está cada vez mais acessível aos consumidores. Do ponto de vista do mercado, “a música é um dos melhores negócios que a sociedade humana já teve — e vai melhorando a cada dia”. Passando pelo vinil, cassetes, MP3, CDs e terminando com o advento dos serviços de streaming, a investigação de Alan B. Krueger conclui que há, de facto, bons motivos para estar optimista quanto ao futuro da música, apesar do risco e incerteza constantes para as editoras e artistas independentes.
Na base de “Rockonomics” estão conversas, histórias de bastidores e uma minuciosa análise de dados estatísticos sobre a indústria da música nos Estados Unidos da América e no mundo. Embora não se iniba de usar termos como a segmentação de mercado, distribuição de lei de potências, vantagem cumulativa e economia de aglomeração, o autor ajuda-nos a perceber, na prática, o que determina o sucesso ou o fracasso de um artista, quem lucra com os direitos de autor, porque é que Taylor Swift atrasa a venda de bilhetes dos seus concertos, o que é que Kanye West ganha em abrir lojas pop-up e, finalmente, porque é que Bruce Springsteen está constantemente em digressão, enquanto que Drake nem precisa de sair do estúdio.
No cômputo geral, Krueger oferece-nos mais do que aquilo que se propõe fazer em “Rockonomics” — apontar para o negócio da música como metáfora para a economia americana. Muito para além de ser uma colectânea de curiosidades sobre ícones do universo da música (Beatles, Elton John, Gloria Estefan, Quincy Jones, entre muitos outros), o livro proporciona aos leitores uma perspectiva única sobre o ecossistema musical e as relações simbióticas entre músicos, produtores, executivos, fabricantes de merchandise e até vendedores de equipamentos informáticos.
Independentemente dos eternos desafios e inovações tecnológicas, “Rockonomics” confirma que o modelo de negócio da música foi feito para durar e será essa uma das razões pelas quais, conforme profetizou Neil Young, “o rock and roll nunca vai morrer”.
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