Está longe de ser um mito urbano a ideia de que a malta jovem, pelo menos em Portugal, acaba por desenvolver uma forte alergia à matemática, e a tudo o que tenha a ver com fórmulas, sólidos, raízes quadradas ou formas.
Pois bem, como é de pequenino que o pepino deve ser torcido, (pelo menos ) o gosto pelas formas poderá ser criado desde tenra idade através da Trilogia das Formas, assinada pela incrível dupla Mac Barnett (texto) e Jon Klassen (ilustrações). Depois do “Triângulo“, chega agora a vez do “Quadrado” (Orfeu Negro, 2018).
Barnett e Klassen começam por nos conduzir à gruta secreta do Quadrado, lugar de onde este retira, a cada um dos dias, um bloco de pedra – quadrado, claro -, transportando-o para um outro lugar para, aparentemente, fazer um monte exactamente igual ao anterior mas ao ar livre – há que ocupar o dia, não importa como.
A Círculo, que não anda…flutua, olha para aquele monte e chama-o de escultor, um nobre ofício que o Quadrado desconhece. E, para complicar ainda mais as coisas, pede-lhe que faça uma escultura parecida consigo. A missão parece estar apenas ao alcance de um Tom Cruise rectangular mas, como em tempos disseram os U2 numa canção, a arte “moves in mysterious ways”, e o amor pode assumir várias formas.
Jon Klassen é um mestre, servindo qualquer coisa como um western geométrico, a que não falta um toque do último livro da saga Harry Potter – a escultura à chuva, por exemplo, chega perto do paraíso da ilustração. Falta agora o livro da forma mais redonda para que a trilogia feche em grande.
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