Fotógrafa, food stylist e blogger. É muito provavelmente isto que poderemos encontrar no cartão-de-visita de Mónica Pinto, autora e editora do muito recomendado blogue “Pratos & Travessas” (Bertrand, 2016), reconhecido fora de portas – em 2012 – com duas nomeações para os prémios BFBA (prémios dos melhores blogues de comida) da revista americana Saveur, nas categorias de Melhor Fotografia e Melhor Foto Única de Comida. A partir desse momento, o seu trabalho passou a ser feito para o mundo inteiro, com a publicação de fotografias e receitas da sua autoria em todos os cantos do planeta.
Nas primeiras páginas do livro editado agora pela Bertrand, ficamos a saber que Mónica estudou arte e design, aproveitando as horas livres para fazer “cursos por fascículos de desenho e pintura.” E que, graças à cozinha da avó Tina, “os clássicos da pintura começaram a coabitar alegremente e sem snobismo com os clássicos da boa mesa.”
Mas foi só quando os seus catraios chegaram à idade adulta que o gostou pela comida voltou em força, estávamos então em 2008. O blog tornou-se uma espécie de “caderno de cozinha“, que continha “as minhas receitas preferidas, textos e notas sobre a nossa vida, viagens e experiência“, acabando de servir também como portefólio.
A viagem pela cozinha de Mónica Pinto começa desde logo com o capítulo Como usar este livro, que oferece notas e dicas para que a cozinha funcione como uma base bem apetrechada e pronta a criar quando a ocasião assim o exige, um lugar onde não poderá faltar um azulejo que diga qualquer coisa como isto: cozinhar é alquimia.
Para além de conselhos muito úteis, o livro mostra o que o cozinheiro que se esconde em cada leitor deve ter na dispensa, no frigorífico e, especialmente, os ingredientes que devem estar à mão no que toca à confecção de bolos e doces. Há conselhos sobre as melhores ervas aromáticas e os melhores locais para as guardar, numa edição com capítulos bem arrumados e muito sugestivos: pequeno-almoço e brunch; os jantares da semana; à mesa com os amigos; almoço de domingo; piquenique de primavera; dias de verão; bolos de festa.
Quem passar os olhos por este livro lembrar-se-á, desde logo, da velha expressão os olhos também comem. Há aqui receitas de se lhe tirar o chapéu, um cuidado gráfico exemplar e fotografias incríveis, que fazem desta uma das grandes edições gastronómicas de 2016. E, se os olhos também comem, a verdade é que a barriga agradece que a leitura seja levada à prática em pratos e travessas. Um verdadeiro mimo.
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