Depois do festim que foi o oitavo volume, com muitas mortes e ainda mais surpresas à mistura, “Platinum End 9” (Devir, 2021) aproveita para respirar fundo e, com cerca de metade dos anjos vivos e em tempo de concílio, faz aquela pergunta em que todos estamos a pensar: “Há mais algum candidato disposto a matar os outros para se tornar Deus?”. E, não menos importante, será que os candidatos que restam têm mesmo esse desejo imperioso de serem deuses?
Enquanto no Instagram se vai discutindo acesamente sobre flechas encarnadas, Yuito Susumu, um aluno do 6º ano e candidato a Deus, entra em directo numa emissão televisiva. Foi Yuito que transmitiu o vídeo da derrota de Metrópolis e, depois de jurar que é incapaz de mentir, explica todo o processo aos espectadores numa espécie de Deuses para Totós, atirando pelo caminho tiradas como esta: “Até com a minha idade sei que os políticos são todos estúpidos”.
A escolha dos candidatos a Deus parece ter recaído entre os solitários e aqueles com tendência para o suicídio, e Susumu decide falar um pouco de tudo, explicando que as flechas encarnadas têm o poder do Cupido e as flechas brancas o poder da foice – Metrópolis despachou quatro candidatos com estas últimas. A ideia de Susumu é transformar a coisa num reality show, cabendo ao público ficaratento aos candidatos e escolher quem será o próximo Deus. Quanto a ele, desiste do processo e escolhe apoiar o Guerreiro Vermelho, o que faz com que o anonimato comece a parecer uma coisa impossível para quem está ainda na corrida.
Com a polícia ao barulho e o público ao rubro, muitos países procuram também o seu candidato, atentos sobretudo a quem ficou rico de repente ou ganhou uma ponta de velocidade extra que não tinha, uma vez que um Deus privado poderá ser uma arma letal, usada em vez das armas nucleares. Um volume que encerra com um resumo soberbo feito em balões, e que deixa no ar uma pergunta para queijo: poderão as flechas encarnadas ter outro uso?
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