E se o governo o enviasse para a Periferia sem motivo aparente? Neste romance de estreia de Catarina Costa, vencedor do Prémio Nacional de Literatura Lions de Portugal 2022, é-nos contada a história de uma mulher que se esconde entre as ruas da sua cidade, fugindo com medo de ser enviada para uma terra da qual nada se sabe.
Em “Periferia” (Guerra & Paz, 2022), acompanhamos a vida solitária desta mulher que está entre aqueles que são designados por Pacientes, os descendentes das cobaias da Experiência – um evento ocorrido na história que fez com que os Pacientes passassem a ser diferentes dos demais (embora não se saiba exactamente no quê).
A dado momento, o regime decide que os Pacientes terão de ir para a Periferia, um local afastado da cidade que ninguém conhece. Alguns recusam-se a tal, passando a viver escondidos entre a sociedade. O facto de se viver numa comunidade extremamente autoritária e “púdica”, onde todos usam um véu e só o tiram (e rapidamente) para comer, faz com que passar despercebido se torne mais fácil.
Escondendo-se de noite em casa de uma senhora idosa, a protagonista passa os dias a vaguear entre a multidão, fingindo que tem um lugar a alcançar. Até ao dia em que a senhora que lhe dá guarida adoece gravemente, obrigando-a a partir em busca de um outro e incerto destino.
Uma distopia que arranca de forma algo lenta (por vezes um pouco repetitiva), e que descreve o dia a dia de uma protagonista que tenta transformar-se num “fantasma”, numa sociedade opressiva onde um pequeno passo em falso poderá selar o seu destino para sempre.
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