Num dia em que sai de casa com a mãe para ir ter com o avô, mergulhando na vida de uma cidade em ebulição e sem grande tempo para cumprimentos, uma menina deixa o seu ursinho no comboio, e nem um muito parecido que o avô lhe dá antes de ir dormir – que pertenceu em tempos à mãe da pequena – consegue preencher o enorme vazio.
Nessa noite, a menina sonha e interroga-se sobre se existirá “um lugar mágico onde todas as coisas perdidas vão parar”, e quando fala disso ao avô na manhã seguinte, este lembra-se de que talvez esse lugar exista mesmo.
“Perdidos e Achados” (Orfeu Negro, 2020) levará o pequeno – e sobretudo o grande – leitor a fazer um exercício de todas as perdas materiais que já viveu, ou de coisas que emprestou sem nunca ter assistido ao seu regresso. Um livro que, num outro plano, apela ao resgate da memória: ao que, de alguma forma, se deixou esquecido numa qualquer carruagem de comboio.
As ilustrações apontam à vertigem, ao espírito de Onde Está o Wally?, sobretudo quando somos levados a uma feira de quinquilharia onde reina, para lá do triunfo da cor, o espírito da organização e da boa arrumação.
Emily Rand estudou Ilustração e trabalhou como educadora de arte em diversas escolas e galerias londrinas, o que a inspirou a criar livros para crianças. Em 2012, o seu trabalho foi seleccionado para a Exposição Internacional da Feira do Livro de Bolonha e, desde então, tem publicado vários livros nas editoras Tate Publishing e Thames & Hudson.
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