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Peaky Blinders, Carl Chinn, Deus Me Livro, Crítica, Editorial Presença
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“Peaky Blinders” | Carl Chinn

Por Pedro Miguel Silva · Em 26/01/2021

“Ao contrário dos peaky blinders dramatizados na série, não se vestiam com elegância, não tinham charme nem nenhum sentido de honra e não eram respeitados pela classe operária de Birmingham, a qual ficou profundamente aliviado quando o reinado dos peaky blinders terminou.”

As palavras são de Carl Chinn, historiador, escritor e comentador de rádio, que passou décadas a investigar a história verdadeira dos agora ainda mais famosos peaky blinders, correndo atrás de uma história familiar. Edward Derrick, o seu bisavô materno, foi um peaky blinder, apresentado por Carl desta forma simpática: “Batia na mulher, era um ladrão, um perdulário e um rufião violento – o típico peaky blinder”.

“Peaky Blinders” (Editorial Presença, 2020), que apresenta como subtítulo A Verdadeira História dos Gangues Mais Famosos de Birmingham é, desde logo, um livro que põe algum travão a alguma glorificação promovida pela série exibida pela Netflix, pelo menos para quem julgava que estes meninos eram só boa gente, vestindo fatos de marca sempre muito bem engomados.

Falamos do gangue que dominava a zona de Small Heath em Birmingham, no rescaldo imediato da primeira grande guerra. O nome, esse, divide-se entre a lenda urbana e os rumores e factos históricos: se, por um lado, circula a história de que o nome provém das lâminas de barbear descartáveis que os seus membros coziam nas palas dos bonés, e que numa luta poderiam ser arrancadas rapidamente para golpear as testas dos inimigos e cegá-los momentaneamente com o sangue que escorria do ferimento, por outro há a defesa de que o nome talvez não seja assim tão rebuscado, devendo-se antes ao hábito de colocar a pala do boné de lado, tapando assim quase completamente os olhos.

Na realidade, de acordo com Carl Chinn, existiam diversos gangues de peaky blinders em Birmingham, que floresceram antes da Primeira Guerra Mundial. Não eram, porém, gangsters com grande glamour ou dotados de um grande poder, mas antes rufias oriundos dos bairros periféricos da cidade, arraia miúda que habitava naquela que, então, era considerada “a cidade mais bem governada do mundo” – e também um dos lugares mais perigosos da Grã-Bretanha.

Peaky Blinders, Carl Chinn, Deus Me Livro, Crítica, Editorial PresençaEstes gangues de sloggers – outro nome para peaky blinders – terão nascido após a polícia, sujeita a uma forte pressão por parte da classe média, ter proibido os desportos violentos e os jogos de apostas praticados pelos jovens nas ruas das zonas mais pobres da cidade. O seu desaparecimento haveria de ocorrer por volta de 1914, muito por culpa do vigoroso policiamento iniciado pelo chefe da polícia de Birmingham, de seu nome Charles Haughton Rafter. A partir de então, os peaky blinders transformaram-se em bichos papões, uma lenda do folclore convocada para meter as crianças na ordem.

Uma edição com o selo da Presença que apresenta, para além de uma diversidade de fontes originais e uma extensa biografia, fotografias e entrevistas com parentes dos gangsters, o que faz deste livro um documento histórico. Enquanto não chega a nova temporada ao pequeno ecrã, nada como vestir o melhor fato de três peças e percorrer as ruas de Birmingham ao lado destes rufias.

Carl ChinnCríticaDeus Me LivroEditorial PresençaPeaky Blinders

Pedro Miguel Silva

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